De perto, uma pedra | JOÃO FIADEIRO / CITEMOR 2019
A Escola da Noite volta a ter o prazer de acolher parte da extensão a Coimbra do Citemor – Festival de Teatro de Montemor-o-Velho. João Fiadeiro vem pela primeira vez ao Teatro da Cerca de São Bernardo e apresenta a sua mais recente criação.
Faça-nos companhia!
“De perto, uma pedra” completa a frase que poderia ter sido escrita por Bruno Munari na sequência de “From afar it was an island”, título de um livro para crianças que “pedi emprestado” para nomear o espectáculo que estreou no Festival DDD no Porto de 2018 (a partir de uma encomenda do Alkantara Festival).
“De perto, uma pedra” é uma nova abordagem de “From afar it was an island” que propõe exactamente aquilo que o título sugere: proporcionar ao espectador/visitante que olhe de perto (e por dentro de) um trabalho que foi originalmente desenhado para ser olhado de longe (e por fora). Este movimento de re-visitação para ambientes in situ de obras originalmente desenhadas para palco é uma prática cada vez mais recorrente no meu percurso. Retomar e remontar a mesma matéria, mas em modo unplugged, lo-fi , libertando-a da tirania da narrativa que o aparato teatral obriga, é cada vez mais recorrente na relação com os objectos e artefactos que João Fiadeiro produz. Como se, para suspender a expectativa do espectador (e activar uma percepção da ordem do sensorial e do sensível), fosse necessário retirá-lo do “lugar marcado” (fixo, imóvel, inerte) que este ocupa na plateia.
“From afar it was an island” e “De perto, uma pedra” são coreografados com gestos armazenados pelo cinema, todo “escrito” com essas “palavras”, e com a tensão que é mantida no interior desses fragmentos. Um conjunto de mais de uma centena de filmes dos quais foram extraídas pessoas que se vestem, caminham, param, esperam, conversam… O raccord, próprio da linguagem cinematográfica, será o princípio capaz de articular relações entre esses gestos: alguém enche um copo de água na mesa da sua cozinha CORTA PARA outro alguém que derruba um copo de vodka no balcão de um bar. Na mesa de edição o raccord que uniria esses dois gestos não esconderia o salto espacial e temporal que separa as duas cenas, que podem, inclusive, ser de dois filmes diferentes. No teatro, no entanto, temos a unidade espacial e temporal do palco, e temos o corpo que se apropria e une as duas cenas, sem que possamos notar o instante exacto em que uma cena acaba e outra começa. Os gestos acumulam-se, o futuro não é previsível e o passado não é escrito. Os gestos são contidos no presente da sua própria presença, e no entanto continuam. Em “From afar it was an island” o gesto fixado pelo cinema é possuído pelo fantasma do gesto da dança: o esquecimento.”
(Leonardo Mouramateus)
conceito João Fiadeiro co-direcção João Fiadeiro, Leonardo Mouramateus, Carolina Campos performance e co-criação Carolina Campos, Adaline Anobile, Márcia Lança ou Nuno Lucas, Iván Haidar e Julián Pacomio captação sonora em tempo real João Bento luz Leticia Skrycky espaço João Fiadeiro e equipa a partir do espaço cénico de “From afar it was an island” de Nadia Lauro (cenografia), Gabriela Forman (figurinos) e Bruno Bogarim (objectos) produção Sinara Suzin difusão Somethinggreat
co-produção (De perto, uma pedra) Temps d’Image / Duplacena; Atelier REAL
co-produção (From afar it was an island) Alkantara; Festival DDD; Teatro Viriato; Teatro Avenida; Centre National de la Danse
apoio: Câmara Municipal de Lisboa/ Polo Cultural Gaivotas | Boavista
“From afar it was an island” foi financiado pela Direcção-Geral das Artes
DANÇA
From afar it was an island. De perto, uma pedra
João Fiadeiro
25 de Julho de 2019
quinta-feira, 21h30
M/6 > 50’ > preço definido pelo espectador
informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt