O editorial da agenda do TCSB para este trimestre:
Apresentar três espectáculos de Olga Roriz no espaço de uma semana e meia é motivo de celebração em qualquer parte do mundo. Fazê-lo no contexto de uma residência, dando ao público a oportunidade de conhecer em profundidade e de debater o percurso criativo desta coreógrafa, é algo que nos satisfaz ainda mais, empenhados que continuamos em fazer do TCSB um espaço que valoriza o acto da criação artística.
Há quatro anos afastada dos palcos da cidade, Olga Roriz traz a Coimbra uma mostra muito significativa do seu trabalho: o solo “Electra”, em que partilha em palco muitas das suas inquietações enquanto mulher e criadora; o espectáculo “Nortada”, dedicado a Viana do Castelo e “invadido de saudade, de nostalgia e de intimidade”; e a sua mais recente criação, “PETS”, acabada de estrear no Teatro Camões. Tudo isto e mais uma masterclass, uma exposição e três filmes que realizou.
No teatro, diferentes propostas oferecem bons motivos para que continue a visitar-nos. O trimestre começa com “Os bimbos da arte monocromática” – uma divertida interpelação à teoria da arte contemporânea feita no contexto de formação teatral que o actor e encenador Ricardo Kalash vem dirigindo no Museu Nacional de Machado de Castro. Segue-se “Remendos”, do Teatro do Montemuro, presença regular no palco do TCSB.
No que diz respeito à sua produção própria, A Escola da Noite encerra o ciclo de três estreias dedicadas à dramaturgia espanhola. Depois de “Noite de Amores Efémeros”, de Paloma Pedrero, e de “Teatro Menor”, de José Sanchis Sinisterra, é agora a vez de “Animais Nocturnos”, de Juan Mayorga. O autor virá a Coimbra ainda antes da estreia, para a VI Jornada de Dramaturgia Espanhola Contemporânea, no início de Novembro.
Olhando para esta programação, nem parece que estamos em crise. Nem se dá pelas extremas dificuldades com que A Escola da Noite se confronta e que fizeram com que tivesse de suspender a programação externa do TCSB durante três meses. Foi possível retomá-la agora graças ao projecto Culturbe, financiado pelo QREN, e à fortíssima vontade da companhia de manter este teatro aberto à cidade, até aos limites – que existem – das suas possibilidades, financeiras e humanas.
A Escola da Noite, Outubro de 2011