Posts Tagged ‘Plínio Marcos’

diário do festival (2)

Quinta-feira, Junho 7th, 2012

VATe, o "teatro-autocarro" da ACTA à chegada a Évora, 6/6/2012

montagem de "O Abajur Lilás" na sala principal do Teatro Garcia de Resende, 6/6/2012

 No dia em que o autocarro chegou à cidade e em que o mocó do Giro voltou à casa-mãe, o Teatro das Beiras apresentou “Provavelmente uma pessoa”, de Abel Neves, na sala-estúdio do Teatro Garcia de Resende, perante uma casa cheia.

O Abel anda por cá e vai falar-vos um dia destes. Deixemo-lo por enquanto desfrutar estes bons ares alentejanos.

Há 12 anos que cheguei ao teatro. Com a sorte a que todos os principiantes deviam ter direito, calhou que a minha primeira visita técnica fosse ao Garcia de Resende. Entre histórias em que não quero deixar de acreditar sobre troncos gigantes trazidos a reboque do Brasil e lições de acústica e de arquitectura cénica, foi aqui que me apaixonei pela visão de uma plateia – desta plateia – a partir do palco. Eu, que trabalhava numa adorável garagem, deslumbrava-me com a visita ao palácio que os meus amigos faziam funcionar.

Subindo, subindo e subindo ainda mais um pouco, mostraram-me a dada altura a “sala da Escola”, agora assepticamente chamada “sala-estúdio”. Ali funcionava a Escola de Formação Teatral do Cendrev, onde tanta da gente que hoje faz o teatro português começou a aprender a arte e o ofício. Algumas dessas pessoas participam neste festival, como actores e encenadores de outras companhias. Outras largas dezenas de alunos da “Escola da Évora” estão espalhadas pelo país – em projectos que fundaram, noutros grupos, dando aulas –, a fazer com que o teatro continue a existir.

A Escola fechou no final de 2002. Os últimos alunos, a cujas estreias profissionais assisti, são de gente da minha geração. Gente que anda há 10 ou 15 anos a tentar evitar que se deite fora o trabalho da geração que nos antecedeu. Gente que, em vez de se ocupar a fazer seguir o rio, é obrigada a gastar as suas energias lutando contra o regresso das águas à nascente. Gente que anda a fazer biscates e a arranjar outros trabalhos para poder continuar no teatro, que tem de deixar de ser profissional para poder continuar a exercer a sua profissão. Em certo sentido, uma sub-gente que nem à “oportunidade” do desemprego tem direito, dada a precariedade e a terra de niguém em que sempre viveu e trabalhou.

Dizem-nos agora que esta gente estava enganada. Que afinal Portugal não quer nem pode nem precisa de ter criação artística para lá daquela que o mercado permite; que os teatros (mesmo os públicos) têm de ser auto-sustentados; que as companhias que quiserem continuar a existir têm de abandonar o serviço público e dedicar-se ao negócio. Dizem-nos agora que à crise económica que deixaram que se juntasse à crise financeira é agora preciso acrescentar a crise social; que é depois de terem perdido os serviços públicos, incluindo o acesso à criação e à fruição cultural, que os portugueses ficarão melhor e mais animados.

Lamento: não me convencem. E como a juntar-se a esta está já uma nova geração, ainda mais inquieta e maltratada, cheira-me que não vai ser assim tão fácil.

Nascido na Grécia (sabe tão bem dizer isto…), o teatro é um bocadinho mais antigo que a ideologia de pacotilha que nos querem impingir. E já viu enterrar umas quantas outras, bem mais fundamentadas do que este fanatismo pseudo-liberal que grassa nas cabeças de quem nos governa.

 Pedro Rodrigues,

Évora, 6 de Junho de 2012

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teatro, debates e documentários no TCSB

Sexta-feira, Junho 1st, 2012

Antes do regresso dos mais recentes espectáculos d’A Escola da Noite – “Santíssima Apunhalada” e “O Abajur Lilás” – o TCSB oferece vários bons motivos para uma visita ao longo do mês de Junho. Destaque para o regresso dos documentários ao bar do Teatro, com um novo ciclo organizado pelo Centro de Estudos Sociais, e para o teatro escolar da cidade, que aqui se mostra antes das férias.

O mês arranca precisamente com o espectáculo “História não tão real de Jean-Jacques Rousseau” (1 de Junho), uma criação do Clube de Teatro das escolas Avelar Brotero e José Falcão. No dia 15 à tarde, é a vez da Escola Secundária Jaime Cortesão, cujos alunos de expressão dramática trazem ao TCSB “Stupid Pigs”, uma criação colectiva que transpõe o conto tradicional “Os três porquinhos” para os nossos dias, dominados “pelos três grandes negócios do mundo – guerra, droga e sexo”. Ambos os espectáculos estrearam no passado mês de Maio na Oficina Municipal do Teatro, no âmbito da VII Mostra de Teatro Escolar, e têm entrada gratuita.

Debates e documentários no bar do teatro

O bar do Teatro volta também a animar-se, com debates e filmes. No dia 2 de Junho (sábado à tarde), a Assembleia Popular de Coimbra convida Yorgos Mitralias, jornalista e activista grego, fundador da coligação Syriza, para uma conversa sobre a situação na Grécia e as semelhanças com a realidade portuguesa. A 19 e 20 de Junho, um novo ciclo de filmes organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e uma nova parceria com o Instituto Cultural Romeno. No âmbito da iniciativa “Processos de memória política: Roménia e Portugal em diálogo”, A Escola da Noite acolhe a exibição dos documentários “48”, de Susana Sousa Dias, e “Anfiteatros e prisões”, de Nicolae Margineanu. Como habitualmente, após a exibição dos filmes segue-se um período de conversa com o público, a partir dos comentários de Paula Meneses e Miguel Cardina, no primeiro dia, e de Ioan Stanomir e Adrian Cioflanca, no segundo.

Nova temporada dupla

A partir do dia 21, voltam a Coimbra os mais recentes espectáculos d’A Escola da Noite, para as suas derradeiras temporadas na cidade. A companhia mantém a proposta dupla, apresentando “Santíssima Apunhala” às 19h00 e “O Abajur Lilás” (a co-produção com o Cendrev) às 21h30. Aos domingos, a ordem inverte-se: “O Abajur Lilás” é às 16h00. Os espectáculos ficam em cena até 1 de Julho e volta a estar disponível a campanha “Jantar+Teatro”, que oferece condições especiais para quem quiser assistir a um ou aos dois espectáculos e jantar no Restaurante “O Pátio”, no Pátio da Inquisição.

TCSB Junho 2012 – programação

teatro escolar

A história não tão real de Jean-Jacques Rousseau

Clube de Teatro da E.S. Avelar Brotero e da E.S. José Falcão

1 de Junho

sexta-feira, 21h30

M/12 > entrada gratuita

org. Câmara Municipal de Coimbra

 

debate

Conversa com Yorgos Mitralias: “Grécia e Portugal – situação e semelhanças; A dívida na Europa – causas e consequências”

2 de Junho

sábado, 16h00

Bar do TCSB > entrada livre org. Assembleia Popular de Coimbra

 

teatro escolar

Stupid Pigs

alunos de Expressão Dramática da E.S. Jaime Cortesão

15 de Junho

sexta-feira, 15h00

M/12 > entrada gratuita

 

documentário

48

de Susana Sousa Dias

comentários de Paula Meneses e Miguel Cardina

19 de Junho

terça-feira, 21h30

Bar do TCSB > entrada gratuita

org. Centro de Estudos Sociais / Instituto Cultural Romeno

 

documentário

Anfiteatros e prisões

de Nicolae Margineanu

comentários de Ioan Stanomir e Adrian Cioflanca

20 de Junho

quarta-feira, 21h30

Bar do TCSB > entrada gratuita

[legendado em inglês]

org. Centro de Estudos Sociais / Instituto Cultural Romeno

 

teatro

Santíssima Apunhalada

de Antonio Onetti

A Escola da Noite

21 de junho a 1 de Julho

quinta a domingo, 19h00

M/12 > 30′ > 5 Euros

 

teatro

O Abajur Lilás

de Plínio Marcos

A Escola da Noite / CENDREV

21 de Junho a 1 de Julho

quinta a sábado, 21h30 > domingos, 16h00

M/16 > 1h40 com intervalo > 5 a 10,00

informações e reservas:

239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

de pinote

Domingo, Maio 27th, 2012

CÉLIA
Eu vou de pinote. Quero que tu enfie essa droga no rabo.

 GIRO
Vai, vai, vai! Depois tu vai ver como dói uma saudade.

Ana Meira e Miguel Lança, "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

Igor Lebreaud e Miguel Magalhães, "Santíssima Apunhalada" (foto: Eduardo Pinto)

 

O Abajur Lilás (16h00) e Santíssima Apunhalada (19h00) despedem-se hoje de Coimbra.

Ainda pode reservar o seu lugar (239 718 238 / 966 302 488).

Até logo!

últimos dias

Sexta-feira, Maio 25th, 2012

Ainda tem um fim-de-semana inteiro para assistir aos mais recentes espectáculos d’A Escola da Noite:

Santíssima Apunhalada

de Antonio Onetti

sexta, sábado e domingo – 19h00

Miguel Magalhães e Igor Lebreaud, "Santíssima Apunhalada" (foto: Eduardo Pinto)

O Abajur Lilás

de Plínio Marcos

(co-produção com o Cendrev)

sexta e sábado – 21h30; domingo, 16h00

Miguel Lança, Rosário Gonzaga e José Russo, "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

Esperamos por si!

O abajur que a revolta partiu

Quinta-feira, Maio 24th, 2012

Maria João Robalo em "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

Três prostitutas e um proprietário que abusa do poder. A tentativa de revolta e um abajur partido. Sobem ao palco do Teatro da Cerca de São Bernardo os poderes ilegítimos que Plínio Marcos descreveu em 1969 e de que a sociedade actual parece não conseguir livrar-se.

 

O artigo de Carolina Varela para a Via Latina, com depoimentos de António Augusto Barros, José Russo e de alguns espectadores pode ser lido na íntegra aqui.

O espectáculo pode ser visto até domingo, no TCSB.