O Grande Incêndio, de Roland Schimmelpfennig

A Escola da Noite e a companhia Sarabela Teatro, de Ourense (Galiza), apresentam em co-produção o espectáculo “O Grande Incêndio”, do dramaturgo alemão Roland Schimmelpfennig.
Com encenação de Ánxeles Cuña Bóveda e uma equipa luso-galega, a nova criação destes dois grupos tem estreia marcada para 29 de Maio, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.

“O Grande Incêndio”, fotografia de ensaio © Eduardo Pinto

“O Grande Incêndio” é uma fábula moderna sobre duas vilas situadas num vale, junto a um riacho e separadas por uma ponte. De um lado do riacho crescem vinhas e do outro pastam bois, vacas, cavalos e ovelhas. De súbito, ocorrem diferentes eventos naturais – uma seca, inundações, uma estranha febre contagiosa, um grande incêndio – que afectam apenas uma das povoações, enquanto a outra entra num período de prosperidade económica. Perante as catástrofes ambientais, cresce a desigualdade e aumenta a distância física e emocional entre as vilas irmãs, levando à destruição dos laços comunitários que as uniam.

Ánxeles Cuña Bóveda, encenadora da peça e profunda conhecedora da obra de Schimmelpfennig, encontra em “O Grande Incêndio” uma “aguda crítica social do mundo e do seu funcionamento na actualidade”. O texto fala-nos da forma como “alterações climáticas de grande magnitude têm consequências desastrosas para as pessoas afectadas”. De uma forma poética, a peça descreve-nos “como os amigos se convertem em inimigos, como os desastres naturais dividem o mundo em ricos e pobres e como aparecem as injustiças que enformam a vida das pessoas”.

“O Grande Incêndio”, fotografia de ensaio © Eduardo Pinto

TEATRO | ESTREIA
O Grande Incêndio
de Roland Schimmelpfennig
enc. Ánxeles Cuña Bóveda
A ESCOLA DA NOITE / SARABELA TEATRO
29 de Maio a 15 de Junho
quinta, 19h00
sexta e sábado, 21h30
domingo, 16h00
> M/14 > 100 min > 5 a 10€

sessões com interpretação em LGP
8 e 13 de Junho
domingo, 16h00 e sexta, 21h30

Informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / bilheteira@aescoladanoite.pt
Bilheteira online

O Grande Incêndio (Das große Feuer)
de Roland Schimmelpfennig
(© S. Fischer Verlag GmbH, Frankfurt am Main, Germany)

encenação e dramaturgia Ánxeles Cuña Bóveda 
interpretação Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Maria Quintelas, Miguel Magalhães e Ricardo Kalash 
tradução António Sousa Ribeiro cenografia Cristian Andrade e Iris Branco desenho de luz Baltasar Patiño direcção musical e música original Vadim Yukhnevich coreografia Rut Balbís máscaras e bonecos Iris Branco figurinos Ana Rosa Assunção vídeo Iris Branco assistência de encenação Zé Paredes cabelos Carlos Gago voz-off Zé Paredes

direcção técnica e de montagem Rui Valente operação técnica Danilo Pinto, Diogo Lobo e Zé Diogo montagem Danilo Pinto, Diogo Lobo, Rui Valente e Zé Diogo execução de cenografia Carpintaria Joaquim Costa Sousa, Lda., Serralharia do Convento, Lda., Danilo Pinto, Diogo Lobo, Rui Valente e Zé Diogo execução de figurinos Alda Clemente e Maria do Céu Simões direcção de cena Miguel Magalhães e Zé Paredes

imagem Ana Rosa Assunção e Eduardo Pinto fotografia Eduardo Pinto e Mariana Banaco comunicação Eduardo Pinto, Mariana Banaco e Pedro Rodrigues produção Eduardo Pinto, Juliana Roseiro e Mariana Banaco interpretação em Língua Gestual Portuguesa Andreia Rodrigues, Jéssica Ferreira e Joana Sousa limpeza e bar no TCSB Cláudia Natividade assistentes de sala no TCSB Ana Marques, Ândria do Ó, Bruna Marques, Carolina Rocha, Cláudia Morais, Maria Dias, Nilce Carvalho e Patrícia Mendonça

fragmentos musicais interpretados ao vivo “Aí ven o maio” (música Luis Emilio Batallán, letra Manuel Curros Enríquez); “La Prima vez” (música tradicional renascentista sefardita); “Nadal de Luintra” (música tradicional galega)

apoio para a tradução Goethe-Institut Lisboa
agradecimentos Casa da Esquina, Cena Lusófona e Margarida Mendes Silva

co-produção A Escola da Noite e Sarabela Teatro 2025

equipa “O Grande Incêndio” © Mariana Banaco

Uma grande equipa
Apresentada em português com a tradução de António Sousa Ribeiro (feita propositadamente para este espectáculo, com o apoio do Goethe-Institut Lisboa), a co-produção luso-galega conta com uma extensa e reconhecida equipa criativa, com artistas dos dois países. Sob a direcção de Ánxeles Cuña Bóveda, directora artística do Sarabela Teatro, a equipa inclui Iris Branco e Cristian Andrade (cenografia), Baltasar Patiño (desenho de luz), Vadim Yukhnevich (música original), Iris Branco (bonecos e máscaras), Ana Rosa Assunção (figurinos), Rut Balbís (coreografia), Carlos Gago (cabelos) e Zé Paredes (assistência de encenação). O elenco é composto por Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Maria Quintelas, Miguel Magalhães e Ricardo Kalash.

A Escola da Noite e a Galiza
Vêm de longe as ligações d’A Escola da Noite à Galiza. Há muitos anos que o grupo de Coimbra vem desenvolvendo relações de intercâmbio com estruturas congéneres e artistas deste território, acolhendo espectáculos galegos nos diferentes espaços da cidade pelos quais tem sido responsável, apresentando com regularidade o seu trabalho em diferentes palcos da Galiza e associando-se a diferente projectos em áreas como a informação, a edição, a documentação, a organização de festivais, entre outras. Em 2023, organizou com a associação Cena Lusófona e em parceria com uma dezena de instituições da cidade a Mostra de Teatro Galego em Coimbra, iniciativa que terá este ano, no final de Outubro, a sua segunda edição. Ánxeles Cuña Bóveda é a segunda encenadora da Galiza a dirigir um espectáculo da companhia, dez anos depois de Cándido Pazó aqui ter encenado “A Canoa”. Especificamente com o Sarabela Teatro, grupo fundado e dirigido por Ánxeles Cuña Bóveda e que apresentou em Abril no TCSB o seu mais recente espectáculo – “O Dragón de Ouro”, também de Schimmelpfennig – A Escola da Noite vem aprofundando uma relação de grande cumplicidade, que agora se materializa na primeira de duas co-produções previstas para o biénio 2025-2026.

Roland Schimmelpfennig

A fenda entre mundos
Roland Schimmelpfennig nasceu em Göttingen, Alemanha, em 1967. Depois de um longo período como jornalista em Istambul, estudou encenação na Otto-Falckenberg-Schule de Munique. Começou a trabalhar como autor independente em 1996 e, a partir do ano 2000, tem escrito peças por encomenda do Deutsches Schauspielhaus de Zurique, do Deutsches Theater de Berlin, do Schauspielhaus Bochum e do Burgtheater de Viena. As suas peças têm sido apresentadas com grande sucesso em mais de 40 países por todo o mundo, da Áustria ao Japão e à Índia. Em Portugal, houve pelo menos duas peças suas levadas à cena: “A noite árabe” (2008, no Teatro Nacional Dona Maria II, com encenação de Paulo Filipe) e “A antiga mulher” (2019, pela Companhia de Teatro de Braga, com encenação de Toni Cafiero).
Sobre esta e outras das suas peças, Schimmelpfennig confessa o impacto que o drama dos refugiados que procuram chegar à Europa teve na sua escrita. Estamos “num momento sério da história, num desses momentos em que se duvida do significado de qualquer forma de arte”, em que se duvida da capacidade da comunidade mundial de proteger todos os que são obrigados a “pôr a vida em risco para se salvarem dos perigos mortais que vivem nos seus países”. Profundamente tocado pela imagem de Aylan Kurdi – a criança morta, afogada no mar com a mãe e o irmão na tentativa de escapar da guerra civil na Síria, divulgada em 2015 –, o dramaturgo denuncia a existência de “uma fenda entre mundos” que “cresce cada vez mais”.
 “O Grande Incêndio” (“Das Große Feuer”) teve a sua estreia mundial em Janeiro de 2017, no Teatro Nacional de Mannheim, Alemanha. 

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