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Hoje em Bragança: conferência de José Bernardes

Terça-feira, Janeiro 10th, 2017
José Bernardes (foto: Pedro Rodrigues)

José Bernardes (foto: Pedro Rodrigues)

José Augusto Cardoso Bernardes, consultor científico do projecto “Embarcação do Inferno”, profere hoje a terceira conferência do ciclo “Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo”. Será em Bragança, na Sala de Actos do Teatro Municipal, onde A Escola da Noite e o Cendrev preparam a apresentação do seu mais recente espectáculo.

Conheça a programação completa da passagem das companhias por Bragança:

A ESCOLA DA NOITE EM DIGRESSÃO
“Embarcação do Inferno” em Bragança

CONFERÊNCIA
Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo
por José Augusto Cardoso Bernardes
Bragança | Teatro Municipal
10 de Janeiro
terça-feira, 18h00
M/12 > 90′
entrada gratuita

OFICINA
Oficina para professores
A Escola da Noite / Cendrev
Bragança | Teatro Municipal
11 a 14 de Janeiro
quarta a sexta-feira, 18h00 – 20h00
sábado, 10h30 – 12h30
M/16 > 10 horas
lotação máxima: 15 participantes
preço: 6 Euros

TEATRO
Embarcação do Inferno
de Gil Vicente
co-produção A Escola da Noite / Cendrev
Bragança | Teatro Municipal
12 e 13 de Janeiro
quinta-feira, 10h30 e 15h00 (sessões para escolas)
sexta-feira, 21h00 (público em geral)
M/12 > 60′
preços: 6,00 € (2,00 € nas sessões para escolas)

informações e reservas:
273 302 744 / bilheteira@cm-braganca.pt

José Bernardes na conferência de Coimbra: “Gil Vicente não quis ser um julgador”

Sexta-feira, Novembro 18th, 2016
José Bernardes na conferência "Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo" - Sala de São Pedro da Biblioteca-Geral da Universidade de Coimbra, 17/11/2016 (foto: Eduardo Pinto)

José Bernardes na conferência “Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo” – Sala de São Pedro da Biblioteca-Geral da Universidade de Coimbra, 17/11/2016 (foto: Eduardo Pinto)

José Augusto Cardoso Bernardes, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, aprofundou ontem o trabalho de divulgação pública da obra vicentina, na conferência “Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo”, organizada pel’A Escola da Noite e pelo Cendrev a propósito da temporada do espectáculo “Embarcação do Inferno”. Realizada ao final da tarde na Biblioteca-Geral da Universidade de Coimbra, a sessão foi uma das iniciativas do “Dia do Professor”, cujo programa se prolongou pela noite, no Teatro da Cerca de São Bernardo.

Falando para uma audiência de mais de meia centena de pessoas que quase encheu a Sala de São Pedro da Biblioteca-Geral, Bernardes começou por lembrar que Gil Vicente escreveu “para o seu tempo”, alertando para os perigos de se encarar os seus textos como se eles tivessem sido escritos hoje, sem uma adequada reflexão sobre o contexto histórico em que foram criados. Ainda assim, aquele que é um dos mais reputados especialistas na obra vicentina reconhece que peças como o “Auto da Barca do Inferno” continuam a interpelar-nos, 500 anos depois da sua primeira apresentação. Debruçando-se sobre cada uma das personagens da peça, mostrou como alguns dos temas que foram alvo da sátira vicentina continuam hoje na ordem do dia, embora necessariamente de formas diferentes. Dentro daquilo a que hoje chamamos direitos humanos (conceito estranho ao século XVI), demonstrou, a título de exemplo, que temas tão actuais como “o tráfico humano” ou “a intolerância religiosa” são abordados na mais conhecida peça de Vicente.

Conferência "Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo" - Sala de São Pedro da Biblioteca-Geral da Universidade de Coimbra, 17/11/2016 (foto: Eduardo Pinto)

Conferência “Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo” – Sala de São Pedro da Biblioteca-Geral da Universidade de Coimbra, 17/11/2016 (foto: Eduardo Pinto)

Já na fase do debate, respondendo a perguntas da assistência sobre as supostas intenções de Gil Vicente, José Bernardes afirmou que o dramaturgo não terá querido “ser um julgador” nem “um teólogo”. Pretendia, isso sim, “denunciar as práticas que se afastavam da moral [oficialmente] vigente”.

Um autor que expõe contradições
António Augusto Barros, director artístico d’A Escola da Noite e co-encenador do espectáculo, haveria de retomar o tema à noite, numa conversa com o público após o espectáculo, já no Teatro da Cerca de São Bernardo. Reconhecendo que Gil Vicente trabalhava dentro de “certos limites”, impostos pela organização social e política do seu tempo, afirmou que o autor “soube expôr como ninguém as contradições da sua época”. É à luz dessa visão, por exemplo, que interpreta o tratamento dado na peça ao Judeu (escorraçado até da Barca do Inferno), ao frade dominicano ou aos quatro cavaleiros que, mortos nas Cruzadas, vêem garantidos os seus lugares no Paraíso, perante a perplexidade do Diabo.

“Embarcação do Inferno”: conversa após o espectáculo com a equipa artística, António Morais (SPRC) e João Janicas (Nova Ágora – CFAE) – Coimbra, TCSB, 17/11/2016 (foto: Eduardo Pinto)

Na conversa que se seguiu ao espectáculo participaram ainda António Morais, dirigente do Sindicato dos Professores da Região Centro, e João Janicas, responsável pelo Centro de Formação de Professores “Nova Ágora”. Elogiando o espectáculo e a abordagem feita pelas duas companhias, Morais lamentou a crescente perda de peso das artes e das humanidades nos currículos escolares e lembrou o “potencial transformador do teatro” na vida dos jovens, pela sua capacidade de colocar questões e de estimular o espírito crítico dos alunos. João Janicas, que para além de professor é também actor da companhia Bonifrates, referiu-se às iniciativas para o público escolar associadas à temporada de “Embarcação do Inferno” destacando a importância destes “momentos de encontro e de comunicação entre as duas linguagens – escolar e artística”.

Temporada prossegue até 4 de Dezembro
“Embarcação do Inferno” é uma co-produção entre A Escola da Noite – Grupo de Teatro de Coimbra e o Centro Dramático de Évora, com encenação de António Augusto Barros e de José Russo. Estreou em Évora no passado mês de Outubro e está actualmente em cena em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo. A temporada prolonga-se até 4 de Dezembro e inclui sessões para o público em geral (quinta a domingo) e sessões especiais para escolas (quarta a sexta-feira, em horário diurno), para as quais ainda há algumas vagas disponíveis. Na próxima semana (24 a 26 de Novembro) terá lugar uma oficina para professores, dirigida pelos encenadores do espectáculo, que visa precisamente aprofundar o trabalho de diálogo entre estruturas de criação artística e profissionais da educação no que respeita ao ensino do teatro e, em particular, da obra vicentina.
As reservas e as inscrições podem ser feitas pelos contactos habituais do TCSB: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt.

TEATRO
Embarcação do Inferno
de Gil Vicente
A Escola da Noite / Cendrev
10 de Novembro a 4 de Dezembro de 2016
quinta a sábado, 21h30 > domingos, 16h00
M/12 > 60′ > 6 a 10 Euros
Sessões para escolas: 16/11 a 2/12, quarta a sexta-feira, 11h00 e 15h00

OFICINA
Embarcação do Inferno – oficina para professores/as
A Escola da Noite / Cendrev
dir. António Augusto Barros / José Russo
24 a 26 de Novembro de 2016
quinta e sexta-feira, 18h – 20h30 > sábado, 15h-20h00
10 horas > 30 Euros
[programação associada à temporada em Coimbra do espectáculo “Embarcação do Inferno”]

informações e inscrições:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Hoje em Évora: conferência e espectáculo

Quinta-feira, Outubro 13th, 2016

conferencia e espectáculo

Tem hoje lugar a conferência inaugural do ciclo que vamos organizar por todo o país, associado às temporadas e à digressão de “Embarcação do Inferno”.

José Augusto Cardoso Bernardes, consultor científico do projecto, apresenta a iniciativa e convida, para esta sessão, Hélio Alves, professor da Universidade de Évora.

Com o título “Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo”, a conferência terá lugar às 18h00, na Biblioteca Pública de Évora, também no âmbito da Mostra Bibliográfica dos 500 anos do Cancioneiro Geral . A entrada é gratuita.

À noite, o espectáculo no Teatro Garcia de Resende é à hora habitual: 21h30.

Faça-nos companhia!

CONFERÊNCIA
Gil Vicente no seu tempo e no nosso tempo
Hélio Alves (Univ. Évora) e José Augusto Cardoso Bernardes (Univ. Coimbra)
13 de Outubro de 2016
quinta-feira, 18h00
Biblioteca Pública de Évora > entrada gratuita
[programação associada à temporada de “Embarcação do Inferno” no Teatro Garcia de Resende, em Évora – 6 a 30 de Outubro de 2016]

Físicos que não curam amores

Quarta-feira, Novembro 12th, 2014
josebernardes

José Bernardes

Autor de cerca de meia centena de peças, escritas e representadas entre 1502 e 1536 (o que faz dele o dramaturgo mais prolífico do seu tempo, em toda a Europa), Gil Vicente é, ainda hoje, um dos maiores nomes do teatro português de sempre.
Embora a sua arte revele uma importante dimensão literária (parte das suas raízes mergulha nos cancioneiros peninsulares dos séculos XV e XVI), só no palco é possível captar a excecional vivacidade multissensorial que a caracteriza, feita de palavras mas também de música e de gestos.

De facto, é através da voz e do corpo dos atores que Gil Vicente se faz mais presente aos nossos olhos, permitindo a aproximação ao ritmo e às coordenadas mentais do século XVI.

É isso que sucede na Barca do Inferno (peça que continua com presença certa nos programas de Português) e é isso que ocorre também com Físicos, auto bem menos conhecido do que o anterior, onde convivem sátira e entretenimento cómico. A ação centra-se nas maleitas de um clérigo que, ao contrário do que o seu estado levaria a supor, se apaixona fortemente por uma moça que não lhe corresponde. Mas não é apenas o clérigo que é objeto de sátira. Também os médicos que o visitam são ridicularizados na sua ineficácia e na sua presunção (um dos alvos preferidos da crítica vicentina). Após o desfile de fracassos que envolve os quatro médicos, a doença viria a ser finalmente identificada não por um físico mas por um outro clérigo, ele próprio familiarizado com a “coita de amor”.

Tudo termina com uma “ensalada”, procedimento musical a que Gil Vicente recorre muitas vezes, nas farsas, para rasurar o desconcerto e repor a alegria.

Beneficiando de mais de vinte anos de familiaridade com os textos de Gil Vicente, António Augusto Barros e a “sua” Escola da Noite trazem-nos, desta vez, um trabalho que em nada desmerece dos anteriores (nem em segurança nem em talento nem em inventividade), contribuindo para que alunos, professores e espetadores em geral possam conhecer melhor uma obra que, embora sendo vasta e diversificada, foi construída com um todo, reclamando, por isso, um conhecimento articulado e coerente.

José Augusto Cardoso Bernardes
Director da Biblioteca-Geral da Universidade de Coimbra
Professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

“é por isso que os amamos como se estivessem vivos”

Domingo, Agosto 10th, 2014

Nesta obra descobrimos o palpite verdadeiro da sociedade portuguesa de Quinhentos. Como acontece sempre nos autos vicentinos, por trás do disfarce da sátira e do exagero, assomam os rostos verdadeiros das pessoas que viveram naquele tempo, com os seus vícios e as suas virtudes, com a sua ignorância e com a sua ciência, com os seus amores e os seus ódios… É o seu sentido de humor que nos faz rir, é o seu sofrimento que nos dói, e é por isso que os compreendemos e os amamos como se estivessem vivos.

Juan M. Carrasco González,
“A Farsa dos Físicos”, Ensaios Vicentinos.
Coimbra: A Escola da Noite, 2013; pp. 115-127.

"Ensaios Vicentinos", Coimbra: A Escola da Noite, 2003

“Ensaios Vicentinos”, Coimbra: A Escola da Noite, 2003

O “Auto dos Físicos”, que A Escola da Noite estreia em Setembro, é uma das onze peças de Gil Vicente analisadas no livro com que celebrámos o 10º aniversário da companhia. “Ensaios vicentinos” reúne 11 ensaios de outros tantos especialistas na obra do pai do teatro português e conta com a coordenação científica de José Augusto Cardoso Bernardes.
Está à venda na livraria do TCSB por apenas 10,00 Euros e pode encomendá-lo por e-mail. Enviamo-lo por correio sem cobrar os portes. Aproveite!