Será sempre em praças sem liberdade,
em jardins sem flores,
debaixo do céu sem estrelas,
à beira de córregos por onde escoa a merda,
que devemos armar nossa poesia.
Plínio Marcos, conto “Sempre em frente”
A Escola da Noite e a Quinta Parede estreiam esta quinta-feira, em co-produção, “O Homem do Caminho”, de Plínio Marcos, com encenação de José Caldas. A peça é uma parábola que celebra a liberdade de expressão e apela ao desassossego e à inquietação, contra a paz podre dos “homens-pregos”.
Faça-nos companhia!
Escrito originalmente sob a forma de conto, em 1987, e posteriormente adaptado para monólogo, o texto é inspirado pelo universo circense e pela cultura cigana, com os quais Plínio conviveu de perto no início da sua carreira, nos seus tempos de palhaço Frajola.
Iur – a personagem única da peça – é um dos homens do caminho: anda sem termo, não teme fazer frente ao mistério e conta-nos esta história na primeira pessoa. Tem três nomes, um dos quais é desconhecido pelo próprio Iur. Essa condição é uma forma de enganar a morte: quando chegar a sua vez, ele não vai escutar o chamamento. Declara que um saltimbanco reúne três grandes artes: contar histórias, ser mestre de enganos e o sexo. Estas artes nómadas são apresentadas como um acto de libertação dos seus públicos – os homens “fixos”, associados a uma vida rígida, burocrática e repressiva, movidos pela posse e pela ganância; e as mulheres, contidas, silenciosas e presas às vidas “secas”, ao lado dos “homens-pregos”.
As histórias de Iur, que neste espectáculo são desdobradas nas várias vozes das suas personagens, oferecem uma reflexão sobre poder, egoísmo, manipulação, luta de classes e o sentido da existência humana, no limbo entre a liberdade e as amarras que a condicionam ou oprimem. No “Português amplo” que caracteriza a sua escrita (e que serviu de argumento para reiteradas proibições às mãos da censura brasileira), Plínio Marcos denuncia ainda os preconceitos e as discriminações que marcam a vida em sociedade, em particular sobre as mulheres e sobre grupos minoritários.
TRÊS SEMANAS, DE QUARTA A DOMINGO
O espectáculo é a terceira peça de Plínio Marcos apresentada pel’A Escola da Noite e conta com a adaptação e a encenação de José Caldas (que em 1998 dirigiu “A Serpente”, de Nelson Rodrigues). A interpretação está a cargo de Allex Miranda, do próprio José Caldas e ainda de Juliana Roseiro. O encenador partilha as autorias do espaço cénico (com Ana Rosa Assunção, responsável pelos figurinos), da música (com Allex Miranda) e do desenho de luz (com Danilo Pinto).
Com estreia marcada para a próxima quinta-feira, dia 1 de Junho, “O Homem do Caminho”, co-produção entre A Escola da Noite e a Quinta Parede, estará em cena no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, até 18 de Junho, com sessões às quartas e quintas-feiras (19h00), às sextas e sábados (21h30) e aos domingos (16h00). É recomendado para maiores de 16 anos e tem a duração de 60 minutos.
Os bilhetes podem ser reservados pelos contactos habituais do TCSB (239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt) ou comprados através da ticketline. O preço da entrada é 10 Euros, sendo aplicável o desconto de meio bilhete a menores de 30 e a maiores de 65 anos, estudantes, desempregados/as, profissionais e amadores/as de teatro e às quintas-feiras (preço único).
Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo
1 a 18 de Junho de 2023
quartas e quintas-feiras, 19h00
sextas-feiras e sábados, 21h30
domingos, 16h00
texto Plínio Marcos
adaptação e encenação José Caldas
interpretação Allex Miranda, José Caldas, Juliana Roseiro
espaço cénico Ana Rosa Assunção, José Caldas
música Allex Miranda, José Caldas
figurinos Ana Rosa Assunção
luz Danilo Pinto, José Caldas
montagem Danilo Pinto, Diogo Lobo, Eduardo Pinto, Rui Valente, Zé Diogo
execução de adereços Elsa Rajado, José Caldas, Joshua G. Ford
direcção de cena Juliana Roseiro
> M/16 > 60 min > 5 a 10€
Bilhetes à venda no TCSB, na TicketLine e nos locais habituais
Informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt