A Escola da Noite e a Bonifrates estão mais uma vez juntas nas comemorações do 25 de Abril em Coimbra.
Este ano é ainda à distância, com um recital transmitido online, a partir da página de facebook do Ateneu de Coimbra.
Faça-nos companhia!
A Escola da Noite e a Bonifrates estão mais uma vez juntas nas comemorações do 25 de Abril em Coimbra.
Este ano é ainda à distância, com um recital transmitido online, a partir da página de facebook do Ateneu de Coimbra.
Faça-nos companhia!
A Escola da Noite está a ensaiar “Cidade, Diálogos”, com textos de Gonçalo M. Tavares seleccionados a partir do livro “O Torcicologologista, Excelência”. Encenado por António Augusto Barros, o espectáculo tem estreia prevista para a primeira quinzena de Maio, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.

Publicado pela Editorial Caminho em 2015, “O Torcicologologista, Excelência” é definido pelo próprio autor como um “livro estranho”, “muito diferente”, que “tenho dificuldade em aproximar de qualquer outro”. A obra divide-se em duas partes. Na primeira, integralmente composta por diálogos, “duas excelências, dois senhores que se tratam com muito respeito vão falando sobre várias questões e acima de tudo sobre o absurdo da linguagem, tentando entender o mundo e tentando entender os buracos da linguagem”. Na segunda, assistimos a um exercício de observação das pessoas na cidade, identificadas por números. “É uma espécie de zoom por uma cidade, focando um homem que está doente, uma mulher que acabou de se divorciar, um homem que está a correr para ir buscar um filho, tentando pensar o que é uma cidade”, afirmou Gonçalo M. Tavares numa entrevista a propósito da edição do livro.
Cidade, Diálogos
A escolha da obra de Gonçalo M. Tavares insere-se numa das linhas de trabalho que definem o projecto d’A Escola da Noite: a transposição cénica de textos não especificamente teatrais – poesia, contos, parábolas –, caminho que levou já a companhia a autores como Thomas Bernhard, Kafka, Ruy Duarte de Carvalho, Javier Tomeo ou José Rubem Fonseca, entre outros.A forma dialogal em que se baseia a primeira parte de “O Torcicologologista, Excelência” é herdeira da tradição do “diálogo filosófico”, como o próprio autor assume: “o diálogo obriga a aparecerem coisas que não apareceriam de outra maneira e é interessante que o diálogo platónico, de onde parte tudo, de alguma maneira, tinha muito esta ideia de que só é possível chegar à verdade através de duas pessoas. O diálogo verdadeiramente diálogo é aquele que me obriga a dizer algo que eu não diria se não tivesse um interlocutor”. Ainda que distante do género teatral, esta tradição encontra-se com o Teatro na obra de autores como Samuel Beckett, cuja obra A Escola da Noite já visitou por duas vezes e que é figura central no único livro de Gonçalo M. Tavares definido como Teatro: “A colher de Samuel Beckett e outros textos” (Campo das Letras, 2003).
Na segunda parte do livro – “Cidade” – um número indeterminado de humanos cumpre um ritual de voyeurismo cínico. Parecem elaborar ou actualizar um relatório, aparentemente objectivo, sobre a vida íntima dos habitantes da cidade, através de microscópicas visões das suas pequenas tragédias, gestos, afectos, paixões, equívocos. Parecem perseguir a utopia de radiografar, apreender, a vida da cidade, o pulsar da sua humanidade. Desse gesto, porque são os observadores que produzem o discurso, afloram, inevitavelmente, interpretações e subjectividades.
Com um espaço cénico que tira partido da versatilidade do Teatro da Cerca de São Bernardo e que irá surpreender os espectadores, o novo espectáculo d’A Escola da Noite prossegue a “investigação sobre a linguagem” que o próprio Gonçalo M. Tavares assumiu como característica deste livro: quanto às relações entre as palavras e o movimento, o espaço e a música e quanto ao lugar do ser humano nesse processo de relação com o outro – emissão/recepção; fala/escuta; poder/submissão; pontos, meios e focos de observação das cidades e do mundo em que habitamos.
Gonçalo M. Tavares
Gonçalo M. Tavares nasceu em Luanda em 1970. É autor de uma vasta obra que está a ser traduzida em cerca de cinquenta países. É considerado um dos mais inovadores escritores europeus, pela forma como rompe as habituais fronteiras entre géneros literários – “não há nenhum género literário puro, todos os géneros literários são impuros, mestiços, morenos, são géneros literários de infinitas raças simultâneas”, afirmou numa entrevista, em 2018.
Foi distinguido com mais de vinte prémios literários, em Portugal e no estrangeiro: Prémio Fernando Namora (“Uma viagem à Índia”, 2012); Grande Prémio de Romance e Novela da APE e Prémio Fundação Inês de Castro (“Uma viagem à Índia”, 2011); Prix du Meilleur Livre Étranger – França (“Aprender a rezar na era da técnica”, 2010); Premio Internazionale Trieste Poesia – Itália (“1”, 2008); Prémio Oceanos – Brasil (“Jerusalém”, 2007); Prémio José Saramago (“Jerusalém”, 2005), entre outros. Em 2018, recebeu o primeiro prémio pelo conjunto da sua obra, o Prémio Literário Vergílio Ferreira, pela “originalidade da sua obra ficcional e ensaística, marcada pela construção de mundos que entrecruzam diferentes linguagens e imaginários”.
As artes no centro de uma reflexão persistente
Tal como a dança, o cinema e as artes plásticas, também a forma teatral ou para-teatral está presente em muitas das suas ficções e investigações. A publicação do “Atlas do Corpo e da Imaginação” (Caminho, 2013) confirma que as artes são o centro de uma reflexão persistente no trabalho de Gonçalo M. Tavares. Estas incursões no terreno das artes têm feito com que os seus textos saltem dos livros e se repercutam em experiências próprias (com o grupo “Os Espacialistas”) ou em explorações alheias que têm dado origem a objectos artísticos miscigenados e a vários espectáculos de teatro e dança. Numa entrevista recente ao Jornal de Letras, o autor mostra-se satisfeito com essa realidade: “Muitos dos meus livros têm, de facto, dado origem a coisas fora da literatura. Transitam por várias fronteiras. E essa é uma das coisas mais interessantes e até recompensadoras, para mim, ver que saem do leitor e entram no domínio da dança, do teatro, da performance, do vídeo. Há sempre alguém a fazer qualquer coisa sobre os meus textos, uma espécie de leitores-criadores. É uma resposta criativa a uma criação”.
A Escola da Noite vem agora juntar-se a esse caudal com “Cidade, Diálogos”, a 71.ª criação do seu percurso artístico, que contará com as interpretações de Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Miguel Magalhães e Paula Garcia.
A Escola da Noite retoma esta semana a temporada de “A mulher como campo de batalha”, de Matéi Visniec. A mais recente criação da companhia está em cena de quinta a domingo, no Teatro da Cerca de São Bernardo.

“A mulher como campo de batalha”, de Matéi Visniec, é a 70.ª criação d’A Escola da Noite. Com encenação de Sofia Lobo e as interpretações de Ana Teresa Santos e Paula Garcia, o espectáculo estreou no final de Outubro e volta agora a cena, para a segunda semana da temporada, entre 12 e 15 de Novembro, de quinta a domingo. A terceira e a quarta semanas da temporada em Coimbra estão previstas para os dias 26 de Novembro a 6 de Dezembro.
Com o título alternativo, proposto pelo próprio autor, de “Do sexo da mulher como campo de batalha na guerra da Bósnia”, a peça foi escrita em 1996 e constitui um pujante retrato da guerra e da forma particular como as mulheres são vítimas directas e indirectas da barbárie, nesta e em outras guerras.
Dorra, vítima de violação durante a guerra da Bósnia, conhece Kate, psicanalista norte-americana, já fora do território em que as atrocidades foram cometidas. A relação que se estabelece entre as duas personagens e as memórias de cada uma convocam-nos para uma reflexão sobre os nacionalismos, a xenofobia e a violência extrema, mas também sobre os clichês e os lugares-comuns que demasiadas vezes condicionam as relações entre as pessoas e os povos.
Novembro no TCSB
A programação de Novembro do Teatro da Cerca de São Bernardo inclui ainda a estreia do novo espectáculo da Marionet, “A Revolução dos Corpos Celestes” (19 a 22 de Novembro) e a apresentação em Coimbra da colectânea “Inéditas”, conjunto de peças de Abel Neves editado pela Húmus (28 de Novembro).
As datas e os horários destes espectáculos, que para já se mantém como foram anunciados, podem vir a ser alterados, em função das medidas de combate à propagação da Covid-19 que forem decretadas para o concelho de Coimbra.
Teatro da Cerca de São Bernardo
Programação de Novembro de 2020
TEATRO
A mulher como campo de batalha
de Matéi Visniec
A Escola da Noite
12 a 15 e 26 a 29 de Novembro de 2020
3 a 6 de Dezembro de 2020
quintas, 19h00; sextas e sábados, 21h30; domingos, 16h00
M/14 > 1h30′ > 5 a 10 €
TEATRO (ESTREIA)
A Revolução dos Corpos Celestes
Marionet
19 a 22 de Novembro de 2020
quinta a sábado, 21h30
domingo, 16h00
M/12 > 60′
Preços: 5 a 10 Euros
TEATRO | APRESENTAÇÃO DE LIVRO
Inéditas
de Abel Neves
com a presença do autor e leitura de excertos das peças pelo elenco d’A Escola da Noite
28 de Novembro de 2020
Sábado, 17h00
entrada gratuita
org. Edições Húmus / A Escola da Noite
informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt
Bilhetes à venda no TCSB e na Ticketline
Covid-19 – Plano de Prevenção e Contingência do TCSB
De acordo com a Orientação da DGS 28/2020, de 28 de Maio, e o Plano de prevenção e contingência do TCSB, a lotação e a ocupação da sala estão condicionadas: os lugares são marcados e é respeitada a distância de uma cadeira entre cada lugar ocupado. É obrigatória a utilização de máscara no interior do Teatro e o cumprimento das demais condições de segurança indicadas à entrada do edifício.
A Escola da Noite estreia esta semana “A mulher como campo de batalha”, de Matéi Visniec. O espectáculo tem encenação de Sofia Lobo e cumprirá uma temporada de 16 sessões, até ao início de Dezembro.

“A mulher como campo de batalha”, de Matéi Visniec, 70.ª criação d’A Escola da Noite, estreia a 29 de Outubro no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.
Com o título alternativo, proposto pelo próprio autor, de “Do sexo da mulher como campo de batalha na guerra da Bósnia”, a peça foi escrita em 1996 e constitui um pujante retrato da guerra e da forma particular como as mulheres são vítimas directas e indirectas da barbárie, nesta e em outras guerras.
Dorra, vítima de violação durante a guerra da Bósnia, conhece Kate, psicanalista norte-americana, já fora do território em que as atrocidades foram cometidas. A relação que se estabelece entre as duas personagens e as memórias de cada uma convocam-nos para uma reflexão sobre os nacionalismos, a xenofobia e a violência extrema, mas também sobre os clichês e os lugares-comuns que demasiadas vezes condicionam as relações entre as pessoas e os povos.
O espectáculo conta com as interpretações de Ana Teresa Santos e Paula Garcia. A temporada de quatro semanas, intercalada com outra programação do TCSB, estende-se até 6 de Dezembro. Os bilhetes custam entre 5 e 10 Euros e podem ser reservados pelos contactos habituais do TCSB ou comprados na internet, através da Ticketline.
Coimbra
Teatro da Cerca de São Bernardo
TEATRO
A mulher como campo de batalha
de Matéi Visniec
A Escola da Noite
encenação e espaço cénico Sofia Lobo
interpretação Ana Teresa Santos e Paula Garcia
tradução Ana Teresa Santos e Sofia Lobo
figurinos e adereços Ana Rosa Assunção
desenho de luz Danilo Pinto
sonoplastia Zé Diogo
fotografia e vídeo Eduardo Pinto
29 de Outubro a 1 de Novembro de 2020
12 a 15 e 26 a 29 de Novembro de 2020
3 a 6 de Dezembro de 2020
quintas, 19h00; sextas e sábados, 21h30; domingos, 16h00
M/14 > 1h30′
informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt