Archive for the ‘conversa’ Category

Dramaturgia espanhola e cinema romeno no Teatro da Cerca de São Bernardo

Quinta-feira, Setembro 1st, 2011

A nova temporada do espectáculo “Teatro Menor”, as duas Jornadas de Dramaturgia Espanhola Contemporânea, com a presença dos autores José Sanchis Sinisterra e António Onetti, e o Périplo Cinematográfico Romeno são os destaques da programação de Setembro do Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.

A programação abre com a reposição do mais recente espectáculo d’A Escola da Noite, companhia residente e gestora do Teatro da Cerca de São Bernardo (TCSB). “Teatro Menor”, de José Sanchis Sinisterra, volta aos palcos da cidade para uma curta temporada de sete sessões, antes de partir em digressão pelo país. Todos os que não puderam assistir ao espectáculo em Julho podem agora conhecer as 13 peças breves que a companhia escolheu para a sua primeira abordagem à obra do autor espanhol. Com tradução, dramaturgia e encenação de António Augusto Barros, “Teatro Menor” (o mesmo título do livro que reuniu, em 2008, 50 textos “breves e  brevíssimos” de Sinisterra) oferece ao espectador um conjunto de reflexões e perplexidades sobre a arte e a condição humana, a partir de situações aparentemente banais ou insignificantes – da venda de um apartamento a uma viagem de elevador, passando pelo mais famoso dos desencontros à sombra de uma árvore – e de uma visita ao interior do próprio fazer teatral, em que autor, actores e personagens se misturam.

Igor Lebreaud e Miguel Lança em "Teatro Menor" (foto: Augusto Baptista)

Mais duas jornadas de dramaturgia espanhola

A estreia de “Teatro Menor” insere-se no ciclo dedicado à dramaturgia espanhola contemporânea, iniciado ainda em 2010 e que inclui igualmente um conjunto de leituras e conferências com nomes destacados do teatro que hoje se escreve e faz em Espanha. Para Setembro estão agendadas as jornadas dedicadas ao próprio  Sinisterra (conferência e conversa com o público, no dia 14) e a Antonio Onetti (conferência na Faculdade de Letras no dia 27 e leitura, pelo elenco d’A Escola da Noite, no dia 28).

José Sanchis Sinisterra (Valência, 1940) é um dos mais originais e conceituados dramaturgos e encenadores espanhóis. Fundador do Teatro Fronterizo na década de 70, em Barcelona, e do Nuevo Teatro Fronterizo, em Madrid, em 2010, é também professor e tem dinamizado múltiplas acções de formação em Espanha, no resto da Europa e na América do Sul, sendo o principal responsável pela formação de gerações de escritores dramáticos no espaço ibero-americano. António Onetti (Sevilha, 1962) é autor de mais de uma dezena de peças de teatro, foi professor de Literatura Dramática e Dramaturgia na Escola Superior de Arte Dramática de Sevilha e orienta regularmente oficinas e seminários de escrita dramática e de guiões para televisão e cinema. Entre as suas obras, destacam-se e estão publicadas em Portugal “Puro Sangue”, “Marcado pelo Tipex”, “Santíssima Apunhalada” e “A Rua do Inferno”. Esta última foi recentemente apresentada em Coimbra pelo grupo Bonifrates que, associando-se à presença do autor na cidade, volta a apresentar o espectáculo no seu espaço, na Casa Municipal da Cultura, no dia 28 de Setembro.

Cinema romeno

A partir de dia 12, e ao longo de quatro semanas, o TCSB acolhe ainda o ciclo Périplo Cinematográfico Romeno, que inclui a exibição de quatro dos mais significativos filmes recentemente realizados neste país, naquela que é chamada a “nouvelle vague” do cinema da Roménia. Os filmes abordam as principais tendências da sociedade romena durante a ditadura de Ceausescu (1965-1989): a construção do “homem-novo”, o partido-Estado numa nova sociedade igualitária, marcada pela desvalorização, a subalternidade e a “não-existência”. O encontro com o aparelho repressivo do Estado, o controle da sexualidade feminina, a imaginação como fuga, a responsabilidade individual assumida nos momentos cruciais da revolução e a formação de uma memória colectiva sobre “o que foi” são apenas algumas das reflexões propostas pelos quatro filmes escolhidos pelas investigadoras radicadas em Coimbra Iolanda Vasile e Mihaela Mihai, responsáveis pela programação. As  quatro sessões agendadas têm entrada livre e são sempre seguidas de debate, com comentário inicial de investigadores do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Em paralelo, o ciclo inclui ainda o workshop “O conceito do jovem cinema romeno: um olhar diferente”, dirigido pelo cineasta Laurentiu Damian, professor na Universidade de Teatro e Cinema de Bucareste. A iniciativa é uma parceria do Instituto Cultural Romeno com o Teatro da Cerca de São Bernardo e o Fila K cineclube, que acolhe o workshop na Casa das Artes da Fundação Bissaya Barreto.

Os Bimbos da Arte Monocromática”

A fechar o mês e na transição para o último trimestre do ano, o TCSB acolhe a estreia do espectáculo “Os Bimbos da Arte Monocromática”, com texto e encenação de Ricardo Kalash. O trabalho, com interpretação de três jovens actores, ocorre na sequência do trabalho de formação artística que o encenador tem vindo a dirigir, há vários anos, no Grupo de Teatro da Liga dos Amigos do Museu Nacional Machado de Castro, nesta cidade.

tertúlia da Alternativa

Terça-feira, Fevereiro 15th, 2011

Maria do Carmo Rosa Lopes

No dia 16 de Fevereiro, quarta-feira, pelas 21 horas realiza-se no Bar do Teatro da Cerca de São Bernardo uma Tertúlia com a Prof. Doutora Carmo Lopes (Instituto Politécnico de Coimbra – Escola Superior Agrária de Coimbra) sobre Biodiversidade, Natureza, Turismo, numa organização da ALTERNATIVA – Associação Cultural para o Desenvolvimento do Ser Humano
O mundo vivo que nos rodeia; a história geológica desse mundo; as ameaças que sobre ele impendem; a acção dos humanos no desaparecimento das espécies e alteração dos eco-sistemas; formas de viabilidade e sustentação do planeta; o eco-turismo como factor que pode contribuir positivamente para esta desejada e necessária sustentação.
A ALTERNATIVA constitui um espaço de livre discussão, de fraterno convívio e de saudável pluralismo, e pretende contribuir para a valorização cívica e ética dos seus associados. Assume-se como independente de todos os poderes económicos, políticos ou religiosos, e considera a Cultura como um repositório de valores ao serviço da espécie humana. A defesa dos direitos humanos e a apologia da multiculturalidade são vectores fundamentais da sua identidade
A entrada é livre.

Angelica Liddell em Coimbra

Sábado, Janeiro 29th, 2011

Angelica Liddell

A dramaturga, actriz e encenadora Angelica Liddell estará em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo, nos dias 5 e 6 de Fevereiro (sábado e domingo), no âmbito do ciclo “Jornadas de Dramaturgia Espanhola Contemporânea” que A Escola da Noite organiza ao longo de todo o ano.

Como habitualmente neste ciclo, a convidada dará uma conferência sobre a sua obra (dia 5, às 16h00) e assistirá a uma sessão de leituras de excertos de algumas das suas peças, pelo elenco d’A Escola da Noite (dia 6, também às 16h00). Ambas as sessões prevêem um período de debate com o público, constituindo uma excelente oportunidade para ficar a conhecer melhor o trabalho e o percurso artístico desta criadora.

Angelica Liddell (Figueres, Girona, 1966) é uma das mais originais e destacadas dramaturgas do teatro espanhol contemporâneo. Licenciada em Psicologia e Arte Dramática, é também produtora, actriz, encenadora e poetisa, com obras publicadas e estreadas em Espanha, em Portugal, na Alemanha e em vários países da América Latina. Recebeu, entre outros, o Prémio de Dramaturgia Inovadora Casa de América (2003), o Prémio SGAEde Teatro (2004), o Prémio Ojo Crítico Segundo Milénio (2005), o Prémio Notodo del Público (2007) e o Prémio Valle-Inclán (2008).

O público português tem tido acesso ao seu trabalho sobretudo através do Festival Citemor, no qual foi presença marcante nas edições de 2007, 2008 e 2009. Também dessa experiência e das residências artísticas que realizou em Montemor-o-Velho se falará ao longo destes dois dias.

As “Jornadas de Dramaturgia Espanhola Contemporânea” – que contam com a colaboração do Instituto Cervantes e do Curso de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – são um ciclo de conferências e leituras dedicadas a alguns dos principais nomes do teatro que actualmente se escreve e apresenta em Espanha. Iniciado em Dezembro de 2010 com Paloma Pedrero e Virtudes Serrano, ele prosseguirá ao longo de 2011, acompanhando a criação artística d’A Escola da Noite e oferecendo ao público português a ocasião para conhecer com maior profundidade as obras de autores tão diversos como Sanchís Sinisterra, Juan Mayorga e Antonio Onetti, entre outros. Todas as sessões têm entrada livre.

4 de Fevereiro ,  sábado, 16h00

conferência Angelica Liddell

5 de Fevereiro ,  domingo, 16h00

leitura excertos de obras de Angelica Liddell, pel’A Escola da Noite

entrada livre > apoios: Instituto Cervantes, Curso de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

“Escritos sobre teatro”

Terça-feira, Dezembro 14th, 2010

O livro “Escritos sobre teatro”, do escritor cabo-verdiano Kwame Kondé, é apresentado ao público de Coimbra esta quarta-feira, 15 de Dezembro, numa sessão de A Cena no Café que terá lugar no bar do Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, pelas 18h00.

A obra reúne mais de trinta textos de Kwame Kondé – “nome de guerra e pseudónimo artístico” de Francisco Fragoso – produzidos entre 1976 e 2005. Médico cirurgião há vários anos radicado em Portugal, Fragoso é um nome incontornável do teatro em Cabo Verde. Fundador e director artístico do grupo “Korda Kaoberdi” e, mais recentemente, já em Lisboa, do “Tchon di Kaoberdi”, é igualmente autor de textos dramáticos e de estudos e ensaios sobre a história do teatro no arquipélago.
Publicado no primeiro semestre de 2010 pela editora cabo-verdiana Artiletra, o livro incide particularmente no período de existência do “Korda Kaoberdi” (1975-1982), reunindo preciosa informação sobre a actividade do grupo: textos que integravam os boletins de cada espectáculo ou os cadernos teatrais editados, fotografias e peças jornalísticas. Inclui ainda dois dos textos encenados pelo grupo – “Anansegoro (prestarás juramento)” (1978) e “Morte-vida-poeta” (1982) – e “Kantigas Tabanka-Batuko pa Teatru’l”, sobre as quais seria criado o espectáculo “Rai di Tabanka” (1980).
A sessão integra-se no ciclo “A Cena no Café” e contará com a presença do autor, de Agostinho Almeida Santos (Cônsul Honorário de Cabo Verde em Coimbra), de Paulo Soares (Associação de Estudantes Cabo-Verdianos em Coimbra) e de João Lourenço (membro do grupo de teatro Tchon di Kaoberdi). Na mesma sessão, serão divulgadas outras publicações da editora Artiletra na área da poesia e da literatura, e a peça teatral “Vai-te treinando desde já”, de João Cleofas Martins, editada pela Nova Vega.
A Cena no Café é um espaço de programação interdisciplinar promovido pela Cena Lusófona, no âmbito da qual têm sido apresentadas ao público de cidades como Braga, Porto, Lisboa e Coimbra diversas obras na área da literatura e do vídeo ao longo dos últimos anos.

Ivo Ferreira e os narradores orais de São Tomé e Príncipe

Segunda-feira, Dezembro 13th, 2010

Ivo Ferreira —Forografia de Augusto Baptista

“Para não deixar esquecer a tradição dos narradores orais em São Tomé e Príncipe, os documentários “À procura de Sabino” e “Soia di Príncipe” são hoje (13) lançados em DVD.

O Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, é, pelas 21H30, o palco da apresentação dos mais recentes trabalhos do realizador Ivo M. Ferreira, integrada numa iniciativa da Cena Lusófona. A entrada é livre para uma sessão que inclui a exibição integral dos dois filmes e ainda um debate com o realizador.

A procura que deu origem às obras

A história nasce do esforço do próprio autor na busca pelos contadores de histórias das ilhas, como relatam os testemunhos visuais. Desta “missão” deriva mesmo o nome do documentário “À procura de Sabino” que surge depois de Ivo M. Ferreira ter ouvido falar de mestre Sabino, famoso contador de histórias que se torna o seu protagonista.

Contudo, quando o realizador aterra em São Tomé percebe que não é fácil encontrar Sabino. Para piorar a situação, os habitantes informam-no que o mais natural é que o mestre já tenha falecido.

A dúvida dá então início à busca pelo homem, em torno da qual se organiza todo o documentário. Pelo caminho, Ivo M. Ferreira conhece outros contadores que vai filmando e também Caustrino Alcântara, grande conhecedor da cultura popular da ilha, que ajuda o realizador a perceber e a resumir os diferentes tipos de história, designada “soia” na língua insular.”

in Diário As Beiras