Archive for Fevereiro, 2010

‘O homem que fez com que começasse a ser possível falar de jazz português’

Sábado, Fevereiro 27th, 2010

Fotografia de Isabel Pinto

«Uma das coisas escritas sobre mim que mais me comoveu foi ‘O homem que fez com que começasse a ser possível falar de jazz português’. A minha vida como músico de jazz nos anos 80 foi relativamente semelhante ao que está a ser agora na música erudita. Também aí achavam que aquilo não era bem jazz…» António Pinho Vargas ao DNA

O regresso de António Pinho Vargas ao Teatro Académico de Gil Vicente, uma sala da qual particularmente gosta, e onde tocou pela primeira vez ainda na década de 70 com o Anar Jazz Trio, acontece já na próxima segunda, dia 1 de Março às 21h30.

Mais informações aqui.

formação e reflexão

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2010

A programação concebida para o ciclo “do monólogo, coisa pública”, integrado na XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra, assenta numa tríade: criação, formação e reflexão. Para além dos espectáculos já anunciados ( “Solo I e II” de António Pinho Vargas, “Vulcão” de Abel Neves, com Custódia Gallego, “Historias Tricolores”, de Cándido Pazó, “Concerto à la carte” de Franz-Xaver Kroetz, com Ana Bustorff , “Mary Stuart” de Denise Stoklos e “Calendário da Pedra” de Denise Stoklos),  decorrem acções de formação e de reflexão.

Formação Durante toda a semana realiza-se um workshop orientado pelo galego Cándido Pazó, intitulado “A oralidade no actor”, com uma duração de 16 horas. As sessões decorrem no Teatro de Bolso do TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra) e está prevista a realização de uma apresentação pública no final.

1 a 4 de Março 16h30 – 19h00 | 5 de Março 14h00 – 17h00 | 6 de Março 15h00 – apresentação pública

Reflexão Espaço de debate com os artistas convidados, dramaturgos e encenadores em torno do ciclo “do monólogo, coisa pública”, organizado em colaboração com o Curso de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

3 de Março | quarta-feira | 17h00 | Anfiteatro V, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [6º piso] João Maria André (moderação), Abílio Hernandez, Afonso Becerra de Becerreá, Daniel Tércio e Fernando Matos Oliveira.

5 de Março | sexta-feira | 17h00 | Anfiteatro V, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [6º piso] Abel Neves, Ana Bustorff, Cándido Pazó, Custódia Gallego, Denise Stoklos e Rui Madeira.

O Teatro e o Espaço Público

Quinta-feira, Fevereiro 25th, 2010

Na próxima sexta-feira, dia 26 de Fevereiro, às 18 horas, decorre no Bar do TCSB uma conversa com o Sociólogo e Docente da FEUC  André Brito Correia, sobre a temática “O Teatro e o Espaço Público”, integrado no projecto “Privatiza filho, privatiza…”, uma organização da Associação Solar dos Kapangas, integrada na XII Semana Cultural da Universidde de Coimbra.

Formada em Abril de 2008, A Associação Solar dos Kapangas tem como fim conservar o espaço físico onde se encontra instalado o Solar dos Kapangas, promover o modo de vida comunitário iniciado em 1957, desenvolver o espírito de solidariedade entre os seus jovens membros e preservar o legado dos estudantes que o frequentaram.

Um homem ou uma mulher em cena podem ser um mundo em si próprios

Quinta-feira, Fevereiro 25th, 2010

“O monólogo foi olhado durante séculos com uma indisfarçada desconfiança.

O realismo e o naturalismo toleravam-no, dentro da forma teatral, como excepção: era estático, anti-teatral, inverosímil.

Nos clássicos gregos e em Shakespeare, no entanto, a presença do solilóquio é exemplar. Como pensar peças como Medeia, Rei Édipo, Hamlet, Lear, sem a reflexão solipsista dos seus protagonistas?

A escrita contemporânea, em especial a escrita da segunda metade do século XX, caracteriza-se pela “destruição da dramaturgia dialógica”. Não se trata de uma substituição nem de uma menorização da palavra, mas de um outro entendimento da escrita, menos auto-suficiente e mais consciente da sua parte na organização cénica. O discurso cénico reorganiza-se de forma rapsódica, valoriza-se a colagem, o fragmento, a pulsão poética. Beckett, Heiner Müller, Handke, Kroetz, Gregory Motton e um sem número de dramaturgos escreveram, escrevem para um acto criativo que quer estabelecer um novo protocolo com o espectador entregando-lhe uma parte maior do que a mera decifração de um enredo, entregando-lhe dúvidas, perplexidades, partes ocas, buracos negros para que complete a sua leitura de uma forma crítica, criativa.

O monólogo, o solo, para além de meras razões económicas (que também as há), autonomizou-se mesmo da obra, deixou de ser parte para passar a ser um género próprio, uma forma autónoma cada vez mais cultivada.

Um homem ou uma mulher em cena podem ser um mundo em si próprios, acompanhando a pluralização do eu que o século passado promoveu como nenhum outro, falam com as suas outras vozes, os seus outros eus; e falam com o mundo, são ícones do mundo, resistindo à incomunicação que medra nas cidades, à insatisfação, à mutilação do desejo, ao abandono dos velhos, dos marginais, das crianças, dos desempregados, dos esfomeados. Estamos todos a falar sozinhos, nas ruas, nos asilos, nas prisões, nos hospitais. Como poderia o teatro, talvez a mais política das artes, a mais atenta e dependente da polis, resistir a falar de tudo isto?”

António Augusto Barros

“Valdete em erupção”

Quarta-feira, Fevereiro 24th, 2010

fotografia de Margarida Dias

Num dia de Maio há já alguns anos, Custódia Gallego pediu a Abel Neves para lhe escrever um monólogo que ela pudesse levar ao teatro. Ele nunca tinha estado para aí virado, mas, diz num texto incluído no programa da peça, “a verdade é que todos nós praticamos a arte do monólogo, uns mais do que outros, uns mais capazes de se fazerem ouvir, muitos irremediavelmente perdidos no enigma deste mundo”. Vulcão é o monólogo que acabou por escrever: o monólogo de Valdete, mulher espancada pela vida e à procura de um filho perdido com quem temos, acrescenta o dramaturgo, de simpatizar. Com encenação de João Grosso e “a fascinante disponibilidade de corpo e de espírito” (ainda palavras de Abel Neves) da actriz Custódia Gallego.

Lido no Público do passado dia 21 de Fevereiro, a propósito da temporada do “Vulcão” no Porto, no Auditório ACE TEatro do Bolhão, até 7 de Março. Temporada que vai ter um intervalo para a apresentação em Coimbra inserida no ciclo “do monólogo, coisa pública“, programado pel’A Escola da Noite para a XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra. A Valdete vai estar no palco do Teatro da Cerca de São Bernardo, no próximo dia 2 de Março, terça, às 21h30.