Posts Tagged ‘do monólogo coisa pública’

“temos músicos muito jovens e de grande qualidade”

Segunda-feira, Março 1st, 2010

O solo de piano de António Pinho Vargas assinala hoje à noite no Teatro Académico de Gil Vicente, os 720 anos da Universidade de Coimbra. O pianista e compositor, considerado dos nomes maiores do jazz português, falou ao Diário de Coimbra do ensino e da cultura musical.

Diário de Coimbra (DC)  É com o concerto “Solo I e II” que se assinalam os 720 anos da UC. O que podemos esperar deste espectáculo?

António Pinho Vargas (APV) O resultado de um trabalho que gravei depois de sete anos a fazer concertos, que começou por ser um projecto de um disco de piano solo, mas que acabou por ser necessário dividir em dois volumes (Solo I e Solo II, de 2008 e 2009). […]

DC Vai ser um concerto muito intimista?

APV Todos os concertos de piano solo são muito intimistas por definição. Tem funcionado muito bem nos diversos sítios onde tenho tocado a solo, desde 1988, o ano em que regressei aos concertos. Cada concerto é um evento único, depende do performer – de como ele está, como se sente e o discurso que sai naquele dia – e do público, do seu grau de abertura, a interacção que se estabelece. […]

Andrea Trindade in Diário de Coimbra (28 Fevereiro 2010)

Leia a entrevista na íntegra aqui!

António Pinho Vargas apresentará “Solo I e II”HOJE1 de Março, às 21h30, no Teatro Académico de Gil Vicente.

O concerto é parte integrante do ciclo “do monólogo, coisa pública”, inserido na XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra.

Organização: A Escola da Noite e a Reitoria da Universidade de Coimbra

a arte e a causa pública

Segunda-feira, Março 1st, 2010

No ano em que se assinala o centenário da República, a inevitabilidade do debate, também artístico, à volta da causa pública acabou por “contaminar” a programação inteira da Semana Cultural da Universidade de Coimbra 2010.

Temos assim que, para lá das inúmeras iniciativas que, uma vez mais, irão provar a riqueza e a diversidade de toda uma academia, coube desta vez à companhia A Escola da Noite organizar uma programação que fará de Coimbra, por uns quantos dias, o mais atractivo centro cultural do país. A integrar espectáculos, debates e workshops, o ciclo “Do monólogo, coisa pública” levará aos palcos da cidade os artistas António Pinho Vargas, Custódia Gallego, Cándido Pazó, Ana Bustorff e Denise Stoklos, num programa a decorrer entre 1 e 6 de Março, nos teatros da Cerca de São Bernardo e Académico de Gil Vicente.

Convidada a conceber e produzir a parte “externa” da programação da XII Semana Cultural – que, na sua globalidade, integra mais de 70 iniciativas apresentadas e promovidas por toda a comunidade académica –, A Escola da Noite propôs o ciclo “do monólogo, coisa pública”.[…]

Lídia Pereira in Diário As Beiras (25 Fevereiro 2010)

foto Isabel Pinto

Dois anos depois do regresso à música ao vivo e em disco de António Pinho Vargas, Coimbra poderá assistir ao concerto a solo do pianista e compositor. António Pinho Vargas apresentará “Solo I e II”, HOJE, 1 de Março, às 21h30, no Teatro Académico de Gil Vicente, num concerto a assinalar os 720 anos da Universidade de Coimbra.

‘O homem que fez com que começasse a ser possível falar de jazz português’

Sábado, Fevereiro 27th, 2010

Fotografia de Isabel Pinto

«Uma das coisas escritas sobre mim que mais me comoveu foi ‘O homem que fez com que começasse a ser possível falar de jazz português’. A minha vida como músico de jazz nos anos 80 foi relativamente semelhante ao que está a ser agora na música erudita. Também aí achavam que aquilo não era bem jazz…» António Pinho Vargas ao DNA

O regresso de António Pinho Vargas ao Teatro Académico de Gil Vicente, uma sala da qual particularmente gosta, e onde tocou pela primeira vez ainda na década de 70 com o Anar Jazz Trio, acontece já na próxima segunda, dia 1 de Março às 21h30.

Mais informações aqui.

Um homem ou uma mulher em cena podem ser um mundo em si próprios

Quinta-feira, Fevereiro 25th, 2010

“O monólogo foi olhado durante séculos com uma indisfarçada desconfiança.

O realismo e o naturalismo toleravam-no, dentro da forma teatral, como excepção: era estático, anti-teatral, inverosímil.

Nos clássicos gregos e em Shakespeare, no entanto, a presença do solilóquio é exemplar. Como pensar peças como Medeia, Rei Édipo, Hamlet, Lear, sem a reflexão solipsista dos seus protagonistas?

A escrita contemporânea, em especial a escrita da segunda metade do século XX, caracteriza-se pela “destruição da dramaturgia dialógica”. Não se trata de uma substituição nem de uma menorização da palavra, mas de um outro entendimento da escrita, menos auto-suficiente e mais consciente da sua parte na organização cénica. O discurso cénico reorganiza-se de forma rapsódica, valoriza-se a colagem, o fragmento, a pulsão poética. Beckett, Heiner Müller, Handke, Kroetz, Gregory Motton e um sem número de dramaturgos escreveram, escrevem para um acto criativo que quer estabelecer um novo protocolo com o espectador entregando-lhe uma parte maior do que a mera decifração de um enredo, entregando-lhe dúvidas, perplexidades, partes ocas, buracos negros para que complete a sua leitura de uma forma crítica, criativa.

O monólogo, o solo, para além de meras razões económicas (que também as há), autonomizou-se mesmo da obra, deixou de ser parte para passar a ser um género próprio, uma forma autónoma cada vez mais cultivada.

Um homem ou uma mulher em cena podem ser um mundo em si próprios, acompanhando a pluralização do eu que o século passado promoveu como nenhum outro, falam com as suas outras vozes, os seus outros eus; e falam com o mundo, são ícones do mundo, resistindo à incomunicação que medra nas cidades, à insatisfação, à mutilação do desejo, ao abandono dos velhos, dos marginais, das crianças, dos desempregados, dos esfomeados. Estamos todos a falar sozinhos, nas ruas, nos asilos, nas prisões, nos hospitais. Como poderia o teatro, talvez a mais política das artes, a mais atenta e dependente da polis, resistir a falar de tudo isto?”

António Augusto Barros

“Valdete em erupção”

Quarta-feira, Fevereiro 24th, 2010

fotografia de Margarida Dias

Num dia de Maio há já alguns anos, Custódia Gallego pediu a Abel Neves para lhe escrever um monólogo que ela pudesse levar ao teatro. Ele nunca tinha estado para aí virado, mas, diz num texto incluído no programa da peça, “a verdade é que todos nós praticamos a arte do monólogo, uns mais do que outros, uns mais capazes de se fazerem ouvir, muitos irremediavelmente perdidos no enigma deste mundo”. Vulcão é o monólogo que acabou por escrever: o monólogo de Valdete, mulher espancada pela vida e à procura de um filho perdido com quem temos, acrescenta o dramaturgo, de simpatizar. Com encenação de João Grosso e “a fascinante disponibilidade de corpo e de espírito” (ainda palavras de Abel Neves) da actriz Custódia Gallego.

Lido no Público do passado dia 21 de Fevereiro, a propósito da temporada do “Vulcão” no Porto, no Auditório ACE TEatro do Bolhão, até 7 de Março. Temporada que vai ter um intervalo para a apresentação em Coimbra inserida no ciclo “do monólogo, coisa pública“, programado pel’A Escola da Noite para a XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra. A Valdete vai estar no palco do Teatro da Cerca de São Bernardo, no próximo dia 2 de Março, terça, às 21h30.