Hoje no TCSB: Leonor Barata e Cinema Negro no Feminino

Outubro 21st, 2016

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Dia longo no TCSB. Já às 11h00, Leonor Barata apresenta mais uma sessão de “Ver a Odisseia para chegar a Ítaca”, para o público escolar. Amanhã, pelas 11h00, despede-se do Teatro, numa sessão para o público em geral, no âmbito dos Sábados para a Infância.

À noite, terá lugar a Mostra de Filmes “Por um cinema negro do Feminino – Coimbra 2016”, que reúne 7 filmes seleccionados de jovens realizadoras negras brasileiras, realizados nos últimos seis anos. Logo após a projecção dos filmes haverá um debate com Cláudia Cambraia, Marta Araújo e Bia Leonel, moderado por Maíra Zenun. A entrada é livre.

CINEMA
Por um Cinema Negro no Feminino – edição Brasil
21 de Outubro de 2016
Sexta-feira, 21h30
entrada gratuita
org. FICINE – Forum Itinerante do Cinema Negro / Câmara Municipal de Coimbra

DANÇA / TEATRO
Ver a Odisseia para chegar a Ítaca
Leonor Barata
22 de Outubro de 2016
Sábado, 11h00
M/6 > 60′ > crianças até aos 12 anos: 3 Euros / maiores de 12 anos: 5 Euros
[Sábados para a infância no TCSB]
Sessões para grupos escolares, mediante marcação prévia:
19 a 21 de Outubro
quarta a sexta-feira, 10h30 e 15h00

Hoje em Évora: o Inferno começa cedo

Outubro 20th, 2016
Jorge Baião, Igor Lebreaud, Rosário Gonzaga, Maria João Robalo, Ana Meira, Miguel Magalhães e José Russo, "Embarcação do Inferno" (foto: Paulo Nuno Silva)

Jorge Baião, Igor Lebreaud, Rosário Gonzaga, Maria João Robalo, Ana Meira, Miguel Magalhães e José Russo, “Embarcação do Inferno” (foto: Paulo Nuno Silva)

O dia começa cedo em Évora. Hoje, a primeira sessão é às 10h30 e promete encher de novo a plateia do Teatro Garcia de Resende.

Às 21h30 pode ser a sua vez. Venha embarcar connosco!

TEATRO
Embarcação do Inferno
de Gil Vicente
A Escola da Noite / Centro Dramático de Évora

texto Gil Vicente encenação António Augusto Barros e José Russointerpretação Ana Meira, Igor Lebreaud, Jorge Baião, José Russo, Maria João Robalo, Miguel Magalhães, Rosário Gonzaga, Rui Nuno figurinos e bonecos Ana Rosa Assunção cenografia João Mendes Ribeiro e Luísa Bebiano luz António Rebocho música Luís Pedro Madeira
consultadoria científica José Augusto Cardoso Bernardes

M/12 > 60′

ÉVORA
Teatro Garcia de Resende
6 a 30 de Outubro de 2016
quarta a sábado, 21h30; domingos, 16h00
sessões para escolas, mediante marcação prévia: 12 a 28 de Outubro de 2016 (quartas, quintas e sextas)
Preços: bilhete normal – 6 Euros; Sócios do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS): – 4 Euros; < 12 anos, Estudantes, > 65 anos, Reformados/Pensionistas, Funcionários da C.M.Évora, Grupos Escolares e outros de + de 12 pessoas – 3 Euros

informações e reservas:
266 703 112 / geral@cendrev.com

COIMBRA
Teatro da Cerca de São Bernardo
10 de Novembro a 4 de Dezembro de 2016
quinta a sábado, 21h30; domingos, 16h00
sessões para escolas, mediante marcação prévia: 16 de Novembro a 2 de Dezembro de 2016 (quartas, quintas e sextas)
Preços: bilhete normal – 10 Euros; estudante, jovem, > 65 anos e profissionais e amadores de teatro – 6 Euros; entidades protocoladas e funcionários da CMC – 5 Euros; assinaturas TCSB – 5 entradas, 30 Euros / 10+1 entradas, 50 Euros; sessões para escolas – 3 Euros/aluno (entrada gratuita para professores acompanhantes e alunos abrangidos pelo Escalão A da ASE)

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Hoje em Évora: duas sessões de “Embarcação do Inferno”

Outubro 19th, 2016
Jorge Baião e Igor Lebreaud, "Embarcação do Inferno" (foto: Paulo Nuno Silva)

Jorge Baião e Igor Lebreaud, “Embarcação do Inferno” (foto: Paulo Nuno Silva)

Hoje há duas partidas para o Inferno (ou para o Paraíso, se se acharem de tal merecedores/as). No Teatro Garcia de Resende, a mais recente produção d’A Escola da Noite e do Cendrev é apresentada às 15h00 (para grupos escolares) e às 21h30, para o público em geral.

Faça-nos companhia!

TEATRO
Embarcação do Inferno
de Gil Vicente
A Escola da Noite / Centro Dramático de Évora

texto Gil Vicente encenação António Augusto Barros e José Russointerpretação Ana Meira, Igor Lebreaud, Jorge Baião, José Russo, Maria João Robalo, Miguel Magalhães, Rosário Gonzaga, Rui Nuno figurinos e bonecos Ana Rosa Assunção cenografia João Mendes Ribeiro e Luísa Bebiano luz António Rebocho música Luís Pedro Madeira
consultadoria científica José Augusto Cardoso Bernardes

M/12 > 60′

ÉVORA
Teatro Garcia de Resende
6 a 30 de Outubro de 2016
quarta a sábado, 21h30; domingos, 16h00
sessões para escolas, mediante marcação prévia: 12 a 28 de Outubro de 2016 (quartas, quintas e sextas)
Preços: bilhete normal – 6 Euros; Sócios do Sindicato dos Professores da Zona Sul (SPZS): – 4 Euros; < 12 anos, Estudantes, > 65 anos, Reformados/Pensionistas, Funcionários da C.M.Évora, Grupos Escolares e outros de + de 12 pessoas – 3 Euros

informações e reservas:
266 703 112 / geral@cendrev.com

COIMBRA
Teatro da Cerca de São Bernardo
10 de Novembro a 4 de Dezembro de 2016
quinta a sábado, 21h30; domingos, 16h00
sessões para escolas, mediante marcação prévia: 16 de Novembro a 2 de Dezembro de 2016 (quartas, quintas e sextas)
Preços: bilhete normal – 10 Euros; estudante, jovem, > 65 anos e profissionais e amadores de teatro – 6 Euros; entidades protocoladas e funcionários da CMC – 5 Euros; assinaturas TCSB – 5 entradas, 30 Euros / 10+1 entradas, 50 Euros; sessões para escolas – 3 Euros/aluno (entrada gratuita para professores acompanhantes e alunos abrangidos pelo Escalão A da ASE)

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Hoje no TCSB: “Ver a Odisseia…” numa sessão para escolas

Outubro 19th, 2016
Leonor Barata, "Ver a Odisseia para chegar a Ítaca"

Leonor Barata, “Ver a Odisseia para chegar a Ítaca”

Leonor Barata está de regresso ao TCSB, com o seu belíssimo “Ver a Odisseia para chegar a Ítaca”, dedicado aos mais novos. Com a palavra e o movimento, Leonor conduz as crianças pela fantástica viagem de Ulisses, inspirada pelas palavras de Homero e pelas adaptações de Maria Alberta Menéres e Frederico Lourenço.

Até sexta-feira há sessões para escolas e no Sábado, às 11h00, é para toda a família.

Faça-nos companhia!

DANÇA
Ver a Odisseia para chegar a Ítaca
Leonor Barata

texto a partir de “Odisseia”, de Homero criação Jorge Loureiro e Leonor Barata interpretação Leonor Barata desenho de luz Jonathan de Azevedo
M/6 > 60’

PRÓXIMAS APRESENTAÇÕES NO TCSB

22 de Outubro de 2016
Sábado, 11h00
crianças até aos 12 anos: 3 Euros; maiores de 12 anos: 5 Euros

Sessões para escolas
(1.º, 2.º e 3.º Ciclos do Ensino Básico):

19 a 21 de Outubro de 2016
quarta a sexta-feira, 10h30 e 15h00

informações e reservas:
239 718238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Rui Valente escreve sobre Gil Vicente, a propósito de “Embarcação do Inferno”

Outubro 17th, 2016
Teatro Garcia de Resende, em Évora (foto: Pedro Rodrigues)

Teatro Garcia de Resende, em Évora (foto: Pedro Rodrigues)

Longilíneo, solene, Gil Vicente dobrou a esquina da pastelaria Violeta e entrou no Largo Joaquim António de Aguiar. Ao fundo, o Garcia de Rezende dominava o horizonte. Era o seu percurso habitual, nos últimos tempos, mas não conseguiu deixar de sorrir, impressionado — que progresso desde a ilustre casa de madeira que El-Rei mandou fazer.

Sem querer, o olhar fugiu-lhe para o velho São Domingos, ali ao lado. Já poucos reconhecem o antigo convento sob as vestes de moderno centro comercial, menos ainda se lembram dele nos idos de mil e oitocentos, arrombado e saqueado pelos franceses.

“Ora, andar”, pensou. Desde que a Inquisição lhe rasgou os textos, Vicente nunca mais viu a Igreja com bons olhos. Bem tentou distinguir a Devoção dos que tão mal a praticam, a Igreja não é isto, dizia de si para si. Porém, a certa altura, fartou-se. E achou espantosa aquela Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Claro que era escusado terem morto frei Miguel do Rosário, coitado, irmão Cantor da comunidade. A Revolução não é isto… a Igreja não é isto, a Revolução não é isto, o Islão não é isto, a praxe não é isto, porra, nunca nada é alguma coisa, é sempre tudo outra coisa.

A Fé move montanhas. O problema é que a Fé de uns move a montanha para um lado, a Fé de outros volta a pôr a montanha onde estava. E o Homem, a dada altura, começou literalmente a mover montanhas apenas com o seu engenho — o aforismo tornou-se-lhe estranho e, também por isso, a Fé perdeu-lhe uma boa parte do seu encanto.

“Os Crentes só aceitarão uma prova da inexistência de Deus se esta lhes for apresentada pelo Próprio”, pensou. A Fé é muito bonita enquanto monumento da criação humana mas monótona como tema de debate e inútil quando queremos resolver um problema prático como uma guerra ou quem deve gerir o Muro das Lamentações.

Cruzando o Largo, Gil Vicente preferiu voltar a concentrar-se no Garcia. Duas companhias numa só ensaiavam ali um dos seus textos. Um dos mais esmerados, sim, mas, lá está, um dos religiosos. Durante anos andou com ele pelos fundos das gavetas. Depois, quase desconfiado, viu uns estudantes de Coimbra pegarem nele. E olhai lá, que arrais infernal me saiu aquele Deniz-Jacinto! A partir daí, repetiram-no, quase até à exaustão. De quase-perdido, acabaria por tornar-se um clássico.

Quem diria! Pensou em Calvino, não o da Fé, o outro: “Um clássico é um livro que ainda não acabou de dizer tudo o que tem para dizer”. À custa de tanto lhe pegarem, ele próprio acabou por vê-lo com outros olhos. O enredo começara a parecer-lhe simplório, em especial quando o comparou com Shakespeare, uns meros cem anos depois. Mas depois apareceu Beckett e mais linear do que aquilo era difícil. Afinal, parece que até o mais simples dos seus textos tem uma modernidade insuspeita. “Isto está cheio de teatro!”, já dizia excitado o mesmo Deniz-Jacinto, a propósito da sua primeira peça. Gil Vicente condescendeu, lembrando-se do entusiasmo quase juvenil com que os escrevera: “Sim, todos foram feitos com alma, lá isso é verdade”.

Vicente gostava de ver aquela companha inventar novos sentidos para o seu texto. Por vezes, acontecia até ficar na dúvida quanto às suas próprias intenções ao escrever esta ou aquela fala. Em troca, achava graça ao espanto deles, à medida que os via decifrar o seu pensamento — certas imagens, certos raciocínios, pareciam-lhes impossíveis para uma mente do Séc. XV, criada num mundo sem cinema e sem efeitos especiais.

Ali, naquele teatro imenso, sentia-se em casa. Ao longo de quase trinta anos, A Escola da Noite e o Centro Dramático de Évora levaram à cena mais de vinte dos seus textos. No outro dia disseram-lhe “olha Vicente, se pudéssemos escolher uma personagem histórica para entrevistar, escolhíamos-te a ti. Não porque te conheçamos mal, mas porque te conhecemos bem. Já sabes o nosso lema: quanto mais se conhece, mais se ama”.

Sorriu, enquanto recordava o cumprimento. Já junto ao Garcia, olhou outra vez para o Largo, agora do ponto de vista oposto. “Cuidado com as voltas do Mundo, Mata-Frades, não vá algum alucinado dizer que um herege não merece toponímia”.

Estava em cima da hora para assistir a mais um ensaio. Junto à porta de serviço do teatro, Vicente apagou o cigarro, digitou o código e entrou.

 

Rui Valente
Director Técnico d’A Escola da Noite / Co-director de montagem do espectáculo “Embarcação do Inferno”

 

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