no “Festival de Inverno” em Botucatu

Julho 19th, 2010

A equipa d’A Escola da Noite que participa com “Auto da Índia: aula prática” no V Circuito de Teatro Português de São Paulo – António Augusto Barros, António Jorge, Danilo Pinto, Maria João Robalo, Miguel Magalhães, Pedro Rodrigues e Sílvia Brito – viajou hoje para a cidade de Botucatu, onde apresenta esta terça-feira, dia 20 de Julho, a segunda sessão desta digressão. Depois do sucesso alcançado no MASP, levamos as palavras de Gil Vicente ao interior do Estado de São Paulo. Botucatu [http://www.botucatu.sp.gov.br/] dista 230 kms. da capital. Tem aproximadamente 120 mil habitantes e é conhecida como “a Cidade dos Bons Ares, das Boas Escolas e das Boas Indústrias”. A par da importância do sector educativo, em que se destaca o Campus da Unesp, que oferece vários cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de Biomédicas, Veterinária, Zootécnica e Agrárias, a cidade aposta actualmente no reforço da sua oferta cultural. O “Festival de Inverno”, no qual se insere a apresentação de “Auto da Índia”, é exemplo desse investimento, integrando cerca de 20 iniciativas, entre concertos, exposições e espectáculos de teatro. O nosso espectáculo terá lugar no Teatro Municipal Camillo Fernandez Dinucci, uma sala com cerca de 500 lugares onde acabámos de descarregar o cenário.

Estreia quarta-feira no TCSB

Julho 19th, 2010

“Representa-se na obra seguinte ua prefiguração sobre a regurosa acusação que imigos fazem a todas as almas humanas, no ponto que per morte de seus terrestres corpos se partem. E por tratar desta matéria põe o autor por figura que no dito momento elas chegam a um profundo braço de mar, onde estão dous batéis: um deles passa pera a glória, o outro pera o inferno. É repartida em três partes: de cada embarcação ua cena. Esta primeira é da viagem do Inferno.

Trata-se polas figuras seguintes: primeiramente, a barca do inferno, Arrais e Barqueiro dela, diabos. Barca do paraíso, Arrais e Barqueiro dela, anjos. Passageiros: Fidalgo, Onzeneiro, Joane, Sapateiro, Frade, Florença, Alcouviteira, Judeu, Corregedor, Procurador, Enforcado, quatro Cavaleiros. (…).

À barca à barca oulá”

in As Obras de Gil Vicente, Vol I

A Escola da Noite acolhe no próximo dia 21 de Julho, quarta, às 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo, a estreia de “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, com encenação de Ricardo Correia, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), no âmbito da programação do II Festival das Artes de Coimbra.

O preço dos bilhetes varia entre 6 e 10 euros, a reserva de lugar pode ser efectuada através do telefone 239718238 ou telemóvel 966302488.

Ficha Técnica
texto Gil Vicente versão de José Camões encenação Ricardo Correia elenco Íris FerrerMaria PinelaMariana FerreiraNádia IracemaRafaela BidarraSusana Rocha cenografia Bruno GonçalvesEduardo ConceiçãoCarolina Santos figurinos Carolina Santos desenho de luz Jonathan Azevedo sonoplastia João GilSérgio Costa fotografia TEUC 2010 cabeleireiro Carlos Gago costureira Fernanda Tomás produção executiva TEUC 2010

(fotografias de Ricardo Correia)

no Brasil

Julho 18th, 2010

Creuza Borges

Já começou o V Circuito de Teatro Português de São Paulo. Anteontem, sexta-feira, a responsável pela organização Creusa Borges, o Director do Teatro Municipal de São Carlos, Almir Martins, e representantes dos seis grupos participantes – Dragão7 (Brasil), A Escola da Noite, Art’imagem, Companhia de Teatro de Braga, Teatro Constantino Nery (Portugal) e Elinga Teatro (Angola) – intervieram na sessão de abertura, no auditório do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Ontem, sábado, aconteceram os primeiros espectáculos: “Auto da Índia: aula prática”, pel’A Escola da Noite, no auditório do MASP; “O Escurial”, pelo Art’imagem, no Teatro Colectivo (Rua da Consolação); “Adriana Mater”, pelo Elinga Teatro (na cidade de Limeira); e “Amor Solúvel”, pelo Teatro Constantino Nery, no Teatro Municipal de São Carlos. Mais de uma centena de pessoas assistiu ao primeiro espectáculo d’A Escola da Noite no circuito, recebendo-o com grande entusiasmo. Como sempre acontece com esta “aula prática”, a sessão incluiu um momento de debate com o público, no final da representação, foi aproveitado pela audiência para comentar o espectáculo e para colocar algumas questões sobre o trabalho da companhia e, em particular, sobre a nossa forma de abordar Gil Vicente. Amanhã, segunda-feira, A Escola da Noite parte para Botucatu, onde inicia a sua digressão pelo interior do estado de São Paulo: Botucatu, Teatro Camillo Fernandez Dinucci, 20/07, 20h30 e São Carlos, Teatro Municipal Dr. Alderico Vieira Perdigão, 20h00.

estreia dia 21 “Auto da Barca do Inferno”

Julho 15th, 2010

A Escola da Noite acolhe no próximo dia 21 de Julho, quarta, às 21h30, no Teatro da Cerca de São Bernardo, a estreia de “Auto da Barca do Inferno” de Gil Vicente, com encenação de Ricardo Correia, pelo Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC), no âmbito da programação do II Festival das Artes de Coimbra.
A Escola da Noite “incubou” no TEUC e daí herdou, entre muitas outras coisas, uma “marca genética vicentina” que ao longo dos anos tem desenvolvido; também por isso é ainda maior a satisfação ao acolher esta estreia. O acontecimento torna-se possível através de uma parceria estabelecida com o Festival das Artes de Coimbra / Fundação Inês de Castro.
O preço dos bilhetes varia entre 6 e 10 euros, a reserva de lugar pode ser efectuada através do telefone 239718238 ou telemóvel 966302488.

Sinopse
O Auto da Barca do Inferno, foi representado em 1517 na Câmara da Rainha Dona Maria. Neste Auto, inscrito nas moralidades, chegam ao Cais da Morte várias figuras alegóricas que serão sujeitas a um julgamento Post-morten, numa dialéctica Condenação/Salvação, embarcando as figuras na Barca da Glória ou na Barca do Inferno.

Notas de encenação
Trazer à cena o Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente, é uma proposta arriscada, mas que permite-nos a nós – os Fazedores, revisitar os genes do nosso teatro. A questão a colocar não é se faz ou não sentido fazer Gil Vicente hoje, a resposta é óbvia, mas deverá ser: como fazer Gil Vicente transpostos 500 anos? Como comunicar todas as suas nuances, a sua musicalidade, e integrá- lo no aqui e agora, sem esquecer que Coimbra, Gil Vicente, e o TEUC, traçaram tangentes tantas vezes.
Nesta encenação não pretendo actualizar, nem tão pouco fazer uma reconstituição histórica de um Portugal quinhentista, mas gostaria de burilar as suas palavras, de encontrar com as actrizes, seis por sinal, a sua fisicalidade, o seu jogo, e de construir uma trupe que joga entre o fazer vicentino e a memória desse fazer neste grupo de teatro universitário, re-inventando um novo caminho artístico.
Queremos, e agora uso o plural, fazer um espectáculo íntimo, um espectáculo que nasce da proximidade física, onde a comunicação seja feita olhos nos olhos, tal como foram os espectáculos apresentados por Gil Vicente na Corte, em pequenos espaços, e deste modo, rir deste Mundo às avessas, rir dos outros, rir do passado para inscrevermo-nos no Futuro.
Entramos na Barca, resta saber para onde nos leva…

Ricardo Correia


Ficha Técnica
texto Gil Vicente versão de José Camões encenação  Ricardo Correia elenco  Íris Ferrer, Maria Pinela, Mariana Ferreira, Nádia Iracema, Rafaela Bidarra, Susana Rocha cenografia Bruno Gonçalves, Eduardo Conceição, Carolina Santos figurinos  Carolina Santos desenho de luz  Jonathan Azevedo sonoplastia  João Gil, Sérgio Costa fotografia  TEUC 2010 cabeleireiro Carlos Gago costureira Fernanda Tomás produção executiva TEUC 2010

“3.Fonseca” crítica

Julho 14th, 2010

“Compreende-se o fascínio por esse autor brasileiro não dramaturgo, mas cujos textos se prestam à dramatização, e que resultou em três espectáculos autónomos (…). No dia em que estive, pude ver o terceiro (3Fonseca): trata-se de onze textos, ou em alguns casos de mini textos confessionais, transformados numa zona que sonda descendo à vida humana na sua curta mas dramática imagem. Uma série de flashes para os inferninhos, alguns tipicamente brasileiros, curiosamente, como que bem-dispostos e sobretudo apanhados no próprio momento da queda, pelos intérpretes das duas Companhias (…). Quem encenou com eficácia e saber, mas sobretudo dirigiu primorosamente os actores, foi o director da Escola da Noite, António Augusto Barros. A qualidade maior foi a de saber harmonizar actores de duas Companhias, a tal ponto que não reconhecemos as pertenças de origem. De realçar igualmente o guarda-roupa, expressivo e rigoroso a sinalar o deslizamento para uma sub-humanidade incurável. Um dispositivo cénico minimal, bem iluminado, feito de objectos que prolongam as personagens, num palco novo, de um teatro construído de raíz, o Teatro da Cerca de São Bernardo, espaço feliz e bem organizado.”

Excerto da crítica de Helena Simões, publicada hoje no Jornal de Letras, referente ao espectáculo 3Fonseca da trilogia 1José 2Rubem 3Fonseca, co-produção d’A Escola da Noite e Companhia de Teatro de Braga.