HOJE, no TCSB, às 21h30 – último dia!

A espectadora Daniela Ferreira assistiu ontem ao espectáculo do Teatro o bando e quis partilhar connosco o que sentiu.

Obrigado!

Quero escrever mas não tenho palavras….acho-as pobres, toscas, infinitamente pequenas para descrever tanta beleza tanta magia e encanto.

Ouvi, vi, amei. Fiquei parada, pasmada a pensar, apetecia-me prender aquelas palavras para sempre a mim e não conseguia porque a seguir vinham outras e outras e outras e em catadupa enchiam-me a alma. Quis guardá-las em mim para as relembrar agora mas elas foram de uma violência poética tão sublime que não consigo reproduzir.

Já conhecia a obra de Al Berto, li e reli poemas seus, fazem parte de mim. Mas entregarem-mos assim desta forma foi como a primeira vez. Estava lá tudo, porém era uma prenda antiga com um embrulho novo.

Duas pessoas em palco a declamar a vida e os momentos por que muitas vezes passamos, mas que a existência pobre sem destino nem poder escondeu, ocultou, fechou. Incapazes apenas de verbalizar com semelhante dor, agonia e desespero, a enormidade do pensamento. Impotentes até para alcançar assim esse pensamento.

Duas pessoas apenas, que cheias, tão cheias de tudo nos devolveram as palavras vestidas de verdade, não aquela que vemos, a que existe para lá disso em que pensamos, a que escondemos com medo do ridículo. A que evitamos com pavor do que é novo e velho. As palavras abertas na nossa memória a ecoarem o tempo, a paixão violenta que nos abana como um vendaval imenso sem eira nem beira.

Duas pessoas declamaram poesia pura como quem conta uma história, como quem diz um segredo, sem que com isso banalizassem ou destruíssem o seu sentido. Deram-lhes ainda mais vida, corpórea e visível.

Fiquei rendida e mais uma vez disse para mim mesma, que o tempo em que estou sentada nestas cadeiras compensa todas as horas medíocres onde tenho que andar…

"A Noite" - conversa com o público

Pedro Gil, Ana Lúcia Palminha e Miguel Jesus

Imagens d’A Noite de ontem, no Teatro da Cerca de São Bernardo. Depois do espectáculo, os actores Pedro Gil e Ana Lúcia Palminha e Miguel Jesus (assistência à direcção) falaram com o público em mais uma conversa informal no bar do Teatro.

Hoje à noite tem a última oportunidade para assistir ao mais recente espectáculo d’o bando e de ficar a conhecer melhor esta companhia.

Contamos consigo!

HOJE no TCSB, 21h30 – último dia! 

“Apresentação da Noite” é uma montagem feita a partir de excertos gravados, entre 1981 e 1983, dos seguintes livros: “À procura do vento num jardim d’Agosto”, 1977; “Meu fruto de morder”, “Todas as horas”, 1980; “Trabalhos do olhar”, 1982; e de alguns inéditos. Com o trabalho de sucessivas gravações alguns excertos surgem aqui com profundas alterações. “Apresentação da noite” nasceu, a um dado momento, da necessidade de tornar audível esse silêncio onde se perde todo e qualquer desejo de escrever.

Al Berto, Dezembro de 1984, Rua do Forte, Sines

"A Noite", pelo Teatro o bando (© Margarida Dias)

A partir de “Apresentação da Noite” e outros textos de AL BERTO

Dramaturgia, Encenação e Espaço Cénico JOÃO BRITES

Corporalidade VÂNIA ROVISCO

Oralidade TERESA LIMA

Figurinos e Adereços CLARA BENTO

Desenho de Luz JOÃO CACHULO

Interpretação ANA LÚCIA PALMINHA e PEDRO GIL

Criação TEATRO O BANDO

Co-produção TEATRO NACIONAL D. MARIA II

Parceria CÂMARA MUNICIPAL DE SINES

Isto não é Al Berto.

É um longo e demorado gesto de despedida.

Isto não é Al Berto.

É a tentativa de adiar a nossa ausência.

Isto não é Al Berto.

São duas faces de um mesmo espelho que se dissipam.

Isto não é Al Berto.

É a nossa condição de sermos breves.

Isto não é o Al Berto.

Isto não é a Al Berto.

Isto é a distracção antes da morte.

TEATRO DA CERCA DE SÃO BERNARDO, COIMBRA

no âmbito da residência artística REN

23 e 24 de Maio (sábado e domingo), 21h30

informações e reservas: 239 718 238 e geral@aescoladanoite.pt

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