ACTOR 2
Ionesco é assim… ou não vem ou vem cedo ou vem na hora ou chega atrasado…
“Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”
de Matéi Visniec
No âmbito da preparação do espectáculo “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”, peça escrita por Matéi Visniec em homenagem a Eugène Ionesco (e na qual irrompem várias das suas personagens), A Escola da Noite vai fazer uma leitura pública da peça “A Cantora Careca”, uma das obras mais conhecidas do mestre do Teatro do Absurdo (ou do Anti-Teatro, como ele preferia chamar-lhe).
A sessão tem lugar no bar do TCSB na próxima terça-feira, dia 25 de Novembro, pelas 18h00. A entrada é gratuita.
A Cantora Careca
“pequena obra-prima do vácuo total, do teatro vocabular ou das ‘mil maneiras de não dizer nada’, (…) [em que Ionesco] sublinha com um grosso traço caricatural o fatalismo da alteridade dos indivíduos. (…) É todo o individualismo orgulhoso de um ciclo civilizacional que agoniza neste teatro à primeira vista inocente. Para desvalorizar as relações humanas (…) prova simplesmente a palavra do seu conteúdo psicológico; ela deixa de ser um meio de comunicação para ser um objecto em si, monstruoso e cómico.”
Urbano Tavares Rodrigues
Prefácio a Eugène Ionesco – Teatro I. Lisboa: Minotauro
Eugène Ionesco (Slatina, Roménia, 1912 – Paris, França, 1994)
Dramaturgo francês de origem romena, criador do teatro do absurdo e um dos seus mais destacados representantes, juntamente com Samuel Beckett.
Viveu na Roménia entre os 13 e os 26 anos, iniciando aí uma carreira como jornalista. Depois da II Guerra Mundial estabelece-se definitivamente em Paris, onde trabalha como revisor e tradutor e se torna amigo de intelectuais como Andre Breton, Luis Buñuel, Mircea Eliade, Raymon Queneau, entro outros.
O pessimismo está na base do teatro do absurdo, que pretende evidenciar a futilidade da existência humana num mundo imprevisível, bem como a impossibilidade de uma verdadeira comunicação entre as pessoas. Entre as técnicas características desta dramaturgia está o “nonsense” (jogos verbais sem sentido ou sem sentido aparente), a criação de ambientes sufocantes e de situações desprovidas de lógica, com o objectivo de realçar a distanciação e a alienação. Tem como princípio essencial a subversão dos procedimentos de transposição literal da realidade.
Foi um dos dramaturgos mais singulares e inovadores do século XX, com um humor fino e mordaz, transpondo para o palco as técnicas expressivas procedentes do surrealismo. Numa sociedade fragmentada e progressivamente dividida em compartimentos estanques, Ionesco abriu novos caminhos ao teatro, que viriam a ser seguidos por outros autores.
Da sua muito vasta obra teatral destacam-se “A cantora careca” (1950), uma sátira baseada na vida quotidiana; “A Lição” (1950), sobre um professor que assassina os seus alunos; “As cadeiras” (1952), em que as personagens falam com seres que não existem; e “O rinoceronte” (1959). Nesta, que é a sua peça mais conhecida, os habitantes de uma localidade convertem-se em rinocerontes, perante a resistência e o espanto do protagonista.
Fonte: infobiografias.com
LEITURA
A Cantora Careca
de Eugène Ionesco
pelo elenco de “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”
terça-feira, 25 de Novembro, 18h00
bar do TCSB > entrada gratuita