O melhor teatro brasileiro e a nova temporada de “Nunca estive em Bagdad” marcam a programação de Dezembro do Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.
Ao mesmo tempo, A Escola da Noite encerra a sua digressão de 2012, com apresentações de dois espectáculos distintos em Santiago de Compostela e em Montemor-o-Velho.
A 7 e 8 de Dezembro, o TCSB acolhe “12 homens e uma sentença”, um dos pontos mais altos da programação organizada pel’A Escola da Noite no presente ano. Com encenação de Eduardo Tolentino, o espectáculo construído a partir da peça de Reginald Rose (que na década de 50 deu origem ao filme “12 homens em fúria”, de Sidney Lumet) recebeu em 2010 o prémio APCA para melhor espectáculo do ano e ainda duas nomeações para os prémios Shell (melhor encenador e melhor actor). Mantém-se em cena no Brasil há mais de dois anos, alcançando um enorme sucesso junto do público e da crítica. Conta com mais de 300 apresentações já realizadas. “12 homens…” é a história de um colectivo de jurados, fechado numa sala, que tem de decidir se condena ou não à morte um jovem acusado de matar o pai. Aquela que parece ser uma decisão fácil de tomar torna-se mais complicada a partir do momento em que um dos jurados começa a levantar dúvidas e a questionar a unanimidade que parecia reinar entre o grupo. Nas palavras do encenador, o debate e o exercício argumentativo que o texto oferece mostra como “as dúvidas razoáveis são bem mais interessantes dos que as verdades aparentes”.
No dia seguinte (9 de Dezembro à tarde), o Grupo TAPA, dirigido pelo mesmo Eduardo Tolentino, apresenta no TCSB “Retratos Falantes”, num programa que inclui três monólogos de Alan Bennet: “Fritas no açúcar”, “A senhora das cartas” e “Brincando de sanduíche” – interpretados, respectivamente, pelos actores Brian Penido, Zé Carlos Machado e Emília Rey. Originalmente escritos para televisão, em 1987, estes textos abordam, com um “humor ácido e cortante”, os temas da solidão e da incomunicabilidade no mundo contemporâneo, recorrendo a “figuras anónimas, quase invisíveis, que podem morar na porta ao lado”.
Os dois espectáculos são apresentados em Coimbra no âmbito da rede Culturbe, seguindo logo depois para Braga (Theatro Circo, a 11 e 12, respectivamente) e para Évora (Teatro Garcia de Resende, a 14 e 15 de Dezembro, respectivamente). Uma digressão tornada possível pelo facto de “12 homens e uma sentença” ter sido escolhido pelo Ministério da Cultura brasileiro para integrar a mostra de teatro do Brasil que está a decorrer no Teatro Nacional D. Maria II, no âmbito da iniciativa “Ano do Brasil em Portugal”. Em Lisboa, o espectáculo é apresentado nos dias 5 e 6 de Dezembro.
“Nunca estive em Bagdad”
Depois da digressão por Campo Benfeito, Faro e Santiago de Compostela (esta terça e quarta-feira), o mais recente espectáculo d’A Escola da Noite regressa a Coimbra, para uma nova temporada no TCSB, entre 13 e 23 de Dezembro (de terça a sábado às 21h30 e aos domingos às 16h00). Serão as últimas oportunidades para o público da cidade ver ou rever o texto de Abel Neves, que conta a história de um jovem casal português (Glória e Rogério) em processo de mudança de casa, no momento em que a Guerra do Iraque está a acontecer. Esta entra-lhes literalmente pela casa, através da televisão da qual Rogério não consegue descolar. Entre o problema de Glória, que vai sendo revelado ao longo da peça, e a tragédia global vinda do outro lado do mundo, assiste-se a um confronto de escalas que amplia o efeito de ambos na vida quotidiana do casal.
“Novas diretrizes em tempos de paz” em Montemor
Ainda na primeira semana de Dezembro, A Escola da Noite apresenta no Teatro Esther de Carvalho, com a colaboração do CITEC, a ante-estreia de “Novas diretrizes em tempos de paz”, de Bosco Brasil. Para a tarde (15h00) está agendada uma sessão para o público escolar e à noite (21h30) terá lugar uma sessão para o público em geral. Também premiado com os prémio APCA e Shell (melhor autor, em 2002), “Novas diretrizes” apresenta-nos a história de um emigrante polaco que, fugindo da II Guerra Mundial, chega ao Brasil em Abril de 1945, em busca de uma nova vida como agricultor. No porto do Rio de Janeiro, é colocado perante Segismundo, um oficial da alfândega que desconfia das intenções da entrada de Clausewitz no Brasil. Para a obtenção do salvo-conduto que permitiria a entrada do emigrante no Brasil, Segismundo propõe um desafio, o que leva as duas personagens a confrontar as suas memórias: de um lado um actor que perdeu familiares e amigos, do outro um ex-torturador que sempre cumpriu ordens.
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