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As sete personagens ensombradas do romance “Jerusalém”, de Gonçalo M. Tavares…

Segunda-feira, Maio 18th, 2009

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (© André Fonseca)

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (© André Fonseca)

Teatro da Cerca de São Bernardo, Coimbra
19 e 20 de Maio, 21h30
  

 

São elas Theodor Busbeck, médico, e Mylia, sua mulher, que ele teve de internar no “mais conceituado” hospício da cidade, Kaas, o filho dela e de Ernst Spengler, outro doente do hospício, o doutor Gomperz, director do hospício, Hinnerk, um ex-combatente que trouxe duas coisas da guerra – uma arma e a permanente sensação de medo – e a sua noiva, Hanna, uma prostituta que lhe dá dinheiro para sobreviver.

João Brites, encenador e director do Teatro O Bando, chamou a esta adaptação ao palco uma “re-trans-des-montagem” do romance, o terceiro volume da tetralogia “O Reino”, dos “livros pretos” que Gonçalo M. Tavares escreveu sobre o mal (os outros são “Um Homem: Klaus Klump”, “A Máquina de Joseph Walser” e “Aprender a Rezar na Era da Técnica”).
“É como se a obra fosse uma escultura. Nós andámos à volta da escultura e escolhemos um ângulo: a questão do horror que está por detrás da normalidade, deste tempo, esta maneira de contar, que reflecte de alguma forma o conteúdo”, indicou.
A história que entrelaça as vidas das personagens “passa-se numa noite, é contada de forma fragmentada e abrange 20 anos… Quisemos fazer um espectáculo não-datado, não-relacionado com o Holocausto, ainda que ele venha citado no livro”, sublinhou.
Porque se trata de “uma versão” e porque “o teatro materializa as imagens”, em cena, temos um monte de engaço (o que resta dos cachos de uvas depois da vindima), onde as personagens se sentam e por vezes se enterram, numa cidade ocupada, habitada por actores e espectadores (que entram pela mesma porta, estando parte da plateia no palco, virada para uma parede de tijolo), em que a noção de presente é o que une a ficção à realidade.
Existem, explicou Rui Pina Coelho – que fez a análise literária e dramatúrgica do romance -, quatro níveis de representação na peça: “Explica, fala, pensa e evoca”.
“O `explica` é quando as personagens se dirigem mais ao público, o `fala` são os momentos mais dialógicos, onde há uma relação mais entre personagens, o `evoca` é quando a personagem evoca momentos do seu passado ou evoca outras personagens e o `pensa` tem que ver com os pensamentos que são dirigidos ao cão que está em cena”, referiu.
Aos sete actores em palco – Cristiana Castro, Horácio Manuel, João Barbosa, Nicolas Brites, Raul Atalaia, Rosinda Costa e Suzana Branco – junta-se um cão, que pertence a um deles, cujo pêlo “parece o engaço” que forma boa parte do cenário, e que representa “um risco”, porque “não percebe estes humanos, que todos os dias dizem e fazem as mesmas coisas”, comentou João Brites.
A escolha deste romance para fazer “uma versão de palco” deveu-se “à questão da actualidade e da dimensão étnico-política, esta responsabilidade que acho que os artistas têm de ter e que nunca sabem expressar, para não serem panfletários, redundantes, moralistas”, defendeu.
“Este texto permite-nos exorcizar um pouco essa procura”, observou.
Gonçalo M. Tavares foi a Palmela assistir a um ensaio e “ajudou e influenciou de forma positiva o processo de adaptação do texto” ao que o encenador define como “uma visão”, dizendo-lhes “cortem texto” – o contrário do que muitos autores diriam, observou.
RTP

sobre “Jerusalém”, de Gonçalo M. Tavares

Domingo, Maio 17th, 2009
 

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (© André Fonseca)

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (© André Fonseca)

Teatro da Cerca de São Bernardo, Coimbra
19 e 20 de Maio, 21h30 

 

“Os seus ‘livros negros’ já me tinham proporcionado uma felicidade de leitura que, porque rara, me anda a ser preciosa. Este Jerusalém eleva as suas qualidades à perfeição: uma invejável competência literária traz a ferocidade do enredo para uma escrita de beleza sóbria.”

Hélia Correia

 

“(…) Guardando a sua substância e sem propriamente trair o original, João Brites e o bando criam, em JERUSALÉM, obra nova com a determinação experimentalista característica dos seus melhores trabalhos. Não fazem do teatro uma arma; antes não desistem de lhe acrescentar consciência e responsabilidade social.”

Rui Monteiro, Time Out, 29/10/2008

Jerusalém, de Gonçalo M. Tavares, no TCSB

Domingo, Maio 17th, 2009
tavares

Gonçalo M. Tavares

A Escola da Noite acolhe esta terça e quarta-feira (19 e 20 de Maio, às 21h30) o espectáculo “Jerusalém”, dando assim início à residência artística REN do Teatro o bando, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, a decorrer ao longo de toda a semana.

“Jerusalém” adapta aos palcos um dos mais consagrados romances de Gonçalo M. Tavares, que, com esta obra, recebeu, entre outras distinções, um dos mais importantes prémios literários do Brasil, o Portugal Telecom de Literatura 2007 e ainda o Prémio Ler-Millenium-BCP e o Prémio José Saramago 2005.

João Brites fez a adaptação e encenação deste livro, construindo um espectáculo que o crítico Rui Monteiro, na Time Out, considerou “[guardar] a substância e sem propriamente trair o original, … [criar uma] obra nova com a determinação experimentalista característica dos seus melhores trabalhos.”

Para além de João Brites, responsável pela dramaturgia, encenação e espaço cénico, fazem parte da ficha técnica deste espectáculo na corporalidade Luca Aprea, na oralidade Teresa Lima, na análise literária e dramatúrgica Rui Pina Coelho, nos figurinos e adereços Clara Bento, na assistência de encenação Sara Castro e no desenho de luz João Cachulo. O elenco é formado por Cristiana Castro, Horácio Manuel, João Barbosa, Nicolas Brites, Raul Atalaia, Rosinda Costa e Susana Branco.

“Jerusalém” é uma co-produção do Teatro o bando com o Centro Cultural de Belém, que agora é apresentada em Coimbra, no âmbito da Residência Artística REN que decorre no Teatro da Cerca de São Bernardo até 24 de Maio e que incluirá ainda a apresentação de “A Noite” e de dois documentários sobre o trabalho do grupo, bem como conferências, conversas do público com os actores e um workshop.

Os bilhetes para os espectáculos podem ser reservados desde já e custam entre 6 e 10 Euros (ou entre 10 e 15 Euros, no caso de bilhete geral para os dois espectáculos).

Faça-nos companhia!

a minha escolha: Natércia Coimbra

Sábado, Maio 16th, 2009

 

"A Noite", pelo Teatro o bando (foto de Margarida Dias)

"A Noite", pelo Teatro o bando (foto de Margarida Dias)

Em cada trimestre, um(a) convidado(a) d’A Escola da Noite partilha com os espectadores a(s) sua(s) escolha(s) da programação apresentada. Natércia Coimbra, directora do Centro de Documentação 25 de Abril, fala sobre a Residência Artística REN com o Teatro o bando:

 

A programação d’A Escola da Noite para os próximos meses é, como habitualmente, coerente, rica na oferta que nos propõe e, o que precisava de dizer-vos, era: percam dela o menos possível!

Mas, e ainda bem, mesmo perante o que consideramos bom há sempre aquilo que preferimos. Preferir é gostar mais disto sem desgostar de tudo o que sobra. É distinguir um momento sem esquecer que todos os outros vão também acontecer.

E assim sendo, gosto que vá acontecer a residência do grupo de teatro o bando, um grupo cujo percurso tenho acompanhado e que já me proporcionou momentos de rara beleza, puro prazer, inesquecíveis espectáculos improváveis, que só a sua arte, talento e sensibilidade conseguiriam criar.

Convido-vos para o espectáculo “A Noite”, nos dias 23 e 24 de Maio, que nos traz a poesia de Al Berto. Convite, confesso, motivado não só porque Al Berto é um dos meus poetas preferidos mas também pela curiosidade que o espectáculo me desperta.

Estou curiosa, sim, para ver como se consegue passar da poesia lida ao espectáculo de teatro, a que jovens actores vão dar corpo. Curiosa, também, para ver como a dramaturgia de João Brites parece ter conseguido ultrapassar a dificuldade de partir de textos literários, sem qualquer estrutura narrativa, para afinal nos contar uma história. Curiosa ainda de apreciar o intenso trabalho que deve ter havido entre actores e encenador, entre actores e actor, para que o espectáculo não deslize para um registo de recital de poesia e para que a poesia não irrompa e ocupe o palco, antes surgindo vigorosamente, mas só de quando em quando, apenas para sublinhar a história que afinal continha, ou que afinal os actores e o dramaturgo descobriram nela.

 

Natércia Coimbra

Abril 2009

Workshop com João Brites: último dia para candidaturas

Sexta-feira, Maio 15th, 2009

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (foto de André Fonseca)

"Jerusalém", pelo Teatro o bando (foto de André Fonseca)

O prazo para a entrega de candidaturas para o workshop do Teatro o bando termina hoje às 19h00. 

Veja AQUI as condições de acesso e descarregue a ficha de inscrição, em formato WORD ou em PDF. Pode enviar a sua candidatura por e-mail ou fax ou entregá-la pessoalmente no Teatro. Até ao final do dia de amanhã comunicaremos a todos/as os/as candidatos/as o resultado do processo de selecção.

O workshop é dirigido por João Brites e decorrerá nos dias 21 e 22 (quinta e sexta-feira), entre as 10h00 e as 18h00. A sua realização em Coimbra ocorre no âmbito da Residência Artística REN com o bando, cujo programa completo pode ser consultado AQUI.