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o regresso do Abajur em dia de Assembleia

Quinta-feira, Junho 7th, 2012

“O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos, é o espectáculo da noite no terceiro dia do Festival das Companhias. A co-produção entre o Cendrev e A Escola da Noite é apresentada às 21h30, na sala principal do Garcia de Resende.

De manhã, realiza-se pela primeira vez na história da iniciativa a Assembleia do Festival, um plenário com os mais de cinquenta elementos das companhias que estão em Évora por estes dias.

Ao final da tarde, o Teatro das Beiras volta a apresentar “Provavelmente uma Pessoa”, que ontem teve lotação esgotada na sala-estúdio.

Ana Meira e Miguel Lança, "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

7 de Junho, quinta-feira

11h00

Assembleia do Festival

18h30

Teatro Garcia de Resende, sala-estúdio

Provavelmente uma pessoa

Teatro das Beiras

21h30

Teatro Garcia de Resende, Sala Principal

O Abajur Lilás

co-produção CENDREV / A Escola da Noite

Três prostitutas partilham o quarto onde vivem e trabalham. O proprietário do prostíbulo exerce pressão sobre elas para que aumentem a produtividade, socorrendo-se sempre que necessário de Osvaldo, o seu capanga.

Considerada como a mais incisiva das peças que analisaram a situação brasileira durante a ditadura militar, “O Abajur Lilás” foi escrita (e proibida pela primeira vez) em 1969. Em 1975, depois de uma segunda proibição, viria mesmo a tornar-se uma bandeira em defesa da liberdade de expressão e contra as diferentes formas de opressão e exploração – “um contundente veredicto contra o poder ilegítimo”, chamou-lhe o crítico brasileiro Sábato Magaldi.

encenação António Augusto Barros interpretação Ana Meira, José Russo e Rosário Gonzaga (Cendrev) e Maria João Robalo e Miguel Lança (A Escola da Noite) cenografia João Mendes Ribeiro e Luisa Bebiano figurinos Ana Rosa Assunção desenho de luz António Rebocho banda sonora André Penas

M/16 > 1h40 com intervalo

 

 

diário do festival (2)

Quinta-feira, Junho 7th, 2012

VATe, o "teatro-autocarro" da ACTA à chegada a Évora, 6/6/2012

montagem de "O Abajur Lilás" na sala principal do Teatro Garcia de Resende, 6/6/2012

 No dia em que o autocarro chegou à cidade e em que o mocó do Giro voltou à casa-mãe, o Teatro das Beiras apresentou “Provavelmente uma pessoa”, de Abel Neves, na sala-estúdio do Teatro Garcia de Resende, perante uma casa cheia.

O Abel anda por cá e vai falar-vos um dia destes. Deixemo-lo por enquanto desfrutar estes bons ares alentejanos.

Há 12 anos que cheguei ao teatro. Com a sorte a que todos os principiantes deviam ter direito, calhou que a minha primeira visita técnica fosse ao Garcia de Resende. Entre histórias em que não quero deixar de acreditar sobre troncos gigantes trazidos a reboque do Brasil e lições de acústica e de arquitectura cénica, foi aqui que me apaixonei pela visão de uma plateia – desta plateia – a partir do palco. Eu, que trabalhava numa adorável garagem, deslumbrava-me com a visita ao palácio que os meus amigos faziam funcionar.

Subindo, subindo e subindo ainda mais um pouco, mostraram-me a dada altura a “sala da Escola”, agora assepticamente chamada “sala-estúdio”. Ali funcionava a Escola de Formação Teatral do Cendrev, onde tanta da gente que hoje faz o teatro português começou a aprender a arte e o ofício. Algumas dessas pessoas participam neste festival, como actores e encenadores de outras companhias. Outras largas dezenas de alunos da “Escola da Évora” estão espalhadas pelo país – em projectos que fundaram, noutros grupos, dando aulas –, a fazer com que o teatro continue a existir.

A Escola fechou no final de 2002. Os últimos alunos, a cujas estreias profissionais assisti, são de gente da minha geração. Gente que anda há 10 ou 15 anos a tentar evitar que se deite fora o trabalho da geração que nos antecedeu. Gente que, em vez de se ocupar a fazer seguir o rio, é obrigada a gastar as suas energias lutando contra o regresso das águas à nascente. Gente que anda a fazer biscates e a arranjar outros trabalhos para poder continuar no teatro, que tem de deixar de ser profissional para poder continuar a exercer a sua profissão. Em certo sentido, uma sub-gente que nem à “oportunidade” do desemprego tem direito, dada a precariedade e a terra de niguém em que sempre viveu e trabalhou.

Dizem-nos agora que esta gente estava enganada. Que afinal Portugal não quer nem pode nem precisa de ter criação artística para lá daquela que o mercado permite; que os teatros (mesmo os públicos) têm de ser auto-sustentados; que as companhias que quiserem continuar a existir têm de abandonar o serviço público e dedicar-se ao negócio. Dizem-nos agora que à crise económica que deixaram que se juntasse à crise financeira é agora preciso acrescentar a crise social; que é depois de terem perdido os serviços públicos, incluindo o acesso à criação e à fruição cultural, que os portugueses ficarão melhor e mais animados.

Lamento: não me convencem. E como a juntar-se a esta está já uma nova geração, ainda mais inquieta e maltratada, cheira-me que não vai ser assim tão fácil.

Nascido na Grécia (sabe tão bem dizer isto…), o teatro é um bocadinho mais antigo que a ideologia de pacotilha que nos querem impingir. E já viu enterrar umas quantas outras, bem mais fundamentadas do que este fanatismo pseudo-liberal que grassa nas cabeças de quem nos governa.

 Pedro Rodrigues,

Évora, 6 de Junho de 2012

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peça de Abel Neves no Festival das Companhias

Quarta-feira, Junho 6th, 2012

“Provavelmente uma pessoa”, de Abel Neves, é o espectáculo que o Teatro das Beiras traz à quinta edição do Festival das Companhias. Pode ser vista hoje à noite (21h30) ou amanhã à tarde (18h30), na sala-estúdio do Teatro Garcia de Resende.

Informações e reservas: 266 703 112 / geral@cendrev.com

"Provavelmente uma pessoa", Teatro das Beiras (foto: Paulo Nuno Silva)

6 de Junho, quarta-feira, 21h30

7 de Junho, quinta-feira, 18h30

Teatro Garcia de Resende, Sala-estúdio

Provavelmente uma pessoa

Teatro das Beiras

 

Arredores de Lisboa. Um quintal na margem sul. Dois casais, pequenos comerciantes. Gente vulgar! Numa noite de Primavera, o insólito. Aparece um corpo estatelado no chão do quintal. Quem será? Como é que veio aqui parar? De onde terá vindo? Pela cor da pele é um africano. Mas também pode ser um brasileiro ou… Provavelmente uma pessoa! Alguém vindo de longe para involuntariamente transtornar a quietude de uma noite de Primavera num quintal da margem sul. Alguém que podia ter ido cair noutro sítio! Podia muito bem ter caído ali ao lado, na esplanada do café! Mas logo ali ao rés da oliveira do “nosso” quintal!

 

texto Abel Neves encenação Gil Salgueiro Nave cenografia e figurinos Luís Mouro sonoplastia Helder F. Gonçalves interpretação Fernando Landeira, Pedro da Silva, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Vânia Fernandes desenho de luz Jay Collin

M/12 > 1h10

V Festival das Companhias: o programa completo

Segunda-feira, Junho 4th, 2012

Consulte e partilhe o programa completo do Festival a partir daqui:

Évora acolhe o V Festival das Companhias

Domingo, Junho 3rd, 2012

O Teatro Garcia de Resende, em Évora, acolhe a V edição do Festival das Companhias, entre 5 e 9 de Junho. Ao longo de uma semana, o público da cidade vai poder assistir às mais recentes produções dos seis grupos que integram a Plataforma das Companhias – A Escola da Noite, ACTA, Centro Dramático de Évora, Companhia de Teatro de Braga, Teatro das Beiras e Teatro do Montemuro.

Teatro Garcia de Resende

Na sequência dos festivais realizados em Faro (2005), Braga (2008), Campo Benfeito, Castro Daire e Lamego (2009) e Coimbra (2010), a iniciativa chega agora a Évora, sob a organização do CENDREV, mantendo os seus dois principais objectivos: oferecer aos espectadores uma mostra actualizada do trabalho das companhias e proporcionar aos próprios grupos um momento regular de encontro e de debate, aberto ao público.

A programação inclui sete espectáculos, apresentados em onze sessões, e uma mesa-redonda. A primeira noite está a cargo da Companhia de Teatro de Braga, que apresenta em Évora uma versão muito particular da história de Inês de Castro, escrita e dirigida pelo encenador ucraniano radicado na Alemanha Alexej Schipenko, um colaborador habitual da CTB. A dramaturgia portuguesa contemporânea é uma vez mais representada por Abel Neves, autor que já viu textos seus montados por quase todas as companhias desta plataforma – “Provavelmente uma pessoa” é apresentado pelo Teatro das Beiras na sala-estúdio do Teatro Garcia de Resende no dia 6 à noite e no dia 7 à tarde. Na terceira noite do Festival (quinta-feira), é a vez da companhia anfitriã voltar a apresentar “O Abajur Lilás”, espectáculo feito em co-produção com A Escola da Noite que estreou em Évora no passado mês de Abril. Na sexta-feira e no sábado, a ACTA – Companhia de Teatro do Algarve faz uma verdadeira ocupação dos três palcos do Festival: “Laço de Sangue”, de Athol Fugard, é apresentado na sala principal do Teatro Garcia de Resende (21h30), “Cavalo Manco Não Trota”, de Luis del Val, pode ser visto às 18h30 na sala-estúdio e ainda será possível conhecer o singular projecto VATe – Serviço Educativo, que a companhia desenvolve há alguns anos. No autocarro transformado em teatro os espectadores poderão assistir a quatro sessões do espectáculo “De Ulisses…Nunca Digas Tolices – A Guerra de Tróia”, de Alexandre Honrado. A encerrar o Festival, o Teatro do Montemuro apresenta, no sábado à noite, a peça “Louco na Serra”, de Peter Cann e Steve Jonhstone.

O teatro em tempo de crise

Como tem sido regra em todas as edições do Festival, a programação inclui um momento de debate aberto ao público. Este ano o tema escolhido para a mesa-redonda (que contará, para além dos elementos das companhias, com as intervenções de várias personalidades convidadas) foi “O teatro em tempo de crise”. Os cortes já aplicados no financiamento público à actividade artística, as indefinições que subsistem quanto ao futuro e o papel específico que a cultura e a arte em particular podem desempenhar no combate à crise em que o país se encontra mergulhado são aspectos incontornáveis da reflexão proposta pelas companhias. O debate está agendado para o último dia do Festival – sábado, entre as 16 e as 18h30.

Ao nível interno, o Festival inclui ainda, pela primeira vez, um momento de “plenário”, em que todos os elementos das companhias (equipas artísticas, técnicas e de produção) poderão aprofundar a troca de experiências que vêm dinamizando e discutir novas formas de colaboração entre os grupos.

O Festival e a CULTURBE

Pela sua dimensão e pelo seu triplo carácter de mostra, festa e reflexão, o Festival das Companhias é um dos eixos centrais da rede de programação CULTURBE. Ele envolve as três companhias residentes nos teatros que fazem a rede (CTB, A Escola da Noite e Cendrev) e as três companhias que, com aquelas, criaram em 2004 a “Plataforma das Companhias”. Em conjunto, estes seis grupos têm vindo a reforçar os laços de colaboração, materializados em intercâmbio de espectáculos, co-produções, tomadas de posição públicas e outras parcerias, numa rede informal cuja existência e durabilidade é um fenómeno pouco frequente em Portugal.

A valorização da criação artística no desenvolvimento das cidades médias e das suas regiões e a valorização da figura da companhia de teatro como elemento essencial à estruturação e à sustentabilidade do sector artístico em Portugal são objectivos comuns às duas redes, cujo feliz cruzamento ocorre a cada edição do Festival.

V Festival das Companhias – PROGRAMA