Oficina das Artes termina hoje

Maio 28th, 2010

Termina hoje a terceira edição da Oficina das Artes, do Curso de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra com que A Escola da Noite colabora desde 2007/2008.

A oficina deste ano debruçou-se sobre o “Diário de um Louco”, texto de Nikolai Gógol. Ao longo das 12 sessões que agora se completam, os alunos tiveram oportunidade de ler, discutir e experimentar a transposição cénica deste texto, divididos em grupos e orientados pelos vários elementos do elenco da companhia.

[…] Confesso que me senti muito inquieto pensando na extraordinária delicadeza e fragilidade da Lua. É que a Lua fabrica-se, habitualmente, em Hamburgo, e é de péssima qualidade. Admira-me que a Inglaterra não preste atenção a este facto. O fabricante é um tamoeiro coxo, e vê-se logo que é um imbecil, não tem a minina noção do que é a Lua. Utilizou uma corda suja de alcatrão, e uns restos de azeite lâmpada rançoso; por isso, é terrível o fedor por toda a terra; é obrigatório tapar o nariz. Dai que a própria lua seja uma bola tão frágil que as pessoas não podem viver nela, pelo que agora só lá moram narizes. É  por esta mesma razão que não podemos ver os nossos próprios narizes, uma vez que estão todos na lua. [….]

Diário de um Louco, Nikolai Gogol


As aulas chegam hoje ao fim, com a apresentação interna do trabalho realizado por cada um dos grupos.

Ônibus 174

Maio 27th, 2010

No próximo dia 1 de Junho (terça-feira) às 21:30, no bar do Teatro da Cerca de São Bernardo, será apresentado o documentário Ônibus 174 de José Padilha e Felipe Lacerda, seguido de debate sobre a violência urbana, moderado por Tatiana Moura, do Núcleo de Estudos para a Paz do CES. A entrada é livre.

SINOPSE: Uma investigação cuidadosa, baseada em imagens de arquivo, entrevistas e documentos oficiais, sobre o sequestro de um autocarro  em plena zona sul do Rio de Janeiro. O incidente, que aconteceu em 12 de junho de 2000, foi filmado e transmitido ao vivo durante quatro horas, paralisando o país. No filme a história do sequestro é contada paralelamente à história de vida do sequestrador, intercalando imagens da ocorrência policial feitas pela televisão. Este é revelado como um típico menino de rua que se transforma em bandido. As duas narrativas dialogam, formando um discurso que transcende a ambas, mostrando ao espectador porque é o Brasil um país tão violento. REALIZADOR: José Padilha e Felipe Lacerda. (Brasil, 2003 – 128m).

destaques de Junho no TCSB

Maio 26th, 2010

Vera Mantero

Depois da primeira temporada em Coimbra e das apresentações em Braga, A Escola da Noite regressa agora ao TCSB com a muito solicitada reposição da TRILOGIA 1José 2Rubem 3Fonseca. Desta vez, os espectáculos são acompanhados por um conjunto de iniciativas paralelas para que o público possa conhecer (ainda) melhor a obra do autor brasileiro.

A meio do mês, voltamos a receber Vera Mantero. Na sequência da residência aqui realizada no ano passado, a coreógrafa traz-nos a sua mais recente produção, “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos”, precisamente o espectáculo que estava a preparar na altura. Apresentado em  Essen e em Montpellier (2009), chega finalmente a Portugal, para apresentações em Lisboa e no Porto (no âmbito do Festival Alkantara) e em Coimbra. Uma excelente oportunidade para que o público da cidade possa continuar a acompanhar de perto o percurso criativo de uma das mais importantes coreógrafas e intérpretes da dança portuguesa contemporânea.

O mês encerra em festa, com o IV Festival das Companhias, com a participação das seis estruturas profissionais de criação teatral que constituem a Plataforma das Companhias. Seis espectáculos (incluindo dois ao ar livre, no Pátio da Inquisição) em seis dias de intensa actividade, que incluem ainda debates, mesas-redondas e conversas com o público no final de cada sessão. Um momento de festa (que queremos partilhar com a cidade) e de reflexão sobre o papel da criação artística no desenvolvimento das cidades médias do nosso país. Apoiado pela Direcção Regional de Cultura do Centro, o Festival marca ainda o arranque da rede Culturbe – Braga, Coimbra e Évora, integrada pelo Theatro Circo, o Teatro da Cerca de São Bernardo e o Teatro Garcia de Resende, cujo projecto foi objecto de candidatura ao QREN, no âmbito da “programação cultural em rede”. Para além de oferecer a oportunidade para rever Sabina Freire (A Escola da Noite/CTB), o programa inclui O Fim, de António Patrício (CENDREV) , Georges Dandin, de Molière (ACTA), e dois espectáculos no Pátio da Inquisição: Cirineu, de Fernando Paulouro Neves (Teatro das Beiras), e Presos por uma corrente de ar, de José Carretas (Teatro de Montemuro).

Para que não perca nenhuma destas actividades, temos condições especiais de acesso aos espectáculos da trilogia Rubem Fonseca e no Festival das Companhias. Contacte-nos.

Para mais informações consulte a nossa agenda.

(fotografia de João Tuna)

“Rocío” amanhã no bar do TCSB

Maio 24th, 2010

Amanhã às 21:30 no bar do TCSB será apresentado o documentário «Rocío» – versão não censurada – seguido de debate. Oradores: Fernando Ruiz Vergara (o realizador), Francisco Espinosa Maestre (historiador).

Guião de Ana Vila, música de salvador Tavora, fotografia de Víctor Estevao e direcção de Fernando Ruiz Vergara.

Relata a origem da devoção mariana do Rocío en Almonte (Huelva), assim como o seu contexto histórico e social vinculado à direita e à hierarquia eclesiástica.”Rocío” estreou-se em Alicante em 1980 e ganhou o Festival de Cinema de Sevilha”Fernando Ruiz Vergara realizou nos finais dos anos 70 um documentário denominado «Rocío», que para além da famosa romaria de Huelva, aludia à guerra civil em Almonte e à repressão franquista, identificando as vítimas e os principais responsáveis pela repressão. Como consequência, a família Reales destruiu-lhe a vida, a película foi censurada e proibida em Espanha, e Fernando Ruiz Vergara foi condenado a dois anos e meio de prisão, a uma multa de 50.000 ptas., e ao pagamento de dez milhões de pesetas de indemnização à família Reales. Isto ocorreu durante a transição da UCD para a maioria absoluta do PSOE, em 1982. O advogado de Fernando Ruiz Vergara apenas conseguiu livrá-lo da prisão. O filme permanece censurado em Espanha porque continua vigente a decisão judicial de proibir a emissão de fragmentos que evocam passagens da Guerra Civil.

Fernando Ruiz Vergara – cineasta. Durante o 25 de Abril Vergara organizou inúmeras actividades culturais e ciclos de cinema de Norte a Sul de Portugal, dedicados principalmente aos seus compatriotas espanhóis, ainda sob o jugo franquista. A 1ª Mostra de Cinema de Intervenção, realizada no Estoril em 1976, iniciativa conjunta de Ana Vila e Jaime Montaner, marca o desfecho desses anos vividos intensamente em Portugal, e o seu regresso à Andaluzia (após a morte do ditador), para intervir culturalmente no seu País. “Rocío”, forjado na experiência vivencial do 25 de Abril, representou simultaneamente o início e o fim dessa utopia, e o regresso forçado ao Portugal dos anos 80. Apenas nos últimos anos Fernando Ruiz Vergara foi reabilitado em Espanha, através da exibição do seu filme em eventos culturais e Jornadas de recuperação da memória histórica da Guerra Civil. Ruiz Vergara produziu para a televisão, entre outros projectos, os titulados “Os ventos”, “A luz occidental” e “Igrejas ad laetere”.

Francisco Espinosa Maestre – Doutor em História, tem realizado numerosos estudos sobre a República, a Guerra Civil Espanhola e a repressão franquista na Andaluzia e Estremadura, sendo um dos fundadores e assessor histórico da Associação “Todos los nombres” – que se dedica a recuperar a identidade de todos aqueles que foram alvo de represálias pelo Franquismo. Formou parte da comissão que assessorou o juiz Baltasar Garzón no seu intento de investigar os crimes cometidos durante a Guerra Civil e o Franquismo. Autor de: «La Guerra Civil en Huelva». Huelva, Diputacion de Huelva, 2001. 3ª ed. 4.; Los campesinos de Badajoz y el origen de la guerra civil (marzo-julio de 1936)” [Crítica, 2007]; Contra el Olvido. Historia y memoria de la guerra civil, Arquivos da Memória, 1 (nova série), CEEP, 2007; Callar al mensajero (Península, 2009), autor do estudo publicado en 2007: «La primavera del Frente Popular».

Esta é uma iniciativa do Núcleo de Coimbra da CULTRA.

ESTREIA HOJE!

Maio 19th, 2010

Estreia esta noite 1JOSÉ a terceira parte da “trilogia 1José 2Rubem 3Fonseca”. “Agora você (ou José e os seus irmãos)”, “Passeio Noturno I”, “O Cobrador”, “Raimundinha”, “O Outro”, “A Escolha”, “Passeio Noturno II” e “Hildete” são os textos apresentados até sábado no Pequeno Auditório do Theatro Circo, em Braga, sempre às 21h30. Faça-nos companhia!

Trilogia 1.José 2.Rubem 3.Fonseca

1JOSÉ     19 a 22 de Maio

co-produção d’A Escola da Noite e da Companhia de Teatro de Braga. Espectáculos para maiores de 16 anos.
nformações e reservas pelo telefone 253 203 800.

textos  Rubem Fonseca encenação António Augusto Barros elenco Allex Miranda | António Jorge | Carlos Feio | Igor Lebreaud Lina Nóbrega | Maria João Robalo | Mário Montenegro | Miguel Magalhães | Rogério Boane | Sílvia Brito | Solange Sá figurinos Ana Rosa Assunção desenho de luz Jorge Ribeiro som Eduardo Gama