A mulher como campo de batalha – sobre o texto

“A mulher como campo de batalha” – foto de ensaio (© Eduardo Pinto)

Matéi Visniec recusa refugiar-se nas explicações sumárias da guerra, prefere concentrar-se no drama humano de todos os tempos, a mulher transformada em campo de batalha.
Quando as armas utilizadas não são suficientes, o soldado fanático recorre a uma outra arma viva de dissuasão – a mãe, a irmã, a mulher, a filha do seu inimigo. Penetrando na família, destruindo-a ou dividindo-a para sempre, ele destrói um pouco mais o território inimigo.
E a mulher torna-se assim a arma absoluta da desumanidade num mundo civilizado.

Alexandra Badea
Theatre Contemporain

Uma peça como um grito, na corda bamba entre a vida e a morte (…) Visniec agarra-nos com o seu forte universo, em que pudor e violência se misturam.
Laurence Cazaux
“La guerre au corps”, in Le Matricule des Anges, Janeiro 1998

Obra “essencial” que se impõe pela originalidade da escrita, pela magia da palavra extraída do silêncio do horror, por uma arquitectura em gradação progressiva que vai tirando a respiração ao espectador, este “psico-drama” coloca não apenas o problema da mulher-vítima mas também o das nações dos Balcãs e da própria Europa. Instalada no paradoxo morte/vida, partindo das trevas do mutismo face à palavra do revoltado, passando pela luz do riso salvador e chegando ao grito da libertação, a dor faz-se arte.
Aurélia Roman
“Matéi Visniec: Drame de la femme victime, ou Comment la douleur se fait art”, Nouvelles Études Francophones, Vol. 20, No. 2 (Automne 2005), pp. 185-203

Frente-a-frente de duas mulheres depois do conflito na Bósnia. Duas vidas que se cruzam: a médica americana e a mulher violada tentam mostrar-se uma à outra, tentam encontrar forças para continuar os seus caminhos depois da tragédia da guerra. Retratos de mulheres quebradas, magoadas, que tentam compreender, reconstruir um equilíbrio.
Matéi Visniec
Theatre Contemporain

A mulher como campo de batalha ou a forma como violar a mãe, a mulher ou a filha, atingindo o soldado inimigo no seu íntimo, na sua honra, é mais eficaz do que uma rajada de balas ou um tiro de morteiro.
É este procedimento, muito frequente nas guerras étnicas, que o autor Matéi Visniec denuncia com força e muito pudor. Se a sua escrita descreve o horror abjecto, as suas palavras interpelam-nos pela sua profundidade e pela sua tocante sensibilidade.

Muriel Hublet
Plasir d’Offrir, Janeiro 2015

Com A mulher como campo de batalha, o dramaturgo romeno Matéi Visniec quis destacar o horror assimilado por duas mulheres em consequência da guerra da Bósnia; (…) uma peça para duas actrizes que é ao mesmo tempo difícil, plena de esperança e indubitavelmente metafórica.
Pierre-Alexandre Buisson
Bible Urbaine, 27 de Fevereiro de 2017

A guerra é o horror. Visniec di-lo num texto sem floreados, onde a simplicidade do verbo faz ressoar a violência do tema.
Catherine Richon
Theatre Online, Dezembro de 2001

A mulher como campo de batalha (2020)
(página principal)

Comments are closed.