Posts Tagged ‘Rubem Fonseca’

“Ônibus 174” no TCSB amanhã

Segunda-feira, Maio 31st, 2010

A pretexto da reposição da trilogia “1.José 2.Rubem 3.Fonseca”, que decorre ao longo da primeira quinzena de Junho no Teatro da Cerca de São Bernardo, A Escola da Noite exibe no bar do Teatro, esta terça-feira, o filme “Ônibus 174”, de José Padilha. A sessão será comentada por Tatiana Moura, investigadora do Núcleo de Estudos para a Paz do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, que lançará as bases para um debate com a assistência a partir das várias questões suscitadas pelo filme, nomeadamente sobre os temas da violência urbana e da exclusão social.

No dia 12 de Junho de 2000, um autocarro cheio de passageiros é sequestrado no Rio de Janeiro por Sandro do Nascimento, um ex-“menino de rua”, na altura com 22 anos. O sequestro, que durou mais de quatro horas, foi filmado e transmitido em directo pela televisão para todo o Brasil. A partir dessas imagens e de uma aprofundada pesquisa, que inclui entrevistas com alguns dos intervenientes directos (reféns, polícias, jornalistas) mas também o relato da vida de Sandro, feito a partir dos testemunhos das pessoas que com ele conviveram de perto, “Ônibus 174” é um perturbante documento sobre a forma como as sociedades contemporâneas encaram a questão da exclusão social e sobre a forma como esta está inevitavelmente ligada aos fenómenos de violência com que regularmente nos confrontamos.

Para quem assistiu ou venha a assistir aos espectáculos d’A Escola da Noite construídos a partir da obra de Rubem Fonseca (e, em particular, ao conto “O Cobrador”, incluído em “1.José”), o paralelismo é evidente. Num e noutro caso, quem conta a história faz um esforço por se despir de preconceitos e de moralismos para se cingir à crueza dos factos, por mais dolorosa que seja. Sem maniqueísmos e com a consciência de que há situações em que todos somos vítimas. Muitas vezes, de nós próprios e da forma como preferimos não ver, não saber, não fazer. “Ônibus 174” é, neste sentido, um murro no estômago, a que ninguém pode ficar indiferente.

Tatiana Moura, licenciada em Relações Internacionais pela Universidade de Coimbra e doutorada em Sociologia pela Universidade Jaume I (Espanha), tem um vasto currículo na investigação e na intervenção em contextos de exclusão e violência armada urbana, nomeadamente no Rio de Janeiro. Entre outros, foi coordenadora dos projectos ““Mulheres e violências armadas. Estratégias de guerra contra mulheres em contextos de não-guerra: Rio de Janeiro, San Salvador e Medellin” (2006-2008) e “”Mulheres e meninas em contextos de violencia armada. Um estudo de caso sobre o Rio de Janeiro” (2005-2006). Mais recentemente, coordenou o estudo “Violência e armas ligeiras: um retrato português”, cujos resultados foram publicamente apresentados em Lisboa, no passado dia 20 de Maio. No âmbito dos projectos realizados no Rio de Janeiro, integrou as equipas de produção e de realização dos documentários “Uma mãe como eu” e “Luto como mãe”, ambos sobre os impactos da violência armada sobre crianças nas suas famílias e, em particular, junto das suas mães. “Luto como mãe”, de Luis Carlos Nascimento, foi exibido em Junho de 2009 no Teatro da Cerca de São Bernardo, numa sessão com a presença do realizador e de uma das protagonistas do documentário. No Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, é actualmente coordenadora do Observatório sobre Género e Violência Armada (OGIVA) e do Núcleo de Estudos para a Paz (NEP).

Ônibus 174 de José Padilha e Felipe Lacerda. Brasil, 2002, documentário, 128 minutos

Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o seqüestro de um ônibus em plena zona sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo por quatro horas, paralisando o país. No filme a história do sequestro é contada paralelamente à história de vida do sequestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. É revelado como um típico menino de rua carioca transforma-se em bandido e as duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas e mostrando ao espectador porque o Brasil é um país é tão violento.

1 de Junho terça, 21h30, entrada gratuita, “Ônibus” 174 | TCSB
seguido de debate sobre a violência urbana, moderado por Tatiana Moura do Núcleo de Estudos para a Paz do CES

a trilogia Rubem Fonseca estreia hoje em Braga

Sábado, Maio 8th, 2010

Mais informações no blog da Companhia de Teatro de Braga.

trilogia 1 JOSÉ 2RUBEM 3FONSECA em BRAGA

Terça-feira, Maio 4th, 2010

Nos próximos dias 8, 11 e 18 de Maio estreiam em Braga 3Fonseca, 2Rubem e 1José. Depois da estreia e temporada em Coimbra dos três espectáculos construídos a partir da obra do autor brasileiro Rubem Fonseca, a co-produção d’A Escola d Noite e da Companhia de Teatro de Braga é agora apresentada em Braga, no Pequeno Auditório do Theatro Circo, entre 8 e 22 de Maio, de terça a domingo, às 21h30, exceptuando o espectáculo de dia 16 (domingo) que é apresentado às 16h.

3 Fonseca       8 e 9 de Maio

2 Rubem          11 a 16 de Maio

1 José                18 a 22 de Maio

Para informações e reservas podem ser utilizados os números 253 217 167 ou 253 203 800.

estreia amanhã o primeiro!

Quarta-feira, Abril 14th, 2010

"3FONSECA"

Agora você (ou José e os seus irmãos), Francisca, Mecanismos de defesa, Zezé, Passeio Noturno I, Sucesso, Ganhar o jogo, Orgulho, Vida,
Entrevista e Um dia na vida de dois pactários são os textos do primeiro espectáculo da trilogia que estreia amanhã, às 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo. Este espectáculo pode ser visto esta quinta, sexta e sábado. Nas próximas semanas estreiam “Rubem” e “José”, nos dias 22 e 29 de Abril, respectivamente.

[foto de ensaio © Augusto Baptista”]

Um bálsamo e um safanão

Sexta-feira, Abril 9th, 2010

Rubem Fonseca © Abril Press

“Se o leitor português conhece A grande arte, Agosto ou Vastas emoções e pensamentos imperfeitos, do brasileiro Rubem Fonseca, este O buraco na parede já o tem conquistado. Mas, se não conhece, bem pode ser uma iniciação à excelente arte de contar de um dos maiores escritores de língua portuguesa da actualidade a quem o labéu de policial nunca pôde obrigar a descer um único degrau nos estatutos da literatura civilizada. Um bálsamo, por um lado. Um safanão, também.”

Francisco José Viegas, in revista “Ler”, Inverno/96

O buraco na parede é uma obra-prima do conto, verdadeira síntese de arte de Rubem Fonseca” em que” (…) o essencial, se não for o aprofundamento notório do trabalho estilístico, com o registo acurado das variações da linguagem, do simples diálogo ao extenso monólogo, ou as situações excepcionais, ou o desencadeamento imprevisível dos factos, ou os desfechos desconcertantes, será a persistência da mais notável característica da ficção de Rubem Fonseca: dar a ver a cidade, a vida e a violência da cidade em cada pormenor de cada história. Como se cada conto fosse um outro buraco para espreitar a cidade.”

Abel Barros Baptista, in Público, 9.3.96

“Persistentemente, Rubem Fonseca considera, com excepcional ímpeto celebrante, a enumeração de processos ficcionais em que é sacrificada qualquer fácil solução estrutural e onde nos surge a turbulência de diversas propostas constitutivas da sua distinta narração.”

José Emílio-Nelson, in Jornal de Notícias, 30.5.95