A Escola da Noite e Cendrev preparam co-produção

Março 15th, 2012

A Escola da Noite e o Centro Dramático de Évora (Cendrev) preparam a primeira co-produção entre as duas companhias. “O Abajur Lilás”, do brasileiro Plínio Marcos, estreia na segunda quinzena de Abril, no Teatro Garcia de Resende.

Teatro Garcia de Resende, Évora

Com idades e percursos diferenciados, as companhias de Coimbra e Évora mantêm desde há muito relações de colaboração a vários níveis: co-organização de projectos, redes de circulação e de programação de espectáculos, dinamização de plataformas de encontro e debate, entre outras.

Fundado em 1975 com o nome de Centro Cultural de Évora, o Cendrev é o primeiro exemplo de aposta na descentralização da criação teatral profissional em Portugal no pós-25 de Abril. A Escola da Noite, que celebra este ano o seu vigésimo aniversário, surgiu no início da década de 90, numa “segunda vaga” da descentralização do teatro português. Ambas as companhias apresentam reportórios eclécticos, de acordo com a missão de serviço público teatral que assumem como sua. Dentro deles, tem natural e particular destaque a dramaturgia de língua portuguesa.

Equacionada há muito tempo, como corolário lógico das ligações que vêm aprofundando, esta primeira co-produção é construída a partir da peça “O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos. Com encenação de António Augusto Barros (director artístico d’A Escola da Noite), conta com a interpretação de Ana Meira, José Russo e Rosário Gonzaga (do Cendrev) e de Maria João Robalo e Miguel Lança (d’A Escola da Noite).

Tem a estreia marcada para 19 de Abril, em Évora, no histórico Teatro Garcia de Resende, cujo funcionamento é assegurado pelo Cendrev. Em Maio, o espectáculo será apresentado em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo, onde A Escola da Noite é companhia residente e responsável pela programação.

O “autor maldito”

Plínio Marcos (1935-1999) é um dos nomes mais marcantes do teatro brasileiro do século XX. Escreveu, entre outras, as peças “Barrela”, “Navalha na Carne” e “Dois perdidos numa noite suja” (apresentado pelo grupo de Coimbra em 2004, numa encenação de Sílvia Brito). Foi considerado um “autor maldito”, com várias obras proibidas pela censura dada a alegada “obscenidade” da linguagem empregada pelas suas personagens, quase sempre figuras marginais e do “bas-fond”.

“O Abajur Lilás”, escrita em 1969, foi uma dessas peças. Em 1975, os censores assistem a um ensaio geral e impedem a estreia do espectáculo, dirigido por Antônio Abujamra e com Lima Duarte no elenco. A Associação dos Críticos de Arte de São Paulo promove um comunicado, subscrito pela generalidade da comunidade teatral, solidarizando-se com Plínio e com a equipa do espectáculo: “o calão das suas personagens e a crueza das situações que denuncia são tão chocantes quanto a realidade que elas espelham. É mister não proibir obras como a deste autor, mas ter a coragem de encená-las como remédio amargo que deve tomar um organismo para manter-se sadio”.

Apesar de sofrer na pele os efeitos dessa censura e de ser obrigado a viver dos livros que ele próprio vendia na rua, nos bares e à porta dos teatros, Plínio ironizava com a perseguição: foi “sempre por merecimento. Eu nunca fiz nada para agradar às pessoas”. E encontrava uma explicação: “eu falo das transas nos estreitos, escamosos e esquisitos caminhos do roçado do bom Deus, das pessoas que estão por aí se danando, que moram na beira do rio e quase se afogam cada vez que chove, daquele homem que só come da banda podre, daquelas pessoas que só berram da geral sem nunca influir no resultado”.

Em “O Abajur Lilás”, Plínio Marcos expõe as relações e os conflitos entre três prostitutas e o dono da casa  que utilizam para exercer a sua actividade.

O Abajur Lilás

de Plínio Marcos

encenação António Augusto Barros interpretação Ana Meira, José Russo e Rosário Gonzaga (Cendrev) e Maria João Robalo e Miguel Lança (A Escola da Noite)

Évora, Teatro Garcia de Resende

19 a 28 de Abril quarta a sábado, 21h30; domingo, 16h00

Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo

16 a 27 de Maio terça a sábado, 21h30; domingos, 16h00

21 de Junho a 1 de Julho quinta a sábado, 21h30; domingos, 16h00

Provavelmente uma pessoa

Março 13th, 2012

O Teatro das Beiras, da Covilhã, regressa ao TCSB já na próxima semana. Desta vez com um texto de alguém que Coimbra e o público d’A Escola da Noite conhecem bem… Abel Neves.

Dias 22 e 23 de Março, às 21h30. Reserve já!

Arredores de Lisboa. Um quintal na margem sul. Dois casais, pequenos comerciantes. Gente vulgar! Numa noite de Primavera, o insólito. Aparece um corpo estatelado no chão do quintal. Quem será? Como é que veio aqui parar? De onde terá vindo? Pela cor da pele é um africano. Mas também pode ser um brasileiro ou… Provavelmente uma pessoa! Alguém vindo de longe para involuntariamente transtornar a quietude de uma noite de Primavera num quintal da margem sul. Alguém que podia ter ido cair noutro sítio! Podia muito bem ter caído ali ao lado, na esplanada do café! Mas logo ali ao rés da oliveira do “nosso” quintal!

Estranho e inquietante tema, onde consciências e cumplicidades se confrontam atormentando vidas emocionalmente instáveis onde se cruzam sinais de diferentes identidades e se produzem contraditórios de sociabilidade. Contextos onde se desencadeiam gestos inconscientemente recortados no desrespeito e violência. E tudo isto ao pé de nós, no quintal de um vizinho ou num café de bairro na região da grande Lisboa.

“Provavelmente uma pessoa” é um exercício irónico sustentado por uma escrita prenhe de realidade rebuscada em acontecimentos factuais, sob o olhar ora divertido ora trágico de um dos mais representativos dramaturgos portugueses no nosso tempo.

encenação Gil Salgueiro Nave cenografia e figurinos Luís Mouro sonoplastia Helder F. Gonçalves interpretação Fernando Landeira, Pedro da Silva, Rui Raposo Costa, Sónia Botelho e Vânia Fernandes desenho de luz

M/12 > 6 a 10,00 Euros

informações e reservas: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

 

Plínio: “já que a voz do injustiçado não é ouvida, eles têm direito à cólera”

Março 12th, 2012

Veja aqui a primeira parte da entrevista.

Paloma nomeada para Prémio Valle-Inclán

Março 11th, 2012

Paloma Pedrero no TCSB, na I Jornada de Dramaturgia de Dramaturgia Espanhola Contemporânea (Dezembro de 2010)

Paloma Pedrero, a autora de “Noite de Amores Efémeros”, está entre os doze finalistas da VI edição do Prémio de Teatro Valle-Inclán, promovido pelo “El Cultural”, suplemento cultural do jornal espanhol “El Mundo”. O prémio, cujo vencedor será revelado no próximo dia 23 de Abril, tem o valor de 50 mil Euros e é um dos prémios de maior prestígio no domínio das artes cénicas em Espanha.

Paloma foi nomeada como dramaturga, pelo texto “En la otra habitación”, que recentemente cumpriu, com grande sucesso, uma temporada na capital espanhola. Os restantes nomeados são os encenadores Gerardo Vera, Alfredo Sanzol, Albert Boadella, Mario Gas e Miguel del Arco, os actores Amparo Baró, Carmen Machi, Josep María Pou, Julieta Serrano e Aitana Sánchez-Gijón e o dramaturgo Jordi Galcerán.

Paloma Pedrero foi a convidada d’A Escola da Noite para a primeira Jornada de Dramaturgia Espanhola Contemporânea, realizada em Coimbra em Dezembro de 2010, no início de um ciclo que incluiu três estreias de espectáculos de autores espanhóis contemporâneos: “Noite de Amores Efémeros”, encenado por Sofia Lobo, e “Teatro Menor”, de Sanchis Sinisterra, e “Animais Nocturnos”, de Juan Mayorga, ambos dirigidos por António Augusto Barros.

Torcemos por ela, claro!

FestCineAmazônia – Programa

Março 8th, 2012

 

DIA 25 DE MARÇO 

15h00 | Vídeo institucional do FESTCINEAMAZÔNIA (10’). Intervenção dos organizadores, parceiros e realizadores presentes.

15h30 | Apresentação MÚSICA E POESIA – Eliakim Rufino (Professor da Universidade Federal de Roraima)

16h00 | O MAPINGUARI

Realização: Marcos Magalhães | Desenhos: Guy Charmaux | Animação | M/3

Sinopse: Animação que mostra o Mapinguari, mascote do Festcineamazônia, numa ação de defesa do meio ambiente. O personagem sai da floresta como o monstrinho mitológico e se depara com as barreiras da cidade, se transforma em super-herói para combater as mazelas ambientais.

16h02 | AMAZÔNIA AMEAÇADA: UM CANCER NO PULMÃO

Realização: Iain Bruce | Documentário, 27’

Sinopse: A partir da seca no final de 2010, o filme interroga a relação entre floresta e clima, e o impacto do desmatamento sobre ambos. O diretor apresenta algumas das disputas científicas ao redor deste tema, em particular uma nova e muito controvertida teoria de dois físicos russos que sugere que um processo de desertificação da Amazônia e boa parte da América do Sul está em curso. Mostra como algumas comunidades amazônicas constróem uma relação mais harmoniosa com a floresta, inspiradas, em parte, nos conhecimentos dos povos indígenas.

16h30 | BELO MONTE – PIARAÇU 

Realização: Todd Southgate | Documentário, 6’26” | M/3

Sinopse: Reunião de mais de 300 lideranças indígenas de 18 etnias diferentes da Bacia do Xingu com lideranças do Movimento Xingu Vivo Para Sempre na aldeia Piaraçu (MT) para discutir os impactos que a construção de Belo Monte representa para seus modos de vida. Unidos pelo Xingu, unem forças para resistir à Belo Monte, marcado por ilegalidades no processo de licenciamento ambiental e por violações de direitos humanos.

16h37 | A TERRA A GASTAR (WASTING EARTH)

Realização: Cássia Mary Itamoto e Celina Kurihara | Animação, 6’ | M/3

Sinopse: “Estava a Terra em seu lugar. E veio o Homem lhe acrescentar. Consumo do Homem. O Homem na Terra. E a Terra a gastar.” O homem em sua Terra depara-se com as conseqüências de seu consumo excessivo e se vê obrigado a adotar medidas que mudarão seu estilo de vida.

16h44 | TOXIC: AMAZÔNIA

Realização: Bernardo Loyola e Felipe Milanez | produção: VICE | Documentário, 64’ | M/16

Sinopse: No dia 24 de maio de 2011, mesmo dia em que deputados federais aprovaram em Brasília o Código Florestal – lei que coloca em risco as florestas e legaliza desmates – o casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foi executado perto do assentamento em que viviam no estado do Pará. Um mês depois a VICE foi para Marabá, cidade natal de Zé Cláudio, onde acompanhou a investigação do caso, seguiu os agentes do Ibama numa operação cinematográfica em que madeireiras ilegais foram fechadas, visitou um acampamento do MST, conheceu escravos foragidos e comprovou a violência que permeia a cidade que os locais chamam de Marabala (mistura de “Marabá” com “Bala”). [trailer]

INTERVALO (30 MIN)

18h20 | GADO EM TERRA XAVANTE

Realização: Todd Southgate | Produção: Greenpeace | Documentário, 6’57” | M/3

Sinopse: Quase dois anos depois de ter assinado Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e ter se comprometido publicamente a não comprar mais gado criado em terras indígenas, o frigorífico JBS continua quebrando suas promessas. A despeito do sofrimento do povo Xavante.

18h27 | OSWALDO CRUZ NA AMAZÔNIA

Realização: Eduardo Vilela Thielen e Stella Oswaldo Cruz Penido | Documentário, 55’ | M/3

Sinopse: Vídeo-documentário histórico que resgata a memória das viagens de Oswaldo Cruz a Amazônia, no inicio do século XX. Após a implantação das campanhas sanitárias no Rio de Janeiro, Oswaldo Cruz realizou em 1905, viagem de inspeção sanitária aos portos do Brasil visitando na Amazônia, as cidades de Belém, Santarém, Óbitos, Parintins e Manaus. [trailer]

INTERVALO (90 MIN)

21h15 | YASUNI: UMA RESPOSTA DO SUL À MUDANÇA CLIMÁTICA

Realização: Iain Bruce | Documentário, 25’

Sinopse: O Equador descobriu 20% das suas reservas de petróleo debaixo do Parque Nacional Yasuní na Amazônia, um dos lugares de maior biodiversidade do planeta e lar de pelo menos dois povos indígenas em isolamento voluntário. Explorá-las teria um impacto nefasto em ambos. Como alternativa, o Equador propõe deixar o petróleo debaixo da terra, e exigir dos países ricos uma contrapartida financeira equivalente à metade do valor que teria dado a sua exploração. É uma das propostas mais radicais que existem para combater a mudança climática. O filme examina os debates ao redor da Proposta Yasuní ITT, falando com autoridades e ativistas ecológicos, mas sobretudo fazendo uma viagem a Kawimeno, no coração do Yasuní, para colocar como protagonistas do filme, e da polêmica, o próprio povo Waorani, irmãos dos que estão ainda em isolamento.

21h40 | QUILOMBAGEM

Realização: Jurandir Costa e Fernanda Kopanakis | Documentário, 52’ | M/3

Sinopse: O drama de duas comunidades na fronteira do Brasil com a Bolívia em plena Floresta Amazônica. Santo Antonio e Pedras Negras lutam há mais de 200 anos pelo reconhecimento de sua cultura e a permanência em seus territórios sagrados.

 

DIA 26 DE MARÇO 

17h00 | Vídeo institucional do FESTCINEAMAZÔNIA (10’). Intervenção dos organizadores, parceiros e realizadores presentes

17h30 | Apresentação MÚSICA E POESIA – Eliakim Rufino (Professor da Universidade Federal de Roraima)

18h00 | O MAPINGUARI

Realização: Marcos Magalhães | Desenhos: Guy Charmaux | Animação | M/3

Sinopse: Animação que mostra o Mapinguari, mascote do Festcineamazônia, numa ação de defesa do meio ambiente. O personagem sai da floresta como o monstrinho mitológico e se depara com as barreiras da cidade, se transforma em super herói para combater as mazelas ambientais.

18h02 | SOLDADOS DA BORRACHA

Realização: Cesar Garcia Lima | Documentário, 2011, 26’ | M/3

Sinopse: O que aconteceu aos seringueiros que extraíam borracha na Amazônia para ajudar os Aliados durante a Segunda Guerra Mundial? [trailer]

18h30 | PAJERAMA

Realização: Leonardo Cadaval | Animação, 2008, 9’ | M/3

Sinopse: Um pequeno indiozinho começa a ter estranhas experiências em seu habitat. Aos poucos, mistérios do tempo e do espaço serão revelados.

18h40 | NADA É LONGE 

Realização: Jurandir Costa E Fernanda Kopanakis | Documentário, 17’ | M/3

Sinopse: O olhar vibrante e curioso do historiador Marco Teixeira para cultura Amazônica, Africana e Portuguesa. Seus laços e raízes. Suas similitudes e diferenças. Dos ribeirinhos de Manicoré aos de Porto Velho. Da negritude cabo verdiana aos negros, mulatos e brancos manauaras e paraenses. Dos hábitos lusitanos à cultura indígena. Lugares distintos, mas integrados pela língua, pela arte e cinema.

18h58 | SOJA: EM NOME DO PROGRESSO

Realização: Todd Southgate | Documentário, 40’

Sinopse: A Amazônia contem a maior biodiversidade do planeta e desempenha papel fundamental na manutenção do ciclo das chuvas e do equilíbrio climático. O Greenpeace convida você para assistir o documentário Soja; Em Nome do Progresso e refletir um pouco mais sobre a realidade da Amazônia. O documentário mostra os impactos socioambientais que a expansão da fronteira da soja esta causando na região de Santarém, no Estado do Pará.

INTERVALO (90 MIN)

21h15 | CORUMBIARA

Realização: Vincent Carelli | Documentário, 2009, 117’ | M/12

Sinopse: Leiloada durante o governo militar, a gleba Corumbiara, no sul de Rondônia, é o cenário, em 1985, de um massacre de índios isolados. Apesar dos visíveis sinais da tentativa de apagar as evidências de sua existência, filmadas pelo documentarista Vincent Carelli, e das denúncias do indigenista da FUNAI Marcelo Santos, o caso é esquecido. Dez anos depois, o encontro de dois índios desconhecidos numa fazenda oferece a primeira oportunidade a Santos e Carelli de retomar o fio desta história, que registra muitas lacunas, mas revela aos poucos os inequívocos sinais da continuidade dos crimes contra os povos indígenas, num processo de selvagem apropriação da terra na Amazônia. [trailer]

Teatro da Cerca de S. Bernardo (Coimbra)

Entrada gratuita (até ao limite dos lugares disponíveis)

Informações e reservas:

 239.718.238 | 966.302.488 | geral@aescoladanoite.pt