Posts Tagged ‘Bosco Brasil’

Semana de aniversário n’A Escola da Noite: venha festejar o teatro connosco!

Segunda-feira, Março 23rd, 2015

Esta semana temos uma nova (e curta) temporada de “Novas diretrizes em tempos de paz”. Acabado de regressar do Brasil, o espectáculo estará em cena no TCSB entre 26 e 29 de Março (quinta a domingo), atingindo a marca histórica das 70 representações.

flyers 23 a 29 de marco

“Novas diretrizes em tempos de paz”, do dramaturgo brasileiro Bosco Brasil, passa-se em 1945, quando a II Guerra Mundial está perto do fim. Clausewitz é um emigrante polaco, que tenta recomeçar a sua vida no Brasil. No porto do Rio de Janeiro, depara-se com o oficial da alfândega, Segismundo, que desconfia das suas intenções e se recusa a permitir-lhe a entrada no país. À medida que as personagens vão confrontando as suas memórias, descobrimos que o polaco, que inicialmente se apresenta como agricultor, é afinal um actor que desistira da sua profissão. O “duelo” verbal que se estabelece entre os dois é simultaneamente um exercício de memória em relação a um período histórico particularmente negro, tanto na Europa como no Brasil, e uma comovente metáfora sobre o lugar do teatro e na arte nas nossas vidas. Por outro lado, numa altura em que vemos reaparecer em vários países europeus os discursos e as práticas xenófobas, as questões relacionadas com a imigração e com os refugiados de guerra mantêm-se temas muito mais actuais do que gostaríamos.
Escrito em 2001, poucos meses depois do atentado às Torres Gémeas, o texto surgiu como uma resposta à questão “qual o lugar do teatro no mundo de hoje”? Aclamado pelo público e pela crítica (nesse mesmo ano ganhou os Prémios Shell e APCA para melhor texto dramático), o texto tem sido apresentado um pouco por todo o mundo, sempre com entusiásticas recepções.
Estreámo-lo em Janeiro de 2013, com encenação de António Augusto Barros. Mantemo-lo até hoje em reportório, com um elenco composto por Igor Lebreaud (Clausewitz) e Jorge Loureiro (Segismundo). Para além das temporadas em Coimbra e das mais de duas dezenas de localidades onde já foi apresentado, o espectáculo viajou já pela Galiza, por Angola (Luanda) e pelo Brasil (Rio de Janeiro e, nas passadas duas semanas, Santos e São Paulo). Com a mini-temporada agora agendada para o TCSB, “Novas diretrizes…” atinge a invulgar marca das 70 representações.
Estará em cena entre 26 e 29 de Março, de quinta a sábado às 21h30 e no domingo às 16h00. Os bilhetes custam entre 5 e 10 Euros e podem ser reservados pelos contactos habituais do TCSB: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt.

Flores de Livro com actores d’A Escola da Noite
Ainda esta semana, temos a habitual sessão de “Flores de Livro” – leitura de contos para a infância. Desta vez, a sessão conta com a participação especial de dois actores d’A Escola da Noite: Maria João Robalo e Miguel Magalhães juntam-se a Cláudia Sousa e estreiam-se na arte de contar histórias aos mais novos.
Recomendada para crianças a partir dos 4 anos, a leitura tem início às 11h00 e dura cerca de 50 minutos. Os bilhetes custam 3 Euros (individual) ou 5 Euros (criança + acompanhante) e podem igualmente ser reservados com antecedência.

Faça-nos companhia!

TCSB
PROGRAMAÇÃO DE 23 A 29 DE MARÇO DE 2015

TEATRO
Novas diretrizes em tempos de paz
de Bosco Brasil
A Escola da Noite
encenação António Augusto Barros elenco Igor Lebreaud e Jorge Loureiro figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção luz Danilo Pinto som Zé Diogo
26 a 29 de Março
quinta a sábado, 21h30; domingo 16h00
preços: 10 Euros (normal); 6 Euros (estudante, jovem, profissionais e amadores de teatro); 5 Euros (grupos de 10 ou mais pessoas, entidades protocoladas com o TCSB)

LEITURA DE CONTOS PARA A INFÂNCIA
Flores de Livro
Cláudia Sousa
com a participação especial de Maria João Robalo e Miguel Magalhães
28 de Março
sábado, 11h00
preços: 3 Euros (individual); 5 Euros (criança + acompanhante)

Novas diretrizes no Brasil – diário de bordo (dia 13)

Segunda-feira, Março 23rd, 2015

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Chegou ao fim a quarta digressão d’A Escola da Noite ao Brasil. Ao longo de duas semanas, andámos a espalhar as “Novas diretrizes” por Santos e São Paulo: 8 espectáculos, três conversas com o público, um encontro com alunos da Escola de Arte Dramática (ECA/USP), reencontros com velhos amigos e muitos amigos novos.

A digressão foi apoiada pela Direcção-Geral das Artes, no âmbito dos Apoios à internacionalização/2014. Mas não teria sido possível sem a colaboração das instituições e pessoas que nos ajudaram e a quem queremos agradecer antes de embarcar:

Consulado Honorário de Portugal em Santos, que mais uma vez demonstrou como o “apoio institucional” pode ir além da burocracia, ser prestado com interesse e afecto e tornar-se algo verdadeiramente decisivo para a concretização de projectos culturais;

SESC Santos, que nos acolheu nas suas magníficas instalações e integrou “Novas diretrizes” na “ocupação Mirada”, a programação internacional que medeia cada edição do Festival Mirada;

SP Escola de Teatro, projecto ímpar de formação artística, cujas equipas de directoria, produção, imagem e cenografia se empenharam para que tudo corresse como correu – muito bem;

Escola Portuguesa de Santos e Restaurante “A Tasca do Porto”, aos quais ficamos a dever o belo escritório de Segismundo que montámos em Santos;

Grupo TAPA, que nos abriu o seu armazém e nos emprestou secretária, cadeiras e máquinas de escrever para o cenário em São Paulo;

Os Sátyros, cujo espólio nos ajudou igualmente a compor a alfândega do Rio de Janeiro que montámos na SP Escola de Teatro;

Restaurantes Planeta’s e Luna di Capri, que estenderam a A Escola da Noite o apoio que dão à comunidade teatral de São Paulo e que faz deles um incontornável ponto de encontro;

Escola de Arte Dramática da Escola de Comunicação e Artes da USP, que nos recebeu nas suas belas instalações e nos proporcionou um encontro com os seus alunos;

Centro de Dramaturgia Contemporânea, que acompanhou toda a nossa estadia em São Paulo e nos ajudou imenso na divulgação do espectáculo;

CIT-ECUM – Centro Internacional de Teatro, NET4 – Produções Culturais e “As de Fora”, que nos ajudaram na fase da candidatura e acompanharam a concretização do projecto;

Consulado-Geral de Portugal em São Paulo, que nos ajudou a divulgar os espectáculos.

Em todas estas instituições, e para além delas, várias pessoas estiveram directamente envolvidas no projecto. Destacamos o José Augusto do Rosário, que há 3 anos partilhava connosco a vontade de nos ver em Santos e que nunca desistiu de nos ajudar e incentivar. Esta digressão deve-se a ele e nós (que lhe devemos mais do que isso), não nos esqueceremos nunca.

Agradecemos ainda, pelas razões que cada um deles/as conhece, a:

Aimar Labaki
Arménio Mendes
Carina Moutinho
Custódia Carvalho
Dênio Maués
Drika Nery
Eduardo Tolentino
Elen Londero
Erica Teodoro
Ester Laccava
Fabio Brandi Torres
Guilherme Brum
Guilherme Marques
Ivam Cabral
Jairo Mattos
Jorge Rainho
Lorenna Mesquita
Luís Indriunas
Naum Alves de Souza
Nilson de Queiroz
Paula Autran
Raphael Ayala
Renata Peron
Rodolfo Freitas
Silvana Garcia
Silvia Suzy
Tânia Reis
Tatiana Moura
Vinicius Londero

Novas diretrizes no Brasil – diário de bordo (dia 12)

Domingo, Março 22nd, 2015

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“Pessoas perfeitas”, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vásquez, acaba de ganhar os principais prémios teatrais de São Paulo deste ano – Prémio APCA para melhor espectáculo e Prémio Shell para melhor texto.
O espectáculo foi construído a partir “da observação das vidas de moradores do Centro de São Paulo” e de entrevistas realizadas e oferece-nos um retrato da cidade – inevitavelmente parcelar, mas pleno de poesia e de sensibilidade.
Os temas que aborda – a solidão, as desigualdades, o convívio com as diferenças – vão ao cerne da condição humana e são, por isso mesmo, universais. Mas para quem, como nós, tem um contacto espaçado com São Paulo e gosta de ficar alojado na Vieira de Carvalho, a dois passos do Arouche onde Binho faz os seus michês, este espectáculo ganha aqui um sentido especial.
Como é seu hábito, Os Sátyros radicalizam a noção de que o teatro serve para discutir a polis e devolvem-nos, quase sem filtro, aquela parte da cidade que tantas vezes nos esquecemos que existe: a cidade das histórias pessoais, repletas de contradições e imperfeições, que estão por trás de cada cara com que nos cruzamos no passeio, no metro, na Paulista ou… no teatro.
“Pessoas perfeitas” lembra-nos que, por maior que seja, por mais prédios e automóveis que tenha, por mais elaborados e assépticos que sejam os indicadores que fazem as manchetes dos jornais, é de pessoas e das suas vidas que a cidade é feita.

Fundada em 1989, a companhia Os Sátyros chegou a estar sediada em Portugal, na primeira metade da década de 90. A partir de 2000, volta a instalar-se em São Paulo, contribuindo para a revitalização da Praça Roosevelt, que é hoje um dos principais centros de criação e difusão teatral da cidade.

Novas diretrizes no Brasil – diário de bordo (dia 11)

Sábado, Março 21st, 2015

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Os nossos espectadores sabem que gostamos de peças de teatro. E que acreditamos que as companhias, enquanto estruturas (minimamente) estáveis de criação artística, são um dos elementos essenciais a um “sistema” teatral dinâmico, sustentado e articulado com as suas comunidades.
É também por isso que nos sabe tão bem encontrar Jean Genet, feito pelo TAPA, no denso e luxuriante bosque teatral desta metrópole. Descobrimo-nos como companheiros de estrada há quase 20 anos e não parámos nunca de nos ver e de nos falar. As duas passagens do grupo por Coimbra (em 2000 e em 2012) são dos momentos mais altos da nossa programação, frequentemente recordados pelos nossos espectadores.
Lembrámo-nos de tudo isso ontem à noite, no Teatro da Alliance Française, onde o TAPA mantém em cena, há dois meses, “As Criadas”. As salas cheias fizeram já prolongar a temporada inicialmente prevista. O espectáculo vai continuar em cartaz até Maio, altura em que um outro Genet concluirá o programa que assinala o regresso do grupo à sala onde foi companhia residente entre 1986 e 2002.
O reencontro em palco do director Eduardo Tolentino com as actrizes Clara Carvalho, Denise Weinberg e Emilia Rey, elas próprias elementos basilares do sólido percurso artístico do TAPA, reforça o simbolismo do momento, a que o público não é indiferente.
À saída, Carla e Denise recordavam a garagem do Pátio da Inquisição onde há 15 anos apresentaram “A Serpente”, de Nelson Rodrigues, e “A Navalha na Carne”, de Plínio Marcos. Emilia, por seu lado, falava-lhes do Teatro da Cerca de São Bernardo, onde em 2012 estreou uma versão especial de “Retratos Falantes”, de Alan Bennett.
Nós continuamos a aplaudir de pé – este espectáculo e o trabalho ímpar do TAPA, uma referência para várias gerações de fazedores de teatro, dos dois lados do Atlântico.

Enquanto pensamos na melhor maneira de derrubar “as patroas”, seguiremos juntas, companhias criadas do serviço público, a convidar os espectadores para jogar connosco nesta mansarda do mundo que é o teatro.

Novas diretrizes no Brasil – diário de bordo (dia 10)

Sexta-feira, Março 20th, 2015

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Terminou assim a temporada paulista de “Novas diretrizes em tempos de paz” – com uma sessão esgotada, aplausos de pé e uma conversa no final com os alunos e professores da EAD que nos visitaram.

Obrigado a todos!

Antes de regressarmos a Coimbra, vamos agora aproveitar um pouco do teatro que está em cartaz em São Paulo. Naquela que é uma das cidades com maior oferta teatral do mundo, os guias e as agendas dão conta de mais de 130 espectáculos em cena, só no mês de Março.

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Uma pequena amostra da oferta de São Paulo, na parede mais teatral da cidade (Restaurante Planeta’s, nosso apoiante nesta digressão – clique na imagem para visitar).

Há que fazer escolhas, portanto. Hoje vamos ver “As criadas”, de Genet, o espectáculo que marca o regresso do Grupo Tapa ao Teatro da Aliança Francesa, onde foi companhia residente durante mais de 15 anos.