o trimestre

Janeiro 11th, 2011

A temporada teatral ainda nem vai a meio e já tem um momento incontornável. “1974”, o mais recente trabalho do Teatro Meridional, estreado em co-produção com o Teatro Nacional D. Maria II, é um daqueles espectáculos que entra directamente para a história do teatro português – pela ambição da proposta, pela harmoniosa articulação das várias linguagens que se cruzam em palco, pela radicalmente poética interpelação que faz aos espectadores/cidadãos/fazedores deste país. Poder recebê-lo no TCSB e partilhá-lo com o nosso público lembra-nos de como faz sentido, numa História que patina, continuar a fazer e a oferecer teatro.

O Prémio Europa Novas Realidades Teatrais, que acaba de receber como reconhecimento pela originalidade e consistência do seu percurso artístico, é apenas o mais recente sinal da importância do Teatro Meridional no teatro europeu e lusófono. Ao longo da quarta residência artística que organizamos, vamos ter oportunidade de conhecer de perto esse percurso. Para além de “1974”, o programa reserva-nos um outro momento muito especial: o justamente celebrado “Contos em Viagem – Cabo Verde”. E, ainda, o recital de poesia de Natália Luíza, um workshop, debates, exposições e documentários.

"1974" Teatro Meridional | Fotografia de Susana Paiva

Num trimestre marcado pela incerteza quanto ao futuro (só daqui a um ou dois meses saberemos com exactidão os efeitos dos cortes anunciados pelo Ministério da Cultura para 2011), a programação do TCSB parece desafiar a crise. Os regressos da Companhia de Teatro de Braga (com um programa que inclui dois espectáculos na mesma noite) e do Teatro das Beiras (com um texto de José Sanchis Sinisterra) e a estreia de “BCC”, o novo espectáculo da Marionet, asseguram, com o Meridional, uma oferta muito diversificada do teatro que actualmente se faz em Portugal.

Angelica Liddell, que o Citemor apresentou a Coimbra e ao país há alguns anos e que hoje é um dos nomes mais importantes do teatro espanhol, retoma o ciclo das Jornadas de Dramaturgia Espanhola Contemporânea, programa que se estenderá ao longo de todo o ano, em articulação com a criação artística d’A Escola da Noite. No início de Março, com um programa próprio a anunciar posteriormente, o TCSB volta a ser um dos palcos da Semana Cultural da Universidade de Coimbra.

A Escola da Noite, Janeiro de 2011

a escolha de Cristina Janicas

Janeiro 10th, 2011

Em cada trimestre, um(a) convidado(a) d’A escola da Noite partilha com os espectaores a(s) sua(s) escolha(s) da programação apresentada, este trimestre a escolha é de Cristina Janicas.

“Numa Coimbra muito menos cultural do que apregoa, a Escola da Noite brinda-nos, no primeiro trimestre de 2011, com algumas propostas interessantes e inovadoras que acontecem noutras paragens.

Na Escola da Noite são teimosos e teimam em não se fechar sobre si mesmos e dialogar com outras companhias de teatro e outros criadores de diferentes áreas artísticas.

O Outro chega a Coimbra e com ele podemos estabelecer um diálogo que necessariamente a todos enriquece.

Cidades como Braga, Covilhã, Porto, Lisboa e países como Cabo Verde, Espanha ou Alemanha, afinal, estão aqui tão perto e é muito bom saber que não morremos num deserto.

Podemos saciar a fome e a sede de actividades criativas e artísticas que habitualmente não passam por aqui, até porque, aqui, não há um Teatro Municipal… até porque, aqui, estamos desviados das rotas principais do teatro, da dança, do cinema ou da fotografia.

A sede e a fome são difíceis de saciar e os famintos gostam de comer mas também de provar diferentes paladares.

Nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março, vão estar em Coimbra Ramón del Valle-Inclán, Manuel Guede Oliva, Anna Langhoff, Angelica Liddell, Miguel Seabra, Susana Paiva, Natália Luiza, Sanchis Sinisterra, Gil Nave, entre outros. E é com eles que podemos dialogar e saciar a nossa fome e sede. Porque eles transportam em si diálogos outros, espaços e tempos outros que alargam as nossas visões de mundo…

… o diálogo com os galegos Ramón del Valle-Inclán e Manuel Guede Oliva permite-nos trilhar os caminhos da avareza, da luxúria e da morte. É interessante salientar que este espectáculo resulta, também ele, de um diálogo que a Companhia de Teatro de Braga mantém, há longos anos, com o teatro galego, e que é, antes de mais, um diálogo de afectos que visa romper barreiras invisíveis que impedem uma verdadeira circulação da criação artística teatral.

… o diálogo com Anna Langhoff, dramaturga que trabalhou com Heinner Muller no Berliner Emsemble e encenou em grandes teatros de França, Cazaquistão, Burkina Faso, Inglaterra, Suiça, entre outros países, possibilita-nos pensar as relações do teatro com o poder…

… com a residência artística do Teatro Meridional vamos perder o fôlego e, de certo, assistir a momentos únicos e irrepetíveis. Saliento o espectáculo Contos em Viagem – Cabo Verde, uma construção que leva para o palco pedaços de Cabo Verde, cores, ritmos, corpos… numa interpretação de Carla Galvão que se adivinha fabulosa. Quanto a 1974, não há uma única razão que se destaque para assistir a este espectáculo. Todas são essenciais: a música original do José Mário Branco, o trabalho desenvolvido por Miguel Seabra, a possibilidade do teatro pensar/discutir o ser português, a nossa identidade, e descobrir o que quer que isso significa, porque «Estamos como sempre estivemos», porque «Estamos bem», ou, ainda, a qualidade inquestionável dos trabalhos produzidos pelo Teatro Meridional e o risco que esta companhia insiste em correr sempre que monta um espectáculo, ao trilhar caminhos difíceis e inovadores.

A nossa vida é marcada, por vezes, por nos encontrarmos na hora certa e no local certo. E, neste caso, estar no tempo e lugar certos é estar no TCSB e, por exemplo, participar do workshop de interpretação dirigido por Miguel Seabra.

… o diálogo com Sanchis Sinisterra e Gil Nave permitir-nos-á pensar a condição da arte e dos seus protagonistas perante as circunstâncias envolventes do poder.

Esta é uma programação que joga com dois vectores distintos mas que se completam: fruição e aprendizagem.

Releio este texto. Demasiado prolixo. Esta programação da Escola da Noite resume-se em poucas palavras: diálogo, diferentes olhares e perspectivas da arte sobre o real e uma deliciosa ementa para saciar a nossa fome e sede de outros sabores e paladares.”

Janeiro, Fevereiro e Março

Janeiro 3rd, 2011

audições

Dezembro 23rd, 2010

Audições para actores e actrizes com formação académica e/ou experiência profissional.

Inscrições até 9 de Janeiro de 2011 com envio de  curriculum detalhado e fotos.

hoje à noite e amanhã à tarde!

Dezembro 18th, 2010