O Porco de Pé | EXCÉNTRICAS PRODUCIÓNS

“O Porco de Pé” é uma adaptação da novela com o mesmo nome, publicada pelo escritor Vicente Risco em 1928.
O Porco, o animal totémico dos cozidos e dos entrudos, entra pelos teatros para demonstrar a sua superioridade sobre os seres humanos. Excéntricas apresenta-nos um teatro de barracão, aquele que, na infância, nos fascinava e assustava ao mesmo tempo. Uma lanterna mortiça, um chão de serradura, uma cortina vermelha e, de repente, aparece o porco numa elegante pose de equilibrista, a suster-se sobre os pés, a fingir-se um ser humano, com tanta graciosidade que se torna impossível distingui-lo.
Há cerca de cem anos, Vicente Risco detectou uma nutrida presença porcina vestida com elegantes casacos e chapéus, que se confundia com os próprios burgueses. Descobriu que estavam entre NÓS! A divertidíssima sátira do autor nascido em Ourense, a meio caminho entre o circo, o barracão, os fantoches e o cabaret, tem hoje mais actualidade que nunca. Nesta viagem à fascinante década de 20 do século XX, passam, como numa lanterna mágica, anarquistas, capitalistas, agraristas, proxenetistas, golpistas, vanguardistas, caciquistas, cupletistas, mentalistas, futuristas e budistas.
A Producións Excéntricas inventa, para reinventar este retrato de NÓS, um teatro de fenómenos cheio de monstros de barracão. Sucessivas personagens grotescas, caricaturais como marionetas, representam a aguda visão do míope Risco, a partir dos princípios da farsa popular. Uma história de corrupção política e de amor, reflectida pelos espelhos deformantes de uma feira popular.

“O Porco de Pé” (fotografia © Sabela Eiriz)

O espectáculo estreou em Março de 2022, no Teatro Principal de Ourense. Em menos de uma semana, cerca de 2.000 pessoas aplaudiram o esforço dos artistas, maravilhados pela capacidade de transformação e multiplicação que exibem. No final, só três vêm agradecer os aplausos, mas pelo palco passam Madame Blavatski, o Eloquente Pregoeiro, o Porco Celidonio, Baldomero García, o Alfaiate Nogueira, Dona Nicasia, o Doutor Alveiros, os cabeças falantes Outeiriño e Forcadela, o Advogado Barbeito, Lolita Piné, os Siameses de Ventosela, Suso e Clodomiro, o Conde, a Venus Victrix, as Criaturas Sonhadas (o Anarquista, a Porca Vingativa, o Niilista, a Fascistóide, o Matachin Bolchevique), a Tenista Celidonia, Miguel Primo de Rivera, a Mulher-Aranha, o Demo e pessoas que vão à homenagem a Don Celidonio.
O caleidoscópio de Risco exibido pelo Barracão das Excéntricas!

TEATRO
O Porco de Pé
EXCÉNTRICAS PRODUCIÓNS
28 de Setembro de 2023
quinta-feira, 19h00
> Teatro da Cerca de São Bernardo
> 90 min > M/14 > 5€

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

autor Vicente Risco versão e dramaturgia Pepe Sendón encenação e dramaturgia Quico Cadaval
elenco Patricia Vázquez, Victor Mosqueira, Evaristo Calvo cenografia e figurinos Carlos Alonso iluminação Octavio Mas espaço sonoro Piti Sanz pendão e fantoche Kukas maquinaria de cena Pepe Quintela técnico em digressão Javier Gey design Javier de la Rosa – Milicia Gráfica vídeo Natasha Lelenco fotografia Sabela Eiriz Unidade Didáctica Fundación Vicente Risco produção Rubén G. Pedrero

Prémio María Casares para Melhor Adaptação/Tradução 2023
Prémio Maria Casares para Melhor Actor Secundário 2023
Prémio María Casares para Melhores Figurinos 2023

O PORCO DE PÉ conta com o apoio da Xunta de Galicia e Agadic, no âmbito da “Subvención a Creación Escénica 2021”.

“O Porco de Pé” (fotografia © Sabela Eiriz)

EXCÉNTRICAS PRODUCIÓNS
Fundada em 2004, a Producións Teatrais Excéntricas desenvolve os seus trabalhos no território da comédia e da farsa e investiga nos delicados mecanismos do humor. Serve de plataforma para as criações de Mofa & Befa como “Finis Mundi Circus”, “Sempre ao Lonxe”, “Cociña Económica”, “Cranios Privilexiados” ou “Shakespeare para Ignorantes”. Também explora outras formas do humor mais sarcástico como em “Obra”, “Un Cranio Furado”, “Oeste Solitario”, “Da Vinci Tiña Razón!” e “Os amores de Jacques o fatalista”. Serve ainda de plataforma de criação dos espectáculos unipessoais de Quico Cadaval e dos musicais de Piti Sanz.
Tem participado em vários festivais como Almada, Monterrey, FIOT, FETEGA, Ribadavia, SINGLOT, Cómico da Maia, Iberoamericano de Bogotá ou Almagro, festival que co-produziu “Bobas & Galegas”. Recebeu em 2017 o “Premio de Honra Roberto Vidal Bolaño ao Mérito nas Artes Escénicas” atribuído pela Mostra Internacional de Teatro de Ribadavia.

VICENTE RISCO
Vicente Risco (Ourense, 1884-1963) foi um intelectual galego, membro da Geração Nós. É considerado um dos mais importantes teóricos do nacionalismo galego. Formou-se em Direito e trabalhou como funcionário público e professor de História. A partir de 1917, por influência de Antón Losada Diéguez, integra o galeguismo, junta-se às Irmandades da Fala, escreve em galego e entra na política activa. Participa como fundador e director da revista Nós (1920-1936), com Castelao, e no Seminario de Estudos Galegos (1923-1936), no qual dirige a secção de Etnografía e Folclore. Em 1919 passa a ser membro da Real Academia Galega. No campo político, colabora com “A Nosa Terra” e, em 1920, edita a “Teoría do nacionalismo galego”. Entre 1922 e 1924 dirige a Irmandade Nazonalista Galega. Com Ramón Otero Pedrayo e Antón Losada Diéguez, integra as tendências católicas e galeguistas do pré-guerra e sintetiza a ideia nacional da Galiza: língua, território, etnia, organização social, mentalidade e sentimento de apego à terra, expresso na vida do campo tradicional. Defende um modelo federal ou confederal das “nações ibéricas”, incluindo Portugal, e a criação de uma civilização atlântica face à decadência espiritual do continente.
Com a República, participa activamente na criação do Partido Galeguista em Dezembro de 1931. Em 1936, quanto este se alia à Frente Popular, decide abandonar o Partido e tenta, sem êxito, uma alternativa galeguista de direita. Depois do golpe fascista de 1936, concentra-se na produção literária e na investigação etnográfica e histórica. O seu silêncio perante as perseguições e os assassinatos de que muitos dos seus antigos companheiros nacionalistas foram vítimas fez com que vários membros do Partido Galeguista, incluindo Castelao desde o exílio, viessem a acusá-lo de traição.
Entre a sua vasta produção literária destacam-se “Teoría do nacionalismo galego” (1920), “A coutada” (1926), “O porco de pé” (1928), “O bufón d’El Rei” (1928), “Nós, os inadaptados” (1933), “Mitteleuropa” (1934), “Historia de Galicia” (1952), “La puerta de paja” (1953), “Leria” (1961) e “El Orense perdurable” (1961), entre outras.

[MOSTRA DE TEATRO GALEGO EM COIMBRA 2023]

Comments are closed.