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Évora: Festival abre com Jardim de Schipenko

Terça-feira, Junho 5th, 2012

Uma visão muito particular da história de Inês de Castro abre hoje o V Festival das Companhias. “Jardim”, pela Companhia de Teatro de Braga, sobe ao palco do Garcia de Resende às 21h30. Apareça!

"Jardim", Companhia de Teatro de Braga (foto: Paulo Nogueira)

5 de Junho, terça-feira, 21h30

Teatro Garcia de Resende, Sala Principal

Jardim

Companhia de Teatro de Braga

 

Esta é uma história muito conhecida em Portugal e, no nosso espectáculo, é contada de uma maneira diferente – talvez como diário de Inês de Castro.

Neste diário ela descreve o seu primeiro encontro, o amor, a vida com Pedro, e o seu assassinato. Contudo, o seu diário continua para lá da sua morte. Até à exumação do seu corpo e coroação como rainha de Portugal, Inês relata o que acontece com aqueles que permanecem vivos.

O objectivo de “Jardim” é criar a imortalidade do amor (…). [Um] espectáculo único, para glória e espírito da cultura portuguesa.

Alexej Schipenko

 

autoria e encenação Alexej Schipenko tradução António Pescada interpretação André Laires, Carlos Feio, Frederico Bustorff Madeira, Jaime Monsanto, João Chelo, Rogério Boane, Rui Madeira, Solange Sá, Thamara Thais cenografia e figurinos Samuel Hof desenho de luz Fred Rompante criação vídeo Frederico Bustorff Madeira criação sonora Luís Lopes

M/16 > 1h40

Jardim despede-se hoje de Coimbra

Sábado, Fevereiro 11th, 2012

"Jardim", de Alexej Schipenko, pela CTB (foto: Paulo Nogueira)

E eis que uma vez, passeando ao longo do rio, o padre viu um rapazinho de sete ou oito anos que brincava na areia da margem. O rapazinho tirava água do rio com as suas pálidas mãos infantis e despejava-a numa cova por ele aberta, de maneira comedida e séria, como se praticasse um sacramento.

— O que estás tu a fazer, meu filho? — perguntou o padre Agostinho.

— Estou a mudar a água do rio para esta cova — respondeu o rapazinho e continuou.

— Mas isso é impossível! — exclamou o padre. — Nenhuma pessoa consegue meter a água de um rio tão grande numa cova tão pequenina!

— E tu? — perguntou o rapazinho, e olhou para o padre Agostinho como para um livro já lido. — Pensarás tu que é capaz de escrever alguma coisa sobre a «essência de Deus?»

“Jardim”, de Alexej Schipenko

(tradução de António Pescada)

HOJE ÀS 21H30:

ÚLTIMO ESPECTÁCULO NO TCSB

(informações e reservas: 239718238 / 966302488)

 

à noite

Sexta-feira, Fevereiro 10th, 2012

"Jardim", pela Companhia de Teatro de Braga (foto: Paulo Nogueira)

À noite, a humanidade tem comportamentos estranhos. Faz amor.

Jardim, de Alexej Schipenko

(tradução de António Pescada)

HOJE E AMANHÃ NO TCSB

21H30

um rio

Sexta-feira, Fevereiro 10th, 2012

"Jardim", pela Companhia de Teatro de Braga (foto: Paulo Nogueira)

Estive em Coimbra, em Santa Clara. Depois de matinas o padre do mosteiro reteve-me durante muito tempo segurando-me pela mão, em silêncio. Parecia esperar alguma coisa que eu tivesse esquecido de lhe dizer. Mas eu não sabia o quê concretamente, e calava-me também. Então ele próprio disse.

— Não vás ao rio.

— Ao “rio”? — perguntei-lhe. — Qual rio, padre?

Ele virou costas e disse muito depressa:

— Temos aqui um rio — o Mondego.

Jardim, de Alexej Schipenko

(tradução de António Pescada)

HOJE E AMANHÃ NO TCSB

21H30

 

viestes com a espanhola?

Quinta-feira, Fevereiro 9th, 2012

"Jardim", pela Companhia de Teatro de Braga (foto: Paulo Nogueira)

— E vós, senhora? Viestes com a “espanhola”?

— Vim. Eu também sou, como vós dizeis, “espanhola”. (Cumprimento-o.) Inês de Castro, grande dama e parenta da minha senhora, Constança de Peñafiel, vossa futura esposa.

Ele olha para o chão. Desviou o olhar.

— Peço perdão, senhora de Castro, mas eu não gosto da Espanha.

Diz isto com tanta simplicidade como se falasse de aipo, e tão calmamente como se falasse da infância, que eu sorrio involuntariamente. Levanta os olhos.

— Perdoais-me? — ah, está completamente pálido, este infante, Pedro I, futuro rei de Portugal; sente-se mal, simplesmente, e não tem dezanove anos, mas cinco, é uma criança, não sabe onde está a sua ama.

Amo-o.

“Jardim”, de Alexej Schipenko

(tradução: António Pescada)