Às quintas-feiras, A Escola da Noite pratica o preço único de 5 Euros, no âmbito da iniciativa “Quintas no Teatro”.
Aproveite e venha conhecer o nosso mais recente espectáculo: “O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos.
Às quintas-feiras, A Escola da Noite pratica o preço único de 5 Euros, no âmbito da iniciativa “Quintas no Teatro”.
Aproveite e venha conhecer o nosso mais recente espectáculo: “O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos.
A história é simples: três prostitutas partilham o quarto onde vivem e recebem os seus clientes. O dono da casa acha que elas estão a render pouco e exerce sobre elas todo o tipo de violência – ameaças, chantagem, extorsão, tortura -, com a ajuda de uma espécie da capanga.
Mas não é preciso recuar à ditadura militar brasileira dos anos 60 (altura em que a peça foi escrita) para sentir a força da metáfora. Olhando para estas três personagens, vítimas de um poder abusado e ilegítimo, questionamo-nos necessariamente sobre as formas que temos de lhe reagir.
Ontem e hoje, porque há sombras estranhas que insistem em atravessar décadas e oceanos.
Quem me interessa é a patota que se embala e se agarra nas coisas com unhas e dentes. Esses que fuçam nas cocheiras. Que fazem das tripas coração pra discutir uma partida de futebol. E apesar de tudo, agradecem aos seus orixás por estarem vivos. Amam até as últimas consequências. matam e morrem por um amor contrariado. Porém, nunca recusam o amor, nem curtem a fossa.
Plínio Marcos
in “Quem conta um conto…”, Última Hora, 18/01/1972
De todas as peças que analisaram a situação brasileira pós-1964, O Abajur Lilás se distingue certamente como a mais incisiva, dura e violenta. Plínio Marcos fundiu nela, mais do que em outras obras-primas, talento e ira. (…)
O Abajur Lilás existe como vigoroso documento humano, sem falsificações de nenhuma espécie. Plínio não sucumbiu ao lugar-comum de pintar uma prostituta boazinha, vítima da sociedade. Na áspera luta pela sobrevivência, elas se trucidam tanto quanto desejam ver-se livres do explorador. O texto contém a amarga realidade dos seres que se agitam na imanência, distantes de uma vida transcendente. Agudo diagnóstico de um dramaturgo que se intitula “repórter de um tempo mau”.
Sábato Magaldi
in O Estado de São Paulo, 19/07/1980