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“Auto da Índia”

Domingo, Dezembro 6th, 2009

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A Escola da Noite vai apresentar “Auto da Índia: aula prática” no próximo dia 9 de Dezembro, quarta, pelas 14h30, no Auditório Municipal de Pedrogão Grande.

“Auto da Índia: aula prática” inscreve-se na matriz vicentina que caracteriza o reportório e o percurso artístico d’A Escola da Noite. Estreado no final de 2007, o espectáculo inclui, para além da versão integral de um dos mais conhecidos e estudados textos de Gil Vicente, uma introdução em que os actores apresentam sumariamente algusn dos aspectos mais relevantes da vida e da época do autor e ainda um período de debate entre o público e a equipa criativa do espectáculo.

Esta apresentação decorre no âmbito do Programa Território Artes do Ministério da Cultura.

A Escola da Noite acolhe “Tributo a Zeca Afonso”

Sexta-feira, Julho 31st, 2009

 

Companhia Bengala (Foto: Pedro Sena Nunes)

Companhia Bengala (Foto: Pedro Sena Nunes)

A Escola da Noite acolhe no próximo domingo, 2 de Agosto (21h30), no Teatro da Cerca de São Bernardo, o espectáculo musical “Tributo a Zeca Afonso”, da Companhia Bengala.

A iniciativa é uma organização da Câmara Municipal de Coimbra e insere-se num conjunto de actividades mais vasto que pretende assinalar a passagem dos 80 anos sobre o nascimento de José Afonso. Intitulado “Memorial José Afonso”, o programa estende-se até 3 de Outubro e inclui espectáculos de música, dança, recitais de poesia, um ciclo de Conversas a meio da tarde e uma exposição bio-discográfica.

A Companhia Bengala, cujo espectáculo abre a programação cultural desta homenagem, é um grupo musical formado em 1996 e apresenta como objectivos “fazer uma leitura universalista da música de raiz tradicional portuguesa (em fusão com linguagens improvisadas), musicar poesia em língua portuguesa e colaborar com outras áreas artísticas”. Editou em 1999 o seu primeiro CD – “Mar Português” – com 12 poemas de Fernando Pessoa musicados e prepara actualmente a edição do seu segundo trabalho.

A apresentação de “Tributo a Zeca Afonso” no TCSB insere-se no Programa Território Artes do Ministério da Cultura e acontece no âmbito do protocolo estabelecido entre a autarquia e A Escola da Noite para a gestão e programação do Teatro.

Os bilhetes custam entre 3 e 5 euros e as reservas devem ser feitas directamente para o TCSB, pelo telefone 239 718 238.

Uma carta coreográfica: últimos dias*

Sexta-feira, Maio 29th, 2009
© Hans Koster | "Freeze-Frame 308-69-2006", 2006 

 

© Hans Koster | "Freeze-Frame 308-69-2006", 2006

 

Imagine que os seus sapatos pisam a relva. Olhe para ela e lembre-se do primeiro desenho desta exposição. Ponha a sua mão no pescoço e, com a ajuda do toque, recorde-se do que estava desenhado no seu interior.

Agora, observe-se a andar. Observe-se por dentro a andar. Pense nos feixes de músculos necessários para que um passo se realize, na passagem do sangue dentro das veias, nos ossos que se articulam e que são as âncoras dos músculos. Tudo se move para que ande, ande pela relva.


Continue a andar sem se impor um destino concreto. Pense no seu andar ao sair da fotografia. É um andar leve? Hesitante? É forte a maneira como transporta o seu peso de um pé para o outro? Que ritmo têm os seus passos?

E o caminho que pisa, como é? Já pensou no que está por debaixo do chão? Na camada mais próxima dos seus pés e nas que se sucedem em direcção ao fundo da terra? Se se levantasse o chão debaixo dos seus pés, como reagiria?

Que direcção toma? Para onde olha? E as mãos? Onde e como estão? A coluna? Flexível, ao ritmo do seu pisar? Já cedeu? Sente as ancas a moverem-se quase livremente, ajudando as pernas a andar?

E a forma como as pernas indicam aos pés que andem?

E os pulmões, está a ouvi-los? E os passos que agora dá? Está a vê-los? Observe as suas pernas, os seus pés a andar. Veja como se colocam um atrás do outro, e o peso para a frente. Estão a andar à sua frente?!…

Observe e continue a andar. É a dança que os move.

Aproveite… aproveite agora e sorria.

As suas ideias e o seu corpo acabaram de se encontrar por um instante.

Nesse instante, ao mover-se e ao observar-se, os seus passos ganham imagens e sentidos desconhecidos e assim nascem fábulas nas plantas dos seus pés… As suas fábulas.

 

 

* Ao longo do último mês, A Escola da Noite publicou algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. No blog, ela termina aqui. No Teatro, pode visitá-la até amanhã, às 19h00. Vale a pena!

danças em casas*

Quinta-feira, Maio 28th, 2009
© Nikolais/Louis Foundation for Dance | "Girls Trio, Vaudeville of the Elements", Alwin Nikolais

© Nikolais/Louis Foundation for Dance | "Girls Trio, Vaudeville of the Elements", Alwin Nikolais

 

Oitava Fábula

O vestido ovo da avó que abraçava o redondo.

Ovo, vestir o outro com o nosso corpo, quando a coluna visita a oval, amolecer, contorcer, partir, desenrolar, desequilibrar

Vestir, desdobrar-se por camadas, deitar-se dentro de um ovo, abraçar-se a si

Dançar dentro de uma caixa para fazer mais ovos.

 

 

Fábula coreográfica para dançar (agora)

Nós vivemos dentro de um vestido transparente que viaja connosco para todo o lado. Tem o tamanho dos nossos braços e pernas quando os abrimos em leque a toda a volta. Este vestido, que é como um ovo, aumenta e diminui conforme queremos. Pode conter a nossa pessoa. Pode viajar connosco para todo o sempre. Podemos embrulhá-lo num lençol quando nos deitamos.

Saia da casca do seu espaço.

Vá com a testa ao encontro dos seus joelhos.

Faça dos seus braços que giram à sua volta uma saia redonda e forte.

Abrace os seus braços atrás de si e olhe o céu.

Transporte esse azul do céu com o seu olhar, desde o alto, até ao colo.

Use agora o redondo que ficou nos braços para os abrir e envolver com todo o seu comprimento uma avó que surge do seu colo, feita de cascas de ovo.

 

 

 

* A Escola da Noite publica algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. Com ”danças em casas” prossegue a “segunda estação” – “A dança como fábula”. A exposição pode ser visitada no TCSB, até ao final de Maio, de segunda a sexta (10h00-13h00 e 14h00-19h00) e aos sábados (14h30-19h00). Nos dias de espectáculo, mntém-se aberta até às 24h00.

danças a céu aberto*

Quarta-feira, Maio 27th, 2009

© José Manuel | "A Sagração da Primavera", Pina Bausch, 1994

© José Manuel | "A Sagração da Primavera", Pina Bausch, 1994

Sétima Fábula

O avanço da multidão como canção antiga.

Coro, a massa do grupo que invade e se evade, tornado de gente, corais que entoam sons, a escavação de uma energia selvagem, animais em conversas de movimentos

Batalha, o corpo como campo de batalha, vendavais humanos, braços e peito como facas, o homem como animal e o movimento como grito

A água do corpo é a chuva da vida.

 

 

Fábula coreográfica para dançar (agora)

(Num coro de movimento)

Se conseguíssemos correr dentro do espaço onde nos encontramos por uma boa meia hora, e o imaginássemos coberto de terra, começaríamos a sentir o “íman” que os corpos sentem e não sentem uns pelos outros quando estão juntos. Podemos pensar, enquanto corremos, que somos um coro humano num campo de batalha que trespassa o ar com as facas do nosso peito. No cansaço da correria, ouvimos a música dos nossos pulmões. Podemos imaginar o vento dentro da sala e aí viramos o corpo, inclinamos a coluna, recuamos, avançamos em grupo, como uma massa humana que invade e foge do mundo quotidiano. Decerto que neste momento conheceríamos a chuva da vida, que é a água que transpira dos nossos corpos quando nos damos todos àquilo que há para fazer.

Talvez alguém gostasse de entoar uma canção sua e os outros poderiam seguir o som com a sua própria voz…

Releia tudo dançando (com alguém).

 

 

 

* A Escola da Noite publica algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. Com ”danças a céu aberto” prossegue a “segunda estação” – “A dança como fábula”. A exposição pode ser visitada no TCSB, até ao final de Maio, de segunda a sexta (10h00-13h00 e 14h00-19h00) e aos sábados (14h30-19h00). Nos dias de espectáculo, mntém-se aberta até às 24h00.