Posts Tagged ‘Plínio Marcos’

pela primeira vez em Coimbra

Quinta-feira, Maio 10th, 2012

 

Ana Meira e Rosário Gonzaga, O Abajur Lilás (foto: Paulo Nuno Silva)

Célia e Dilma já estão em Coimbra. O mocó do Giro abre quarta-feira, na Cerca de São Bernardo.

Estamos à sua espera!

 

um mês em cheio no TCSB

Quarta-feira, Maio 9th, 2012

Maio no TCSB: dois novos espectáculos d’A Escola da Noite e o regresso da ACTA

Domingo, Maio 6th, 2012

Maio é um mês repleto de teatro na Cerca de São Bernardo. Para além dos dois novos espectáculos d’A Escola da Noite (um deles em estreia absoluta), a companhia recebe na sua casa duas peças da ACTA – Companhia de Teatro do Algarve, no âmbito da rede Culturbe.

Maria João Robalo em "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

“O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos, estreado há menos de um mês na cidade de Évora, chega a Coimbra no dia 16 de Maio para uma temporada de duas semanas. Com encenação de António Augusto Barros, esta co-produção com o Cendrev apresenta um elenco misto. Três prostitutas – Dilma, Célia e Leninha (interpretadas, respectivamente, por Rosário Gonzaga, Ana Meira e Maria João Robalo) – partilham o quarto onde vivem e trabalham. O proprietário do prostíbulo (Giro/José Russo) exerce pressão sobre elas para que aumentem a produtividade, socorrendo-se sempre que necessário de Osvaldo, o seu capanga (Miguel Lança).

O espectáculo está em cena no Teatro da Cerca de São Bernardo até 27 de Maio, de terça a sábado à noite e aos domingos à tarde.

em estreia: Santíssima Apunhalada

Apenas uma semana depois da estreia em Coimbra de “O Abajur Lilás”, A Escola da Noite estreia um novo espectáculo, apresentado em horário alternativo. Na sequência do trabalho que vem desenvolvendo em torno da dramaturgia espanhola contemporânea, a companhia apresenta agora “Santíssima apunhalada”, peça curta de Antonio Onetti, um dos autores que recentemente vieram a Coimbra a convite d’A Escola da Noite. O espectáculo tem encenação e interpretação de Igor Lebreaud e Miguel Magalhães: na Sevilha dos dias de hoje, nas vésperas da Semana Santa, um ladrão mal encarado e um travesti anafado e cinquentão encontram-se num jardim, sob o olhar da Virgem, a quem alguém roubou as jóias.

Com a duração aproximada de 30 minutos, o espectáculo estreia a 22 de Maio e é apresentado ao final da tarde (19h00), numa curta temporada de seis dias consecutivos (terça a domingo).

dois espectáculos da ACTA

Logo após as temporadas dos novos espectáculos d’A Escola da Noite, é a vez da ACTA – Companhia de Teatro do Algarve regressar ao palco do TCSB, com uma proposta dupla: “Laço de Sangue” e “Cavalo manco não trota”, ambos com intepretação de Luís Vicente, director artístico do grupo (ao qual se junta, no primeiro caso, o actor Mário Spencer).

TCSB

Maio 2012 – programação

Teatro

[estreia em Coimbra]

O Abajur Lilás

de Plínio Marcos

A Escola da Noite / Cendrev

encenação António Augusto Barros interpretação Ana Meira, José Russo, Maria João Robalo, Miguel Lança, Rosário Gonzaga cenografia João Mendes Ribeiro e Luisa Bebiano figurinos Ana Rosa Assunção luz António Rebocho música André Penas

16 a 27 de Maio

terça a sábado, 21h30; domingos, 16h00

M/16 > 1h40 c/ intervalo > 5 a 10,00

Teatro

[estreia]

Santíssima Apunhalada

de António Onetti

A Escola da Noite

tradução Clara Riso encenação e interpretação Igor Lebreaud e Miguel Magalhães figurinos e elementos cénicos Ana Rosa Assunção luz Danilo Pinto som Eduardo Gama

22 a 27 de Maio

terça a domingo, 19h00

M/12 > 25′ > preço único: 5,00

Teatro

Laço de Sangue

de Athol Fugard

ACTA – Companhia de Teatro do Algarve

encenação Luís Vicente interpretação Luís Vicente e Mário Spencer

29 de Maio terça-feira, 21h30

M/12 > 1h10 > 5 a 10,00

Cavalo manco não trota

de Luis del Val

ACTA – Companhia de Teatro do Algarve

encenação Bruno Martins interpretação Luís Vicente

30 de Maio

quarta-feira, 21h30

M/16 > 1h20 > 5 a 10,00 Euros

faróis

Quarta-feira, Abril 25th, 2012

José Russo, Ana Meira, Miguel Lança e Maria João Robalo em "O Abajur Lilás" (foto de ensaio, Paulo Nuno Silva)

Onde vamos?

O gado pasta dormindo.

Para o poeta, o castigo.

Para o santo, a forca.

Para o profeta, a Cruz.

Para o condutor, bala.

Onde vamos?

Onde vamos?

Onde vamos?

O jato encurta a distância.

A solidão aumenta o tempo.

Cedo ou tarde, a morte está à espreita.

Onde vamos?

Onde vamos?

Onde vamos?

O herói ganha medalhas e agonia.

Nos restos dos festins, os cães coçam as pulgas.

Choram as viúvas.

A lua está mais perto.

A canalha contente.

Onde vamos?

Onde vamos?

Onde vamos?

Os faróis que nos guiam são pálidos.

Onde vamos?

Onde vamos?

Onde vamos?

A temporada de “O Abajur Lilás” em Évora recomeça hoje, dia 25 de Abril.

E continua até sábado. Faça-nos companhia!

 

esta co-produção

Sexta-feira, Abril 20th, 2012

"O Abajur Lilás" (foto de ensaio, de Paulo Nuno Silva)

O Cendrev e A Escola da Noite pertencem a duas “vagas” distintas da descentralização artística em Portugal, iniciadas há cerca de 40 e 20 anos, respectivamente. O facto de este conceito continuar hoje na ordem do dia e entre as supostas “prioridades” do Governo mostra uma de duas coisas: ou estas companhias (e as suas congéneres espalhadas pelas principais cidades do país) eram particularmente visionárias, ou as políticas de desenvolvimento cultural adoptadas nas últimas décadas foram mesmo inconsequentes.
Os projectos artísticos das duas companhias são indissociáveis das cidades que escolheram para se instalar. Também graças a elas e ao trabalho que têm desenvolvido, é hoje mais difícil imaginar uma cidade média sem estruturas de criação artística que estreiem regularmente espectáculos, que formem novos profissionais, que estabeleçam pontes com as comunidades escolares e universitárias, que apoiem e acolham projectos de novos criadores, que façam parcerias e intercâmbios com outros artistas e companhias, que organizem festivais e dinamizem programações, que justifiquem a construção ou a recuperação de teatros e assegurem o seu funcionamento diário.
Muitas vezes resistindo contra a indiferença, a incompreensão e até (em contextos especiais e felizmente efémeros) à hostilidade daquelas e daqueles que temporariamente são encarregados da coisa pública, o Cendrev e A Escola da Noite têm desta forma ajudado a concretizar a democracia, nas suas cidades e no país. Com o seu trabalho, estas duas companhias e os restantes grupos que prestam serviço público em Portugal têm contribuído para tornar realmente adquirido um direito que só em 1975 ficou formalmente consagrado – o direito de todos os cidadãos à criação e à fruição artística.
Nos dias que correm, esse facto comporta dois perigos, em relação aos quais é necessário que todos (públicos incluídos) estejamos alerta. Por um lado, quem hoje ousa falar e defender direitos adquiridos – da cultura à saúde, da educação ao trabalho e à protecção social – é tratado com desdém e considerado ultrapassado, sobretudo por parte daqueles que, realmente, sempre tiveram tais direitos garantidos. Por outro lado, como apesar das dificuldades que sempre enfrentaram as companhias têm continuado a trabalhar, poucos são os que acreditam que os direitos que elas ajudaram a tornar adquiridos possam voltar a deixar de o ser. E que companhias como o Cendrev e A Escola da Noite deixem de ter condições para existir, ou que teatros municipais como o Garcia de Resende (cujo 120.º aniversário se comemora este ano) e o Teatro da Cerca de São Bernardo deixem de ter profissionais qualificados a assegurar o seu funcionamento regular.
Mais do que em qualquer outro momento nas vidas destas duas companhias, é isto o que está em causa. Mas não é uma inevitabilidade. A concretização desta ameaça dependerá da forma como quisermos e conseguirmos (criadores e espectadores) fazer-lhe frente. Para começar, é preciso levá-la a sério.

A oportunidade para esta co-produção em concreto (a primeira entre as duas companhias) surgiu de forma inesperada no final do ano passado, quando projectávamos os nossos planos de actividade para 2012. Mas as condições para o seu sucesso vêm sendo trabalhadas há muito: o Cendrev e A Escola da Noite são parceiros em vários projectos (Plataforma das Companhias, rede Culturbe, entre outros) e souberam construir entre si uma relação de cumplicidade, que o presente processo veio reforçar.
Montar uma co-produção comporta sempre riscos adicionais. Obriga as estruturas e as pessoas que as compõem a confrontar-se com diferentes linguagens, métodos e processos de trabalho. Obriga a que os intervenientes sejam capazes de se colocar no lugar do outro e que estejam disponíveis para a troca. É por isso e nessas condições, mais do que meras razões de contabilidade e de contenção de custos, que gostamos de as fazer. É por isso e pelo facto de o termos conseguido que, para além do resultado final que agora apresentamos ao público, sentimos ter vencido o desafio e que saímos mais fortes para enfrentar o que aí vem.
Tal como Plínio Marcos nos mostra neste texto, há sempre diferentes formas de reagir perante uma situação de opressão ou de violência ilegítima. Habituados a estas andanças, nós gostamos de as combinar: o pragmatismo e a necessidade de continuar a trabalhar (quase) como se nada fosse, porque interesses mais altos se levantam; a irresistível tentação de explodir de vez em quando, porque há limites que não podem ser ultrapassados; a serena (e irresponsável?) convicção de que tudo isto é passageiro e de que os Giros e os respectivos capangas que hoje nos atormentam (e as sombras que eles nos recordam) não levarão a melhor.
Animam-nos dois factores adicionais, com que as personagens de Plínio não podiam contar: o “amor à arte” e a solidariedade dos clientes.

A Escola da Noite / CENDREV,
Abril de 2012.

in programa do espectáculo