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El Teatro Fronterizo | Manifesto [I]

Sexta-feira, Julho 8th, 2011

“Há territórios na vida que não gozam do privilégio da centralidade. / Zonas extremas, distantes, limítrofes com o Outro, quase estrangeiras. / Porém, apenas singulares. / Zonas de identidade incerta, de escassa vizinhança. / Onde a atracção do distante, do diferente, é intensa. / É um apelo que contamina tudo. Débeis pertenças, fidelidade escassa, vagos enraizamentos nómadas. / Terra de ninguém e de todos. / Lugar de encontros permanentes, de fricções que electrizam o ar. / Combates, cópulas: férteis impurezas. Traições e pactos. Promiscuidade. / Vida de alta tensão. / Nas zonas fronteiriças não se percebem as fronteiras.”

*El Teatro Fronterizo foi fundado em Barcelona, em 1977, sob a direcção de José Sanchis Sinisterra.

 

 

 

TEATRO MENOR textos José Sanchis Sinisterra tradução e encenação António Augusto Barros elenco Igor Lebreaud, Miguel Lança, Miguel Magalhães, Paula Garcia, Rafaela Bidarra, Sofia Lobo espaço cénico João Mendes Ribeiro, António Augusto Barros figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção desenho de luz Jorge Ribeiro sonoplastia Eduardo Gama ATÉ 24 DE JULHO | quarta a sábado, às 21h30 e domingos às 16h00 | TEATRO DA CERCA DE SÃO BERNARDO | Coimbra | Maiores de 12 anos | info 239718238 | 966302488 | geral@aescoladanoite.pt

 

SINISTERRA em discurso directo [1]

Quinta-feira, Julho 7th, 2011


“É imprescindível o texto no teatro? Evidentemente que não. A realidade teatral, principalmente a dos últimos 15 ou 20 anos, demonstra que não, que não é imprescindível. Surgiram nos anos 60 vários acontecimentos teatrais muito significativos que marcaram o sistema teatral na sua totalidade, que marcaram também a própria dramaturgia e que não partem de um texto.

E não só não partem de um texto, como não chegam a constituir um texto. Aquilo que considero imprescindível é a dramaturgia. Ou seja, a estrutura semântica de todos os códigos que intervêm na representação. Essa estrutura pode elaborar-se ao longo do processo de ensaios, através de improvisações, tentativas, provas e erros mas, em definitivo, um espectáculo teatral, na medida em que afirma a sua própria consistência, tem uma dramaturgia, que pode ser elaborada de um modo mais intuitivo ou mais racional, mas que creio ser imprescindível nesse sentido.

O facto de haver tantos espectáculos prescindíveis tem a ver com a falta de dramaturgia. Espectáculos que são na realidade conglomerados de efeitos sensoriais, de materiais heterogéneos dispostos numa ordem arbitrária e sem nenhuma vontade de por um lado, significar e, por outro, conduzir o imaginário do espectador a qualquer parte.”

in Sesiones de trabajo con los dramaturgos de hoy, Ciudad Real, Ñaque Editora, 1999, pp. 98-111.

Teatro Menor

Quarta-feira, Julho 6th, 2011

“O nosso envolvimento com o trabalho teatral de José Sanchis Sinisterra é antigo. Remonta à “pré-história” da companhia, ainda no espaço universitário da década de oitenta, quando nos fomos reunindo em experiências que se foram filtrando e acabaram por estabelecer os pressup- ostos teóricos e práticos fundadores do projecto A Escola da Noite.

José Sanchis Sinisterra chegou a colaborar na revista “Teatruniversitário” que o TEUC editava na altura e a companhia que fundou em Barcelona, o Teatro Fronterizo, esteve na cidade, em 1988, no programa da Bienal Universitária de Coimbra. O tema do artigo era a teatralidade em Kafka e o Teatro Fronterizo trouxe-nos uma adaptação de “Primeiro Amor”, de Beckett.

Kafka e Beckett, dois territórios partilhados até hoje. Kafka e o gosto de sondar a teatralidade de certas escritas. Beckett e a marca do diálogo com certas dramaturgias e com a história do teatro, a forma de se situar no “caudal do teatro sem o deixar secar” (Brook). Ao longo destes dezanove anos de trabalho profissional fomos seguindo à distância o evoluir da sua obra teórica, da sua premiada carreira de dramaturgo, do seu labor pedagógico e de encenação, em Espanha e por toda a América do Sul.

Chegou agora a oportunidade de montar alguns dos seus textos dramáticos. Primeira advertência: não se tratou de escolher uma das suas peças, mas de construir uma dramaturgia seleccionando alguns dos seus textos breves (ou brevíssimos) que reuniu sob o título Teatro Menor — título que nós decidimos também adoptar para este espectáculo.

São “textos em tom de humor, pequenas reflexões para desmontar o universo figurativo”, nas suas palavras,“o laboratório da metateatralidade na minha obra”. Achámos pertinente colar a este laboratório o armazém da memória de uma companhia de teatro, figurinos de personagens oriundas de outras épocas, do “pó do teatro”, sapatos para todas as caminhadas, para todas as histórias.

Na raiz do movimento a ideia de viagem, cruzamentos breves e acidentais entre actuantes e entre estes e as pessoas que ocupam o lugar de ver — o teatro. Esta “espécie de seres” que por aqui passam trazem palavras torrenciais, blocos maciços de palavras, ou apenas réplicas onomatopeicas.Trazem conceitos agarrados à pele — arte, vida, morte, personagem, autor, actor, público — e estão preparados para habitar qualquer deserto, integrantes de “uma humanidade em marcha sabe-se lá para onde”. Encontram-se, desencontram-se tangen- cialmente, perdem-se num espaço vazio mas povoado de fantasmas.

Buscam cumplicidades, propõem perguntas porque “o teatro é, afinal, uma ferramenta permanente para o homem se interrogar a si próprio, na relação com os outros e com a sociedade” e, com isso,“apelam a um espectador inteligente — não intelectual — que se permite indagar sobre a sua própria experiência naquilo que o texto propõe (…)”.

Uma segunda advertência: a vida, no seu fluir apressado e vibrante, decide-se em momentos, em encontros casuais. Cada momento morre ali, por um pequeno nada. O confronto com essas pequenas mortes em plena vida devia fazer-nos mais atentos.“O que têm de bom as flores é que murcham depressa”.”

António Augusto Barros, Junho de 2011.

 

TEATRO MENOR textos José Sanchis Sinisterra tradução e encenação António Augusto Barros elenco Igor Lebreaud, Miguel Lança, Miguel Magalhães, Paula Garcia, Rafaela Bidarra, Sofia Lobo espaço cénico João Mendes Ribeiro, António Augusto Barros figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção desenho de luz Jorge Ribeiro sonoplastia Eduardo Gama
ATÉ 24 DE JULHO | quarta a sábado, às 21h30 e domingos às 16h00 | TEATRO DA CERCA DE SÃO BERNARDO | Coimbra | Maiores de 12 anos | info 239718238 | 966302488 | geral@aescoladanoite.pt

Ay, Carmela! em Coimbra

Quarta-feira, Fevereiro 16th, 2011

O Teatro das Beiras apresenta este fim-de-semana em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo, “Ay, Carmela!”, de José Sanchis Sinisterra, com encenação de Gil Salgueiro Nave. As sessões têm lugar sexta-feira e sábado, às 21h30.

Temos condições especiais para grupos!

o Teatro das Beiras em Coimbra

Terça-feira, Fevereiro 15th, 2011

"Ay, Carmela!" pelo Teatro das Beiras

O Teatro das Beiras apresenta este fim-de-semana em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo, “Ay, Carmela!”, de José Sanchis Sinisterra, com encenação de Gil Salgueiro Nave. As sessões têm lugar sexta-feira e sábado, às 21h30.

“Ay, Carmela!” é um dos mais representados textos da dramaturgia espanhola contemporânea. Partindo do título de uma canção popular entre os republicanos durante a guerra civil espanhola (época na qual se situa a acção do espectáculo), Sanchis Sinisterra apresenta-nos dois artistas de variedades – Carmela e Paulino – que são aprisionados pelo Exército Nacional e obrigados a actuar para entreter as tropas e os restantes prisioneiros. Ameaçados de fuzilamento caso não acatem as ordens dos carcereiros, Carmela e Paulino são obrigados a testar os limites da sua dignidade, enquanto cidadãos e artistas. Resistir ou ceder? Pode a arte sobreviver à privação de liberdade? Como lidar com o medo, a raiva, a injustiça, a impotência e o instinto de sobrevivência de que é feita a nossa humanidade? Temas universais e intemporais, que chamam igualmente a atenção do espectador para a importância da memória em relação aos momentos, trágicos e heróicos, de que é feita a história dos países e das comunidades.

José Sanchis Sinisterra (Valência, 1940) é dramaturgo, encenador e professor de teatro. Inúmeras vezes premiado internacionalmente, destaca-se pelo contributo essencial que deu à renovação da dramaturgia espanhola da segunda metade do século XX, nomeadamente com a pesquisa e a experimentação em torno do conceito das “fronteiras da teatralidade” – o intertextual, a implicação do espectador, a meta-teatralidade. Para além dos textos dramáticos que tem escrito, Sinisterra aborda frequentemente a narrativa, tendo trabalhado dramaturgicamente obras de autores como James Joyce, Julio Cortázar, Franz Kafka, entre outros.

Com interpretação de Fernando Landeira e Sónia Botelho, o espectáculo estreou em 2010 no Auditório do Teatro das Beiras, na Covilhã, e tem cumprido uma intensa digressão nacional. Chega agora a Coimbra, onde é apresentado no âmbito da rede Culturbe – Braga, Coimbra e Évora, uma parceria entre o Theatro Circo, o Teatro da Cerca de São Bernardo e o Teatro Garcia de Resende.

texto José Sanchis Sinisterra tradução e encenação Gil Salgueiro Nave cenografia e figurinos Luís Mouro interpretação Fernando Landeira e Sónia Botelho sonoplastia Helder Filipe Gonçalves desenho de luz Vasco Mósa

M/16 > 135′ com intervalo > 6 a 10 € | informações e reservas 239718238