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o dia da ACTA

Sexta-feira, Junho 8th, 2012

A ACTA – Companhia de Teatro do Algarve ocupa o dia inteiro do Festival de Évora, com três espectáculos diferentes.

Começa já às 10h30 da manhã, com “A Mais Louca História da Aviação”, espectáculo apresentado em substituição de “De Ulisses nunca digas tolices…”, por motivos de saúde de uma das actrizes.

À tarde, Luis Vicente apresenta o monólogo “Cavalo Manco Não Trota” na sala-estúdio do Garcia de Resende e às 21h30 o mesmo Luis Vicente, agora com Mário Spencer, oferece ao público “Laço de Sangue”.

Não perca!

8 de Junho, sexta-feira, 18h30

Teatro Garcia de Resende, Sala-estúdio

Cavalo manco não trota

ACTA – Companhia de Teatro do Algarve

No momento em que o Juiz pergunta se o réu se considera culpado ou inocente, Miguel Torres é remetido, num ápice, para um turbilhão de memórias que começam na infância e terminam no momento e na circunstância em que agora se encontra, volvidos quase quarenta anos.

Os conflitos de infância, a fuga de casa dos pais, a juventude de um estudante de origens humildes na universidade e depois como marinheiro, os amores impossíveis e os amores destruídos, o seu desempenho como construtor civil corrupto… a morte do filho. Tudo é convocado para um “ajuste de contas” pessoal, a um tempo divertido, irónico e amargo.

texto Luis del Val tradução Maria João Neves encenação Bruno Martins intérprete Luís Vicente desenho e operação de luz Octávio Oliveira espaço cénico Luís Vicente figurino ACTA

M/16 > 1h20

8 de Junho, sexta-feira, 21h30

Teatro Garcia de Resende, Sala Principal

Laço de Sangue

ACTA – Companhia de Teatro do Algarve

Laço de Sangue conta a história de dois irmãos, filhos da mesma mãe, um de pele clara e outro de pele escura, que, procurando aliviar o tédio das suas existências, compram um jornal para que Zach, de pele escura e analfabeto, possa tentar arranjar uma correspondente do sexo feminino. Emerge então a África do Sul sob o apartheid, num jogo perigoso que põe em cena o drama da barreira de cor, com todos os seus medos e ódios. Metáfora da segregação racial então vigente na África do Sul, Laço de Sangue usa a consanguinidade entre irmãos para falar do nó de sangue entre todos os homens – um laço quebrado pela consciência tornada supremacia de uma raça (ou etnia, ou casta) sobre as restantes.

texto Athol Fugard tradução/revisão António Marques/Luís de A. Miranda encenação Luís Vicente intérpretes Luís Vicente e Mário Spencer concepção plástica Luís Vicente execução cenográfica Tó Quintas assistência de encenação Bruno Martins desenho e operação de luz Octávio Oliveira sonoplastia e operação de som Pedro Leote Mendes

M/12 > 1h10

diário do festival (3)

Sexta-feira, Junho 8th, 2012

Assembleia do V Festival das Companhias (Évora, 7 de Junho de 2012)

Maria João Robalo em "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

Assumamos: o reportório escolhido pelas seis companhias da descentralização que por estes dias se mostram em Évora não é o mais indicado para levantar a moral dos portugueses. Entre reis sanguinários, populares assustados, regimes racistas, patos-bravos desnorteados e umas irmãs mesquinhas, venha o mais pessimista e escolha.

A meio deste festival de elogios à condição humana, voltou hoje a surgir no Garcia de Resende um dono de prostíbulo que só pensa na facturação. Em nome da produtividade das suas “empregadas”, não hesita em exercer sobre elas todas as formas de poder que tem ao seu alcance: da humilhação e da chantagem à tortura e ao assassinato.

A futilidade do pretexto que desencadeia os acontecimentos, a rapidez com que tudo se desenvolve e a facilidade com que os seres humanos passam a descartáveis colocam-nos em tempos que gostamos de considerar passados. Giro, o proprietário, tem e exerce o poder do dinheiro, em nome do lucro que não concebe a parar de crescer. “A putaria é assim mesmo”, sustenta, protegido pela sombra-capanga que lhe faz o trabalho sujo.

Mantendo-se viva, uma das suas vítimas resiste ainda assim à inevitabilidade e insiste em perguntar: “onde vamos?”.

Quando “os faróis que nos guiam são pálidos”, é nestas perguntas, mesmo que feitas num palco entretanto esvaziado e corroído, que conseguimos encontrar alguma esperança.

 Pedro Rodrigues,

Évora, 7 de Junho de 2012

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o regresso do Abajur em dia de Assembleia

Quinta-feira, Junho 7th, 2012

“O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos, é o espectáculo da noite no terceiro dia do Festival das Companhias. A co-produção entre o Cendrev e A Escola da Noite é apresentada às 21h30, na sala principal do Garcia de Resende.

De manhã, realiza-se pela primeira vez na história da iniciativa a Assembleia do Festival, um plenário com os mais de cinquenta elementos das companhias que estão em Évora por estes dias.

Ao final da tarde, o Teatro das Beiras volta a apresentar “Provavelmente uma Pessoa”, que ontem teve lotação esgotada na sala-estúdio.

Ana Meira e Miguel Lança, "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

7 de Junho, quinta-feira

11h00

Assembleia do Festival

18h30

Teatro Garcia de Resende, sala-estúdio

Provavelmente uma pessoa

Teatro das Beiras

21h30

Teatro Garcia de Resende, Sala Principal

O Abajur Lilás

co-produção CENDREV / A Escola da Noite

Três prostitutas partilham o quarto onde vivem e trabalham. O proprietário do prostíbulo exerce pressão sobre elas para que aumentem a produtividade, socorrendo-se sempre que necessário de Osvaldo, o seu capanga.

Considerada como a mais incisiva das peças que analisaram a situação brasileira durante a ditadura militar, “O Abajur Lilás” foi escrita (e proibida pela primeira vez) em 1969. Em 1975, depois de uma segunda proibição, viria mesmo a tornar-se uma bandeira em defesa da liberdade de expressão e contra as diferentes formas de opressão e exploração – “um contundente veredicto contra o poder ilegítimo”, chamou-lhe o crítico brasileiro Sábato Magaldi.

encenação António Augusto Barros interpretação Ana Meira, José Russo e Rosário Gonzaga (Cendrev) e Maria João Robalo e Miguel Lança (A Escola da Noite) cenografia João Mendes Ribeiro e Luisa Bebiano figurinos Ana Rosa Assunção desenho de luz António Rebocho banda sonora André Penas

M/16 > 1h40 com intervalo

 

 

diário do festival (2)

Quinta-feira, Junho 7th, 2012

VATe, o "teatro-autocarro" da ACTA à chegada a Évora, 6/6/2012

montagem de "O Abajur Lilás" na sala principal do Teatro Garcia de Resende, 6/6/2012

 No dia em que o autocarro chegou à cidade e em que o mocó do Giro voltou à casa-mãe, o Teatro das Beiras apresentou “Provavelmente uma pessoa”, de Abel Neves, na sala-estúdio do Teatro Garcia de Resende, perante uma casa cheia.

O Abel anda por cá e vai falar-vos um dia destes. Deixemo-lo por enquanto desfrutar estes bons ares alentejanos.

Há 12 anos que cheguei ao teatro. Com a sorte a que todos os principiantes deviam ter direito, calhou que a minha primeira visita técnica fosse ao Garcia de Resende. Entre histórias em que não quero deixar de acreditar sobre troncos gigantes trazidos a reboque do Brasil e lições de acústica e de arquitectura cénica, foi aqui que me apaixonei pela visão de uma plateia – desta plateia – a partir do palco. Eu, que trabalhava numa adorável garagem, deslumbrava-me com a visita ao palácio que os meus amigos faziam funcionar.

Subindo, subindo e subindo ainda mais um pouco, mostraram-me a dada altura a “sala da Escola”, agora assepticamente chamada “sala-estúdio”. Ali funcionava a Escola de Formação Teatral do Cendrev, onde tanta da gente que hoje faz o teatro português começou a aprender a arte e o ofício. Algumas dessas pessoas participam neste festival, como actores e encenadores de outras companhias. Outras largas dezenas de alunos da “Escola da Évora” estão espalhadas pelo país – em projectos que fundaram, noutros grupos, dando aulas –, a fazer com que o teatro continue a existir.

A Escola fechou no final de 2002. Os últimos alunos, a cujas estreias profissionais assisti, são de gente da minha geração. Gente que anda há 10 ou 15 anos a tentar evitar que se deite fora o trabalho da geração que nos antecedeu. Gente que, em vez de se ocupar a fazer seguir o rio, é obrigada a gastar as suas energias lutando contra o regresso das águas à nascente. Gente que anda a fazer biscates e a arranjar outros trabalhos para poder continuar no teatro, que tem de deixar de ser profissional para poder continuar a exercer a sua profissão. Em certo sentido, uma sub-gente que nem à “oportunidade” do desemprego tem direito, dada a precariedade e a terra de niguém em que sempre viveu e trabalhou.

Dizem-nos agora que esta gente estava enganada. Que afinal Portugal não quer nem pode nem precisa de ter criação artística para lá daquela que o mercado permite; que os teatros (mesmo os públicos) têm de ser auto-sustentados; que as companhias que quiserem continuar a existir têm de abandonar o serviço público e dedicar-se ao negócio. Dizem-nos agora que à crise económica que deixaram que se juntasse à crise financeira é agora preciso acrescentar a crise social; que é depois de terem perdido os serviços públicos, incluindo o acesso à criação e à fruição cultural, que os portugueses ficarão melhor e mais animados.

Lamento: não me convencem. E como a juntar-se a esta está já uma nova geração, ainda mais inquieta e maltratada, cheira-me que não vai ser assim tão fácil.

Nascido na Grécia (sabe tão bem dizer isto…), o teatro é um bocadinho mais antigo que a ideologia de pacotilha que nos querem impingir. E já viu enterrar umas quantas outras, bem mais fundamentadas do que este fanatismo pseudo-liberal que grassa nas cabeças de quem nos governa.

 Pedro Rodrigues,

Évora, 6 de Junho de 2012

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peça de Abel Neves no Festival das Companhias

Quarta-feira, Junho 6th, 2012

“Provavelmente uma pessoa”, de Abel Neves, é o espectáculo que o Teatro das Beiras traz à quinta edição do Festival das Companhias. Pode ser vista hoje à noite (21h30) ou amanhã à tarde (18h30), na sala-estúdio do Teatro Garcia de Resende.

Informações e reservas: 266 703 112 / geral@cendrev.com

"Provavelmente uma pessoa", Teatro das Beiras (foto: Paulo Nuno Silva)

6 de Junho, quarta-feira, 21h30

7 de Junho, quinta-feira, 18h30

Teatro Garcia de Resende, Sala-estúdio

Provavelmente uma pessoa

Teatro das Beiras

 

Arredores de Lisboa. Um quintal na margem sul. Dois casais, pequenos comerciantes. Gente vulgar! Numa noite de Primavera, o insólito. Aparece um corpo estatelado no chão do quintal. Quem será? Como é que veio aqui parar? De onde terá vindo? Pela cor da pele é um africano. Mas também pode ser um brasileiro ou… Provavelmente uma pessoa! Alguém vindo de longe para involuntariamente transtornar a quietude de uma noite de Primavera num quintal da margem sul. Alguém que podia ter ido cair noutro sítio! Podia muito bem ter caído ali ao lado, na esplanada do café! Mas logo ali ao rés da oliveira do “nosso” quintal!

 

texto Abel Neves encenação Gil Salgueiro Nave cenografia e figurinos Luís Mouro sonoplastia Helder F. Gonçalves interpretação Fernando Landeira, Pedro da Silva, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Vânia Fernandes desenho de luz Jay Collin

M/12 > 1h10