Archive for Abril, 2010

Um bálsamo e um safanão

Sexta-feira, Abril 9th, 2010

Rubem Fonseca © Abril Press

“Se o leitor português conhece A grande arte, Agosto ou Vastas emoções e pensamentos imperfeitos, do brasileiro Rubem Fonseca, este O buraco na parede já o tem conquistado. Mas, se não conhece, bem pode ser uma iniciação à excelente arte de contar de um dos maiores escritores de língua portuguesa da actualidade a quem o labéu de policial nunca pôde obrigar a descer um único degrau nos estatutos da literatura civilizada. Um bálsamo, por um lado. Um safanão, também.”

Francisco José Viegas, in revista “Ler”, Inverno/96

O buraco na parede é uma obra-prima do conto, verdadeira síntese de arte de Rubem Fonseca” em que” (…) o essencial, se não for o aprofundamento notório do trabalho estilístico, com o registo acurado das variações da linguagem, do simples diálogo ao extenso monólogo, ou as situações excepcionais, ou o desencadeamento imprevisível dos factos, ou os desfechos desconcertantes, será a persistência da mais notável característica da ficção de Rubem Fonseca: dar a ver a cidade, a vida e a violência da cidade em cada pormenor de cada história. Como se cada conto fosse um outro buraco para espreitar a cidade.”

Abel Barros Baptista, in Público, 9.3.96

“Persistentemente, Rubem Fonseca considera, com excepcional ímpeto celebrante, a enumeração de processos ficcionais em que é sacrificada qualquer fácil solução estrutural e onde nos surge a turbulência de diversas propostas constitutivas da sua distinta narração.”

José Emílio-Nelson, in Jornal de Notícias, 30.5.95

TRILOGIA 1 José 2 Rubem 3 Fonseca

Quinta-feira, Abril 8th, 2010

Nos próximos dias 15, 22 e 29 de Abril estreiam no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, três espectáculos a partir da obra de Rubem Fonseca:

TRILOGIA 1 José 2 Rubem 3 Fonseca.

Uma trilogia Rubem Fonseca, com dramaturgia e encenação de António Augusto Barros, numa co-produção d’A Escola da Noite com a Companhia de Teatro de Braga. Os espectáculos estão em cena em Coimbra até 1 de Maio, de quinta a sábado, sempre às 21h30, de acordo com o seguinte calendário

3 Fonseca      15, 16 e 17 de Abril

2 Rubem        22, 23 e 24 de Abril

1 José           29, 30 de Abril e 1 de Maio

Rubem Fonseca nasceu em Minas Gerais em 1925, mas vive no Rio de Janeiro desde os oitos anos. O seu universo literário é fortemente marcado pelo quotidiano e pela violência latente das grandes cidades, num registo em que o humor, o humor negro, a trama de policial (e, a espaços, a escatologia) servem, afinal, a profunda humanidade das personagens que o habitam.

Formado em direito e com uma (curta) carreira de investigador policial, Rubem conviveu muito de perto com as tragédias humanas que povoam os seus textos. Vem talvez daí a sua recusa tanto em justificar ou relativizar as diferentes formas de violência entre os homens, quanto em produzir discursos universais e moralistas. A complexidade dos homens – dos seus comportamentos, dos seus afectos, dos seus instintos – dá-se mal com as fórmulas simples em que tantas vezes a queremos resumir.

Também por isso, a obra de Rubem Fonseca merece uma leitura abrangente, capaz de descobrir e dar a conhecer as continuidades, as complementaridades, os cruzamentos, os pontos de contacto entre os seus oito romances e as várias dezenas de contos que publicou.

É essa leitura que nos propomos fazer, através do teatro, ao transpor para o palco (pela primeira vez em Portugal) cerca de 20 dos seus contos em três espectáculos diferentes que podem ser vistos autonomamente (um por dia) mas onde os espectadores que virem os três poderão perceber soluções de continuidade que os ligam e ficar com uma imagem mais abrangente da produção literária do escritor brasileiro.

Este espectáculo é a segunda co-produção entre A Escola da Noite e a Companhia de Teatro de Braga, a primeira foi “Sabina Freire” de Manuel Teixeira Gomes, com encenação de Rui Madeira.

Estão definidas condições de acesso especiais para quem queira assistir aos três espectáculos.

um olhar cinematográfico sobre o real

Terça-feira, Abril 6th, 2010

Foi em 2003 que o escritor brasileiro Rubem Fonseca ganhou o Prémio Luis de Camões, concedido anualmente pelos governos de Portugal e Brasil a autores de língua portuguesa. Um prémio de elevado prestígio que já laureou nomes como Miguel Torga, Vergílio Ferreira, José Saramago, Eduardo Lourenço, Sophia de Mello Breyner, António Lobo Antunes e recentemente Arménio Vieira, Rubem Fonseca é o sexto autor brasileiro a alcançar este feito, depois de Jorge Amado (1994) ou Autran Dourado (2000).

O júri, composto pelos portugueses Eduardo Prado Coelho e Isabel Pires de Lima, os brasileiros Zuenir Ventura e Heloísa Buarque de Hollanda, o moçambicano Artur dos Santos e o angolano Pepetela como presidente do júri – também ele vencedor em 1997 – justificaram a escolha de Rubem Fonseca afirmando que os seus contos “contemplam um experimentalismo exemplar com recurso a múltiplos registos oralizantes de linguagem e a um olhar cinematográfico sobre o real” e destacando ainda o olhar do autor sobre a questão social e os conflitos do quotidiano urbano.

José Rubem Fonseca, brevemente no TCSB, na segunda co-produção d’A Escola da Noite com a Companhia de Teatro de Braga!

(foto de José Henrique Fonseca)

brevemente!

Segunda-feira, Abril 5th, 2010

A estreia da segunda co-produção d’A Escola da Noite com a Companhia de Teatro de Braga aproxima-se; com encenação e dramaturgia de António Augusto Barros, a partir de textos de Rubem Fonseca, o espectáculo é apresentado primeiro em Coimbra e depois em Braga.