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os direitos humanos são uma ficção

Sábado, Dezembro 10th, 2011

Maria João Robalo e Miguel Lança, Animais Nocturnos (ensaio)

A lei da imigração é uma lei perversa que coroa uma sociedade perversa: tratamos assim os estrangeiros porque tratamos os outros assim. Mostra que os direitos humanos são uma ficção, uma fantasia. Só existem os direitos de cidadania, associados a passaportes, a documentos. Mas aceitar isto é gravíssimo, porque me põe também a mim em perigo. Aceitar a lei supõe que o estado pode a dado momento declarar-nos a nós invisíveis e ilegais.

Juan Mayorga, em entrevista à revista Artistas Unidos (n.º 10, Março 2004)

 

Hoje é o dia internacional dos direitos humanos e logo à tarde há debate no bar do Teatro. Na quinta-feira estreia Animais Nocturnos.

Debate sobre direitos humanos no TCSB

Quinta-feira, Dezembro 8th, 2011

A Escola da Noite acolhe no TCSB, no próximo sábado, dia 10 de Dezembro, pelas 15h00, o debate “Um olhar crítico sobre os Direitos Humanos”, organizado pela “acampada de Coimbra”. A iniciativa tem entrada livre e assinala o Dia Internacional dos Direitos Humanos.

De acordo com a organização, numa altura em que “o mundo numa profunda crise, que reitera a miséria de milhões e arrasta muitas outras pessoas para o desemprego, a fome e a precariedade, há ainda maior necessidade de olhar para os Direitos Humanos consagrados de uma perspectiva crítica”. Para o efeito, são oradores convidados no debate Bruno Kalon Gonçalves (mediador para as comunidades ciganas), José Manuel Pureza (professor de Relações Internacionais) e os investigadores do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Raúl Llasag e Jonas Van Vossole.
No texto de apresentação do debate, os organizadores lembram que os direitos humanos deveriam garantir o respeito pela pessoa, independentemente do seu género, nacionalidade, cor de pele, orientação sexual ou idade. No entanto, afirmam, “mesmo nos países ditos desenvolvidos, as opressões são aprofundadas”: “muitos dos direitos consagrados na Declaração Universal, e também nas suas Constituições, não passam de letra morta, ou de algo que fica bem lembrar em dias de festa”.
A iniciativa acontece a menos de uma semana da estreia do próximo espectáculo d’A Escola da Noite, “Animais Nocturnos”, de Juan Mayorga. A peça foi escrita em 2002, a partir da situação criada pela Lei de imigração espanhola – uma lei que, nas palavras do próprio autor, divide a sociedade em duas: “há homens com documentos e homens sem documentos”. Esta lei, como a de tantos outros países, estabelece “uma diferença entre uns e outros que torna tentadora, para cada homem com papéis, a possibilidade de dominar o outro, de se aproveitar disso”, lembra o dramaturgo espanhol.