Posts Tagged ‘António Pedro Pita’

“Pina Bausch — Ensaio biográfico”, de Cláudia Galhós

Quarta-feira, Outubro 6th, 2010

Hoje à tarde, no Bar do Teatro da Cerca de São Bernardo, a pretexto da apresentação em Coimbra do livro “Pina Bausch — Ensaio biográfico”, de Cláudia Galhós, A Escola da Noite promove uma sessão que conta com a presença da autora, as intervenções de António Olaio e António Pedro Pita, a projecção do documentário “Lissabon Wuppertal Lisboa” de  Fernando Lopes, o filme “Hotel Müller” de João Salavisa e ainda com uma performance de Leonor Barata.

6 de Outubro de 2010 | quarta | 18h | Teatro da Cerca de São Bernardo | Entrada Livre

Pina Bausch

Terça-feira, Outubro 5th, 2010

A pretexto da apresentação em Coimbra do livro “Pina Bausch — Ensaio biográfico”, de Cláudia Galhós, A Escola da Noite promove uma sessão que contará com a presença da autora e as intervenções de António Olaio e António Pedro Pita, a projecção do documentário “Lissabon Wuppertal Lisboa” de autoria de Fernando Lopes, o filme “Hotel Müller” de João Salavisa e ainda com uma performance de Leonor Barata.

6 de Outubro de 2010 | quarta | 18h | Teatro da Cerca de São Bernardo

Diário do Festival: sexta-feira

Sábado, Junho 13th, 2009

 

 

Ao terceiro dia do Festival, as companhias quiseram chamar os representantes institucionais para debater os principais problemas com que se confrontam do dia-a-dia e, particularmente, os efeitos da aplicação das novas regras do financiamento público da criação artística. O debate realizou-se à hora marcada, em Campo Benfeito, e permitiu uma viva discussão com o único convidado que compareceu – o Director Regional da Cultura do Centro, António Pedro Pita. A DGArtes e as autarquias de Castro Daire e Lamego cancelaram a sua participação à última hora, o que reduziu o alcance pretendido para a discussão. Foram ainda assim elencados muitos dos problemas que vimos denunciando – a sub-orçamentação da cultura em Portugal, o regime de sobrevivência em que as companhias são obrigadas a trabalhar (e que se vem agravando de ano para ano), a falta de diálogo entre criadores e governantes -, mas também muitos dos contributos que as companhias entendem ter vindo a dar para o teatro em Portugal: na construção e na dinamização de espaços por todo o país, na manutenção de uma oferta regular de espectáculos por todo o território (construindo e fixando hábitos culturais entre a população) e, até, na construção de pontes entre a Administração Central e as autarquias locais, em matérias onde estes dois níveis de governação deveriam interagir muito mais.

Saímos de Campo Benfeito com uma inevitável sensação de “dejá vu” em relação a debates anteriores, é certo, mas com a convicção reforçada de que, enquanto estas discussões não forem levadas até ao fim, é necessário criar momentos de clarificação e de fixação de argumentos. Nesse sentido, o debate de ontem foi importantíssimo e revelou a grande sintonia existente entre as companhias da Plataforma e, inclusivamente, com o Trigo Limpo/ Teatro Acert, de Tondela, que aceitou o nosso convite para se juntar à discussão.

Num outro plano, é importante reter a intervenção de Sónia Botelho, jovem actriz do Teatro das Beiras, que destacou o contributo deste encontro para reforçar a ligação não só entre as companhias mas entre todos os seus membros individuais, que normalmente não podem participar nas reuniões preparatórias. O seu desafio foi aceite e imediatamente posto em prática: o modelo e o programa do próximo Festival, que terá lugar em Coimbra, está já a ser discutido informalmente por todos nós, nos corredores do hotel, à mesa das refeições e nos vários momentos de confraternização que este encontro nos proporciona.

À noite, em Castro Daire, a programação artística do Festival prosseguiu com a apresentação de “Memórias de Branca Dias”, do Cendrev, no Auditório Municipal de Cultura. Como tantos outros no país, que estas companhias conhecem bem, trata-se de um espaço com graves limitações técnicas, que condicionam de forma séria o tipo de espectáculos que ali podem ser apresentados. Assinala-se no entanto o esforço feito pela Câmara Municipal e pelo Teatro de Montemuro, que conseguiram minimizá-las para este Festival, colocando no palco uma estrutura provisória para a iluminação cénica. Não temos ainda números oficiais, mas foram seguramente mais de 100 pessoas a aplaudir o exigente trabalho de actriz de Rosário Gonzaga, sozinha em palco a interpretar o texto de Miguel Real, encenado por Filomena Oliveira.

No início da madrugada, o grupo ficou finalmente completo: chegou a ACTA, do Algarve, cujos compromissos não lhe permitiram participar no Festival desde o início. Estamos agora todos e assim continuaremos até Domingo. Teremos ainda mais três espectáculos, um debate e a grande festa de encerramento.

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António Pedro Pita: “o processo de descentralização está longe ser satisfatório”

Sábado, Junho 13th, 2009

 

 

O Director Regional da Cultura do Centro, António Pedro Pita, reconheceu ontem que o processo de descentralização cultural em Portugal, iniciado após o 25 de Abril, tem avançado “aos bochechos” e está ainda “longe de ser considerado satisfatório”. Falando na abertura do debate “O teatro na descentralização”, organizado pela Plataforma das Companhias no âmbito do III Festival das Companhias, em Campo Benfeito, o representante do Ministério da Cultura (MC) acredita, no entanto, que têm sido dado passos positivos, exemplificando com os apoios recentemente atribuídos pela Direcção-Geral das Artes a estruturas sediadas em Penela, no Fundão ou em Trancoso.

O debate seguiu o modelo de uma grande mesa-redonda, com cerca de 40 pessoas, na sua maioria elementos das companhias de teatro profissional que integram a Plataforma e participam no Festival – ACTA, A Escola da Noite, Cendrev, Companhia de Teatro de Braga (CTB), Teatro das Beiras e Teatro de Montemuro.

Respondendo à intervenção de António Pedro Pita, Rui Madeira, director da CTB, defendeu o conceito de “criação artística local”, por oposição a um modelo de descentralização cultural que vem dos anos 70 e que está ultrapassado. Neste sentido, lamentou que o Ministério da Cultura continue sem compreender e sem procurar definir com clareza o conceito de “companhia”, fundamental para a existência de “uma estratégia de dinamização sustentada dos espaços criados pelo próprio MC”. O Ministério aplica uma lógica de apoios pontuais a toda a sua política, criticou Rui Madeira.

José Russo, director do Centro Dramático de Évora, expressou a sua indignação pelo facto de não estarem representantes da DGArtes (por motivo de doença da pessoa designada pelo seu responsável) nem das autarquias – as Câmaras Municipais das cidades onde estão sediadas as companhias não se fizeram representar e as autarquias de Lamego e Castro Daire (anfitriãs do Festival), que tinham confirmado a sua presença, acabaram igualmente por não comparecer. Nestas discussões sobre política cultural, que vimos tendo há anos, “é preciso haver comprometimento por parte das entidades responsáveis”, afirmou José Russo, lamentando a falta de interlocutores com os quais as companhias e os agentes culturais de uma forma geral possam debater.

António Augusto Barros classificou a ausência da DGArtes como “imperdoável”, tendo em conta que o seu director se havia comprometido, no processo de alteração das normas de financiamento público da criação artística, a discutir com estas e com outras companhias os problemas da descentralização, ultrapassada a fase “dos concursos”. Um processo, aliás, que considera “inadmissível em democracia”, por ter conduzido ao abandono de um legislação que havia sido aprovada após um amplo debate com os agentes culturais e à sua substituição por um conjunto de novas regras, sem que tenham sido levados em conta os contributos das estruturas de criação. O Ministério da Cultura não trata os agentes como verdadeiros parceiros, que trabalham para um objectivo comum, acrescentou o dramaturgo Abel Neves, também presente no debate.

Rui Madeira chamou ainda a atenção para a necessidade de reforçar, num contexto em que ainda não há regionalização, o papel das estruturas de governação intermédias – direcções regionais da cultura e da educação, comissões de coordenação e desenvolvimento – para uma eficaz descentralização cultural no país. As estruturas de criação deveriam conseguir encontrar interlocutores privilegiados nestes organismos, mais perto do terreno e que por isso podem conhecer melhor as potencialidades dos agentes locais e articulá-los com políticas nacionais e, nomeadamente, na aplicação dos fundos comunitários.

O Trigo Limpo / Teatro ACERT, de Tondela, participou igualmente no debate, aceitando o convite que a organização fez a diversas outras companhias de teatro do país. Pompeu José afirmou que os apoios directos à arte “perderam sentido nestes últimos concursos” e defendeu que se voltasse a colocar “em cima da mesa” as regras que foram discutidas com os agentes e depois abandonadas antes mesmo de entrarem em vigor. É preciso “clareza” na relação entre o Estado e as companhias, afirmou. Miguel Torres, também da ACERT, resumiu: “O Estado não nos considera pessoas de bem” e desconfia sistematicamente dos nossos propósitos, o que afecta muito a eficácia de um trabalho que devia ser de colaboração.

Numa resposta indirecta a muitas das críticas feitas à política seguida pelo MC, o Director Regional da Cultura do Centro preferiu destacar as actividades desenvolvidas à escala regional, dentro das competências e dos constrangimentos orgânicos com que ele próprio se confronta. Uma política de pequenos passos, admitiu, mas que procura “dar exemplos” de como é possível fazer as coisas.

Unânime entre os representantes das companhias foi a crítica à diminuição da intervenção do Estado, uma tendência que se vem agravando nos últimos anos e que Rui Madeira classificou como “um retrocesso da democracia em Portugal”.