HOJE, no TCSB, às 21h30 – último dia!
A espectadora Daniela Ferreira assistiu ontem ao espectáculo do Teatro o bando e quis partilhar connosco o que sentiu.
Obrigado!
Quero escrever mas não tenho palavras….acho-as pobres, toscas, infinitamente pequenas para descrever tanta beleza tanta magia e encanto.
Ouvi, vi, amei. Fiquei parada, pasmada a pensar, apetecia-me prender aquelas palavras para sempre a mim e não conseguia porque a seguir vinham outras e outras e outras e em catadupa enchiam-me a alma. Quis guardá-las em mim para as relembrar agora mas elas foram de uma violência poética tão sublime que não consigo reproduzir.
Já conhecia a obra de Al Berto, li e reli poemas seus, fazem parte de mim. Mas entregarem-mos assim desta forma foi como a primeira vez. Estava lá tudo, porém era uma prenda antiga com um embrulho novo.
Duas pessoas em palco a declamar a vida e os momentos por que muitas vezes passamos, mas que a existência pobre sem destino nem poder escondeu, ocultou, fechou. Incapazes apenas de verbalizar com semelhante dor, agonia e desespero, a enormidade do pensamento. Impotentes até para alcançar assim esse pensamento.
Duas pessoas apenas, que cheias, tão cheias de tudo nos devolveram as palavras vestidas de verdade, não aquela que vemos, a que existe para lá disso em que pensamos, a que escondemos com medo do ridículo. A que evitamos com pavor do que é novo e velho. As palavras abertas na nossa memória a ecoarem o tempo, a paixão violenta que nos abana como um vendaval imenso sem eira nem beira.
Duas pessoas declamaram poesia pura como quem conta uma história, como quem diz um segredo, sem que com isso banalizassem ou destruíssem o seu sentido. Deram-lhes ainda mais vida, corpórea e visível.
Fiquei rendida e mais uma vez disse para mim mesma, que o tempo em que estou sentada nestas cadeiras compensa todas as horas medíocres onde tenho que andar…