foto: Nuno Figueira
Em cena, o intérprete Miguel Seabra desdobra-se, habilmente, em Momo (o nome carinhoso que sr. Ibrahim dá a Moisés) e na sobriedade do sr. Ibrahim. A sua voz consegue traduzir tanto os momentos hilariantes de Momo na sua descoberta de si próprio (os pequenos furtos, a sexualidade), como a densidade dos ensinamentos do velho merceeiro árabe que, afinal, é somente muçulmano e que tudo o que sabe deve ao seu Corão. (…) Rui Rebelo complementa esta viagem dramatúrgica que se inicia no Poço do Bispo, e que vai de Paris, passando pelo mar da Normandia, até ao Crescente Dourado na Turquia, com sonoridades que nos lembram as danças místicas dos dervishes, e confere ao espectáculo o seu tom de fábula sufi.
Alexandra Balona
Uma viagem pela geografia dos sentimentos humanos onde cada um escolhe o seu lado do espelho. Um quase “livro sagrado” da vida humana.
Apetece muito conhecer Momo e o Sr Ibrahim na rua do Açúcar. Num espectáculo para todas as religiões e para os que não a têm.
Rua de Baixo
A narração vai conquistando a sala pouco a pouco, com o público rindo em uníssono com as descobertas de Momo e comovendo-se com a procura do amor paterno. No final, a sala fora arrebatada. A empatia do actor com o público é uma das causas desse arrebatamento. Miguel Seabra procura desde o início criar cumplicidade com o público, trabalhando tando o está a ser dito como o que está implícito ou fica subentendido. A simplicidade do que é visto e ouvido em cena aumenta essa cumplicidade, não porque peça licença para existir, mas porque convida o espectador a dar significados às coisas.
Jorge Louraço Figueira