Posts Tagged ‘Abel Neves’

a humanidade consegue viver sem violência?

Terça-feira, Março 2nd, 2010

Fotografia Margarida Dias

Talvez a felicidade seja possível. Talvez dependa do modo como nos posicionamos no contexto em que vivemos, do modo como somos reconhecidos pelos outros e de como nos aceitamos e nos pensamos a nós próprios. João Grosso, ENCENADOR [continue a ler aqui!]

A génese de “Vulcão” está numa conversa que a Custódia Gallego teve comigo num dia de Maio há já uns anos. Perguntou-me então, simplesmente, se eu gostaria de lhe escrever um texto para o teatro, um monólogo. Abel Neves, DRAMATURGO [continue a ler aqui!]

A história começa num dia em que Custódia Gallego troca a faculdade de medicina pelo conservatório de teatro que acaba em 1985. Custódia Gallego, INTÉRPRETE [continue a ler aqui!]


Vulcão de Abel Neves, com Custódia Gallego, HOJE, 2 de Março, 21h30 no Teatro da Cerca de São Bernardo.


O espectáculo é parte integrante do ciclo “do monólogo, coisa pública”, inserido na XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra, uma organização d’A Escola da Noite e da Reitoria da Universidade de Coimbra.

dizer sempre que “sim, para não o contrariar”

Segunda-feira, Março 1st, 2010

Valdete tem uma jóia de marido que se transforma num exterminador implacável. Já vimos isto em qualquer lado (tipo as manchetes dos últimos dias), mas este espectáculo não é só sobre violência doméstica. […] Valdete é uma mulher de meia-idade. Tem com o cabelo desgrenhado, os olhos esbugalhados e as mãos vermelhas de tanto as esfregar. Fala num fôlego só, como se o mundo fosse acabar naquele momento e ela não tivesse tempo de contar a sua história. […] Claúdia Silva in Público [2 Dezembro 2009] Continue a ler aqui!

Fotografia de Margarida Dias

Em “Vulcão”, de Abel Neves, uma mulher revive a sua história infeliz com um marido monstruoso, a quem aprendeu a dizer sempre “sim, para não o contrariar”. “Agora, vou ser feliz”, diz ela no início do monólogo, antes de iniciar a sua viagem ao passado e recordar como, quando casou, sonhava com um amor luminoso que, depois do nascimento de um filho cego, se transformou num pesadelo. […] in DN [20 Novembro 2009] Continue a  ler aqui!

Vulcão de Abel Neves, com Custódia Gallego, AMANHÃ, 2 de Março, 21h30 no Teatro da Cerca de São Bernardo.

O espectáculo é parte integrante do ciclo “do monólogo, coisa pública”, inserido na XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra, uma organização d’A Escola da Noite e da Reitoria da Universidade de Coimbra.

formação e reflexão

Sexta-feira, Fevereiro 26th, 2010

A programação concebida para o ciclo “do monólogo, coisa pública”, integrado na XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra, assenta numa tríade: criação, formação e reflexão. Para além dos espectáculos já anunciados ( “Solo I e II” de António Pinho Vargas, “Vulcão” de Abel Neves, com Custódia Gallego, “Historias Tricolores”, de Cándido Pazó, “Concerto à la carte” de Franz-Xaver Kroetz, com Ana Bustorff , “Mary Stuart” de Denise Stoklos e “Calendário da Pedra” de Denise Stoklos),  decorrem acções de formação e de reflexão.

Formação Durante toda a semana realiza-se um workshop orientado pelo galego Cándido Pazó, intitulado “A oralidade no actor”, com uma duração de 16 horas. As sessões decorrem no Teatro de Bolso do TEUC (Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra) e está prevista a realização de uma apresentação pública no final.

1 a 4 de Março 16h30 – 19h00 | 5 de Março 14h00 – 17h00 | 6 de Março 15h00 – apresentação pública

Reflexão Espaço de debate com os artistas convidados, dramaturgos e encenadores em torno do ciclo “do monólogo, coisa pública”, organizado em colaboração com o Curso de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

3 de Março | quarta-feira | 17h00 | Anfiteatro V, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [6º piso] João Maria André (moderação), Abílio Hernandez, Afonso Becerra de Becerreá, Daniel Tércio e Fernando Matos Oliveira.

5 de Março | sexta-feira | 17h00 | Anfiteatro V, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra [6º piso] Abel Neves, Ana Bustorff, Cándido Pazó, Custódia Gallego, Denise Stoklos e Rui Madeira.

“Valdete em erupção”

Quarta-feira, Fevereiro 24th, 2010

fotografia de Margarida Dias

Num dia de Maio há já alguns anos, Custódia Gallego pediu a Abel Neves para lhe escrever um monólogo que ela pudesse levar ao teatro. Ele nunca tinha estado para aí virado, mas, diz num texto incluído no programa da peça, “a verdade é que todos nós praticamos a arte do monólogo, uns mais do que outros, uns mais capazes de se fazerem ouvir, muitos irremediavelmente perdidos no enigma deste mundo”. Vulcão é o monólogo que acabou por escrever: o monólogo de Valdete, mulher espancada pela vida e à procura de um filho perdido com quem temos, acrescenta o dramaturgo, de simpatizar. Com encenação de João Grosso e “a fascinante disponibilidade de corpo e de espírito” (ainda palavras de Abel Neves) da actriz Custódia Gallego.

Lido no Público do passado dia 21 de Fevereiro, a propósito da temporada do “Vulcão” no Porto, no Auditório ACE TEatro do Bolhão, até 7 de Março. Temporada que vai ter um intervalo para a apresentação em Coimbra inserida no ciclo “do monólogo, coisa pública“, programado pel’A Escola da Noite para a XII Semana Cultural da Universidade de Coimbra. A Valdete vai estar no palco do Teatro da Cerca de São Bernardo, no próximo dia 2 de Março, terça, às 21h30.

1 a 6 de Março | seis monólogos

Sexta-feira, Fevereiro 19th, 2010

“O monólogo foi olhado durante séculos com uma indisfarçada desconfiança.

O realismo e o naturalismo toleravam-no, dentro da forma teatral, como excepção: era estático, anti-teatral, inverosímil.

Nos clássicos gregos e em Shakespeare, no entanto, a presença do solilóquio é exemplar. Como pensar peças como Medeia, Rei Édipo, Hamlet, Lear, sem a reflexão solipsista dos seus protagonistas?

A escrita contemporânea, em especial a escrita da segunda metade do século XX, caracteriza-se pela “destruição da dramaturgia dialógica”. Não se trata de uma substituição nem de uma menorização da palavra, mas de um outro entendimento da escrita, menos auto-suficiente e mais consciente da sua parte na organização cénica. O discurso cénico reorganiza-se de forma rapsódica, valoriza-se a colagem, o fragmento, a pulsão poética. Beckett, Heiner Müller, Handke, Kroetz, Gregory Motton e um sem número de dramaturgos escreveram, escrevem para um acto criativo que quer estabelecer um novo protocolo com o espectador entregando-lhe uma parte maior do que a mera decifração de um enredo, entregando-lhe dúvidas, perplexidades, partes ocas, buracos negros para que complete a sua leitura de uma forma crítica, criativa.

O monólogo, o solo, para além de meras razões económicas (que também as há), autonomizou-se mesmo da obra, deixou de ser parte para passar a ser um género próprio, uma forma autónoma cada vez mais cultivada.

Um homem ou uma mulher em cena podem ser um mundo em si próprios, acompanhando a pluralização do eu que o século passado promoveu como nenhum outro, falam com as suas outras vozes, os seus outros eus; e falam com o mundo, são ícones do mundo, resistindo à incomunicação que medra nas cidades, à insatisfação, à mutilação do desejo, ao abandono dos velhos, dos marginais, das crianças, dos desempregados, dos esfomeados. Estamos todos a falar sozinhos, nas ruas, nos asilos, nas prisões, nos hospitais. Como poderia o teatro, talvez a mais política das artes, a mais atenta e dependente da polis, resistir a falar de tudo isto?”

António Augusto Barros

Fotografias: António Pinho Vargas © Isabel Pinto; “Vulcão” © Margarida Dias; “Historias Tricolores” © Afonso Castro; “Concerto à la Carte”  ©  Paulo Nogueira; “Mary Stuart” e “Calendário da Pedra” ©  T. Stoklos Kignel.