4:48 Psicose, de Sarah Kane, dir. Ánxeles Cuña Bóveda | CLUBE DE LEITURA TEATRAL 

Ánxeles Cuña Bóveda

No passado dia 11 de Junho li no jornal Diario.es: “Em Espanha, mais de quatro mil pessoas suicidaram-se em 2022”. Mais 25% do que no ano em que Sarah Kane decidiu acabar com a vida, enforcando-se na casa de banho de um hospital com os atacadores das suas sapatilhas. Hoje fala-se de pandemia silenciosa para descrever esse aumento, que converteu o suicídio na principal causa de morte entre as mulheres até aos 30 anos. Tudo mudou muito desde que aquela filha do thatcherismo que convulsionou o teatro dos finais do século XX escreveu a sua última obra, “4:48 Psicose”, antes de abandonar este mundo, com apenas 28 anos.

Ánxeles Cuña Bóveda

“4:48 Psicose” é a última peça da dramaturga inglesa Sarah Kane (1971–1999) e viria a ser estreada no Royal Court Theatre no ano 2000, já após a sua morte. Num registo indissociável da biografia e do estado de saúde da escritora, o texto aborda os temas da depressão, da busca do amor e da felicidade, da mortalidade, da relação da própria autora com o seu trabalho e com a sua identidade de género. Densa, fragmentada e não linear, a peça inclui diferentes formatos: diálogos entre médico e doente, monólogos, listas (medicamentos, números, verbos), poemas.
Em Portugal, a peça foi pela primeira vez apresentada pelos Artistas Unidos, em 2001, com encenação de João Fiadeiro as interpretações de Gracinda Nave e Miguel Borges.

TEATRO | LEITURA
4:48 Psicose, de Sarah Kane
dir. Ánxeles Cuña Bóveda 

CLUBE DE LEITURA TEATRAL 
3 de Outubro de 2023 
terça-feira, 18h30
> TAGV 
> entrada livre
co-org. A Escola da Noite / TAGV

SARAH KANE
Nasceu em Londres a 3 de Fevereiro de 1971, filha de pais jornalistas. “Blasted”, a sua primeira peça, estreou em Janeiro de 1995 (no Royal Court Theatre) numa encenação de James Macdonald, “Phaedra’s Love” seria a segunda, encomendada pelo Gate Theatre e estreada em Maio em 1996 numa encenação da própria Sarah Kane. Seguiu-se “Cleansed”, dirigida por James Macdonald em Abril de 1998 e Crave em Agosto do mesmo ano, escrita sob o pseudónimo Marie Kelvedon e dirigida no teatro Paines Plough por Vicky Featherstone. Encenou, além disso, o “Woyzeck”, de Georg Büchner. Morreu em Londres a 20 de Fevereiro de 1999. Em Julho de 2000 estreou “4.48 Psicose” (no Royal Court) encenada por James Macdonald. Escreveu um argumento para televisão, “Skin” (Channel Four/British Screen). A sua obra tem interessado recentemente os mais diversos encenadores, como Peter Zadek, Bernard Sobel, Jean-Marie Patte, Barbara Nativi e Thomas Ostermeier.

ÁNXELES CUÑA BÓVEDA
Nasceu em Pontevedra, Galiza, em 1957.
Licenciada em Ciências da Educação pela Universidade de Santiago
de Compostela. Técnica Superior em Expressão pela Escola de Expresión de Barcelona. Professora, pedagoga, dramaturga. Directora da companhia Sarabela Teatro e do Festival Internacional de Teatro de Ourense. Foi directora do Centro Dramático Galego (2005/06). Foi deputada no Parlamento da Galiza. Dirigiu cerca de 40 espectáculos de teatro, entre os quais “A Esmorga”, de Eduardo Blanco-Amor; “Tics”, de Couceiro, Cuña, Dacosta e Muñoz; “Así que pasen 5 anos”, de Federico García Lorca; “Leoncio e Helena”, de Georg Büchner; “Cama dous por dous para dous”, de S. Belbel; “O incerto señor don Hamlet, Príncipe de Dinamarca”, de Álvaro Cunqueiro; “O lapis do carpinteiro” (baseada na novela homónima de M. Rivas); “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago; “Normas para saber vivir na sociedade contemporânea”, de Jean-Luc Lagarce; “Medea”, adaptação da novela de Christa Wolf; e “Morgana en Esmelle” (baseada na novela homónima de Begoña Caamaño).
Escreveu e dirigiu as peças “Margar no pazo do tempo”, “Dáme veleno, eu tamén soñar”, “Konrad, o neno que chegou nunha lata de conservas”, “Rosalía: os cantares das musas”, “A gata con botas”. Estão publicadas: “Os sonhos de Caín”, “Tics”, “A illa amarela” (adaptação e dramaturgia da obra de Paloma Pedrero), “A gata con botas” e “Febre”.
Foi distinguida com os Prémios FETEN, de Gijón; Prémios María Casares (4 vezes); Prémio do espetador no FIOT de Carballo; Prémio Celestina da crítica de Madrid; Prémio Clara Campoamor; Prémio Max para melhor texto, por “Dáme veleno, eu tamén soñar”. Recebeu 5 Prémios de Honra: Xiria, Abrente, Pals de Rei, FETEGA e AELG (Associación de Escritores en Lingua Galega).

[MOSTRA DE TEATRO GALEGO EM COIMBRA 2023]

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