2010 começou com a temporada (para escolas e para o público em geral) de “A fuga de Wang Fô”, um projecto de Joana Pupo a partir do conto de Marguerite Yourcenar.
As sessões esgotaram e a Joana haveria de voltar mais tarde, integrando o elenco de um espectáculo da marionet. O TCSB confimava-se também como um espaço aberto ao acolhimento de jovens artistas e novas estruturas de criação.
Assim continua!
Semana repleta de propostas no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra. De segunda a domingo, há documentários, debates, dança contemporânea com o Balleteatro e o exercício dos alunos do Colégio São Teotónio. Entretanto, A Escola da Noite ruma a Luanda com “Novas Diretrizes em Tempo de Paz”.
Entre 20 e 26 de Maio, o TCSB oferece um diversificado conjunto de propostas, para todos os públicos. O destaque vai para a primeira apresentação do Balleteatro nesta sala, com o espectáculo “Estrangeiros”, de Né Barros, nos dias 23 e 24 (quinta e sexta-feira).
“Estrangeiros”, pelo Balleteatro (foto: Luiz Ferraz)
Para além dos quatro bailarinos (Bruno Senune, Flávio Rodrigues, Joana Castro e Pedro Rosa), o espectáculo conta com a interpretação musical ao vivo de Alexandre Soares e Jorge Queijo e a arte digital de João Martinho Moura. Né Barros, responsável pela direcção e coreografia, define-o como “um projecto para desfrutar dos corpos e das suas imagens”. “Aparentemente carregados de identidade – escreve a coreógrafa no texto de apresentação – os estrangeiros são, afinal, figuras transversais esvaziadas”. Inspirando-se também no livro “O Estrangeiro”, de Camus, Né Barros acrescenta: os estrangeiros “são deslocações ora de clichés de identificação, ora de estranhezas genuínas comportamentais. Estas figuras oscilam enter um colectivo, um padrão, e um impessoal, solitário. Isolados, os estrangeiros vão cumprindo, exterior ou interiormente, a ideia de um estrangeiro face ao mundo que nos persegue”.
O Balleteatro foi fundado em 1983. O projecto inclui uma escola profissional e uma companhia de dança, para além da programação do auditório do grupo, na cidade do Porto. Treze anos depois do acolhimento de “Delete”, ainda na antiga sala do Pátio da Inquisição, A Escola da Noite volta a ter o prazer de receber o grupo no seu espaço, desta vez no âmbito da rede Culturbe – Braga, Coimbra e Évora. Os bilhetes custam entre 6 e 10 Euros e as reservas podem ser feitas pelos contactos habituais do TCSB.
Na véspera do primeiro espectáculo, são projectados no bar do Teatro os filmes relativos a três produções anteriores do Balleteatro: “Untraceable Patterns”, “A Praça” e “Story Case”. Como habitualmente, A Escola da Noite oferece ao público da cidade a oportunidade de conhecer mais aprofundadamente os percursos dos artistas e das estruturas de criação que convida a apresentarem-se no seu espaço. Estes filmes são projectados no bar do Teatro na quarta-feira à noite e a sessão tem entrada gratuita.
Documentários e debates promovidos pelo CES
A semana no TCSB começa, no entanto, com a projecção de dois documentários históricos, ambos programados pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES): “Nietos – identidad y memória”, de Benjamin Ávila (Argentina, 2004) e “Sambizanga”, de Sarah Maldoror (Angola, 1974). O primeiro passa na segunda-feira, às 21h30, e é comentado por Gabriel Gatti, professor e investigador da Universidade do País Basco; o segundo passa na terça-feira, à mesma hora, e conta com o comentário de Cláudio Tomás, da Universidade Agostinho Neto (Angola).
Os filmes integram, respectivamente, o programa do Seminário Internacional “Violência, memórias e justiças no tempo presente” e do Ciclo de Cinema e Debate no âmbito das Comemorações do Dia de África. A entrada é gratuita.
Exercício do Colégio S. Teotónio
A 25 e 26 de Maio (sábado às 21h30 e domingo às 17h00), o TCSB acolhe duas sessões do exercício final dos alunos do curso de interpretação do Colégio S. Teotónio – o clássico de Stravinsky e Nijinsky “A Sagração da Primavera”, dirigido pela bailarina e coreógrafa Leonor Barata. No ano em que se assinala o centésimo aniversário do espectáculo que mudaria radicalmente a história da dança, os alunos do S. Teotónio propõe-se revisitar “esse material inaugural e outros que se construíram a partir daí”. Fazem-no “como homenagem e agradecimento, celebrando juntos a fertilidade da dança e os augúrios da Primavera, essa estação que encerra em si um universo de possibilidades e que é a metáfora da própria vida em movimento”, escreve a professora responsável. As entradas têm o preço único de 3 Euros e é aconselhável fazer reserva antecipada de lugares, pelos contactos habituais do Teatro.
A Escola da Noite em Luanda
Nesta mesma semana, A Escola da Noite regressa a Luanda e ao Festival Internacional de Teatro e Artes, que assinala o 25º aniversário do Elinga Teatro. Na bagagem leva o espectáculo “Novas diretrizes em tempos de paz”, de Bosco Brasil, a sua mais recente produção. A digressão conta com o apoio da DGArtes, no âmbito dos apoios à internacionalização 2013 e inclui, para além da sessão agendada para dia 23 de Maio, a realização de um workshop sobre o trabalho e o percurso artístico d’A Escola da Noite. O espectáculo e as restantes actividades decorrem nas instalações do histórico grupo de Luanda, no centro da capital angolana.
TCSB – PROGRAMAÇÃO 20 A 26 DE MAIO
DOCUMENTÁRIO / DEBATE
NIETOS. IDENTIDAD Y MEMORIA
de Benjamín Ávila
(Argentina, 2004)
20 de Maio de 2013
segunda-feira, 21h30
seguido de comentário por Gabriel Gatti (Universidad del País Vasco) e debate com o público
org. Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, integrado no programa do Seminário Internacional “Violência, memórias e justiças no tempo presente”
DOCUMENTÁRIO / DEBATE
SAMBIZANGA
de Sarah Maldoror
(Angola, 1974)
21 de Maio de 2013
terça-feira, 21h30
seguido de comentário por Cláudio Tomás (Universidade Agostinho Neto / ISCTE) e debate com o público
org. Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, integrado no programa do Ciclo de Cinema e Debate no âmbito das Comemorações do Dia de África
VIDEODANÇA
UNTRACEABLE PATTERNS + A PRAÇA + STORY CASE
Balleteatro
22 de Maio de 2013
quarta-feira, 21h30
seguida de conversa com a Companhia
TCSBar > entrada livre
DANÇA
ESTRANGEIROS
de Né Barros
Balleteatro
direcção e coreografia Né Barros música Alexandre Soares e Jorge Queijo arte digital João Martinho Moura desenho de luz Alexandre Vieira adereços e figurinos Flávio Rodrigues e Né Barros intérpretação Bruno Senune, Flávio Rodrigues, Joana Castro e Pedro Rosa (bailarinos), Alexandre Soares e Jorge Queijo (músicos) co-produção Balleteatro, Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura, Teatro Nacional de São João
23 e 24 de Maio de 2013
quinta e sexta-feira, 21h30
M/18 > 1h15 > 6 a 10 Euros
seguido de conversa com o público após o espectáculo, no primeiro dia
espectáculo no âmbito da rede Culturbe – Braga, Coimbra e Évora
DANÇA (EXERCÍCIO)
A Sagração da Primavera
um estudo a partir da obra de Nijinski e Stravinski
Alunos/as do curso profissional de interpretação do Colégio S. Teotónio
professora responsável Leonor Barata
25 e 26 de Maio de 2013
sábado, 21h30; domingo, 17h00
M/12 > 3 Euros
A ESCOLA DA NOITE EM DIGRESSÃO
Novas diretrizes em tempos de paz
de Bosco Brasil
encenação António Augusto Barros elenco Igor Lebreaud e Miguel Lança espaço cénico Ana Rosa Assunção figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção luz Danilo Pinto
50′ > M/16
Elinga Teatro, Luanda (Angola)
23 de Maio de 2013
quinta-feira, 20h30
“Carta a um Santo”, pela ACTA (foto: Rui Carlos Mateus)
A ACTA – Companhia de Teatro do Algarve está hoje no TCSB, com “Carta a um Santo”.
Mais um espectáculo da Culturbe. Aproveite!
Glória Fernandes e Luís de A. Miranda, “Carta a um Santo” (foto: Rui Carlos Mateus)
A Companhia de Teatro do Algarve repõe a peça estreada em 2003 sob o título “Flória Emília Saúda Aurélio Agostinho Bispo de Hípona Régia”. Luís Vicente regressa, assim, à encenação deste espectáculo, agora com título simplificado, que adapta a “A Vida é Breve” de Jostein Gaarder, com citações de “Confissões” de Santo Agostinho e inspiração em “Santo Agostinho”, de Teixeira de Pascoaes. A carta em questão é a “Codex Floreae”, supostamente escrita pela amante de Aurélio Agostinho de Hípona, Flória Emília (Glória Fernandes), em finais do século III. Nela, Flória questiona o filósofo e teólogo cristão Santo Agostinho (Luís de A Miranda), seu companheiro de 15 anos que entretanto se tornou bispo, sobre as razões que levam Deus a ser cruel com os homens, ao ponto de separar duas pessoas que se amam. Flória, a mulher que se recusa a acreditar num Deus que condena ao fogo eterno, argumenta e coloca em causa os fundamentos da Igreja Católica que o próprio Santo Agostinho ajudou a construir.
Carta a um Santo
a partir de Jostein Gaarder, Santo Agostinho e Teixeira de Pascoaes
ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve
18 de Maio de 2013
sábado, 21h30
M/16 > 6 a 10 Euros
textos Jostein Gaarder, Santo Agostinho e Teixeira de Pascoaesdramaturgia e encenação Luís Vicente voz off Canto e Castro concepção plástica Luís Vicente e Noé Amorim figurinos ACTA intérpretes Glória Fernandes e Luís de A. Miranda desenho de luz Noé Amorim execução plástica Tó Quintas operação de luz e som Octávio Oliveira
A ACTA – Companhia de Teatro do Algarve regressa no próximo sábado a Coimbra, no âmbito da rede Culturbe. Apresenta, no Teatro da Cerca de São Bernardo, “Carta a um Santo”, a partir de textos de Jostein Gaarder, Santo Agostinho e Teixeira de Pascoaes. O espectáculo, encenado por Luís Vicente, baseia-se numa carta da mulher com quem Santo Agostinho viveu, antes de escolher afastar-se do amor humano para se entregar ao amor divino.
Entretanto, também no âmbito da Culturbe, A Escola da Noite leva ao Theatro Circo, de Braga, a peça “Nunca estive em Bagdad”, de Abel Neves. Os espectáculos estão agendados para 16 e 17 de Maio (quinta e sexta-feira).
Glória Fernandes, “Carta a um Santo” (foto: Rui Carlos Mateus)
“Carta a um Santo” consiste na dramatização do documento “A Vida é Breve”, de Jostein Gaarder – uma carta de Flória, ex-amante de Santo Agostinho e mãe do filho natural de ambos, em que esta o critica e questiona, “com veemência e destemor, com ironia e com desespero”, por ele considerar desprezível aos olhos do Criador as alegrias do amor físico.
Este mesmo documento inclui várias citações das “Confissões” de Santo Agostinho, bem como referências a outras passagens atribuídas ao mesmo autor. Para este espectáculo, o encenador Luis Vicente, também responsável pela dramaturgia, socorreu-se ainda de um terceiro texto – “Santo Agostinho”, de Teixeira de Pascoaes, com o objectivo de “adensar o conflito”.
Colóquio Internacional “Património e desenvolvimento”
A semana no TCSB começa, no entanto, com o Colóquio Internacional “Património e desenvolvimento: os pequenos aglomerados”, organizado pela ARCA-EUAC – Escola Universitária das Artes de Coimbra. Os trabalhos têm lugar ao longo de segunda e terça-feira (13 e 14 de Maio) e contam com a participação de vários arquitectos, geógrafos, arqueólogos e antropólogos portugueses e espanhóis.
De acordo com os responsáveis pela organização, os objectivos do Colóquio passam por promover o debate sobre as profundas transformações que se continuam a acentuar, com o progressivo esvaziamento de muitos dos pequenos aglomerados do mundo rural, “cada vez mais abandonados por uma população que deixou de ali encontrar as necessárias formas de subsistência e se sente cada vez mais atraída pelos centros de maior dimensão”.
“Nunca estive em Bagdad” no Theatro Circo
Também esta semana, o espectáculo d’A Escola da Noite “Nunca estive em Bagdad”, de Abel Neves volta “à estrada”, desta vez para duas apresentações no Theatro Circo de Braga. Definida pelo autor como “uma história de amor em tempo de guerra”, a peça mostra-nos um jovem casal português em mudança de casa, ao mesmo tempo em que está a acontecer a invasão do Iraque pelas tropas aliadas, em 2003. Os acontecimentos do outro lado do mundo entram-lhes literalmente na sala de estar, através das transmissões em directo na televisão. Entre os problemas domésticos e a tragédia global vive-se um confronto de escalas que amplia o efeito de ambos na vida quotidiana e íntima do casal.
Miguel Magalhães e Maria João Robalo, “Nunca estive em Bagdad” (foto: Augusto Baptista)
O espectáculo estreou em Outubro de 2012 e foi já apresentado em digressão em Campo Benfeito (Castro Daire), Faro, Santiago de Compostela e Évora. Encenado por Sofia Lobo, “Nunca estive em Bagdad” conta com as interpretações de Maria João Robalo e Miguel Magalhães, os figurinos de Ana Rosa Assunção, o desenho de luz de Danilo Pinto e o som de Zé Diogo.
TCSB – PROGRAMAÇÃO 13 A 18 DE MAIO
COLÓQUIO INTERNACIONAL
Património e desenvolvimento: os pequenos aglomerados
13 e 14 de Maio de 2013
segunda-feira, 14h30-18h30 > terça-feira, 09h30-18h30
org. ARCA -EUAC – Escola Universitária das Artes de Coimbra / Câmara Municipal de Coimbra
TEATRO
Carta a um Santo
a partir de Jostein Gaarder, Santo Agostinho e Teixeira de Pascoaes
ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve
textos Jostein Gaarder, Santo Agostinho e Teixeira de Pascoaes dramaturgia e encenação Luís Vicente voz off Canto e Castro concepção plástica Luís Vicente e Noé Amorim figurinos ACTA intérpretes Glória Fernandes e Luís de A. Miranda desenho de luz Noé Amorim execução plástica Tó Quintas operação de luz e som Octávio Oliveira
18 de Maio de 2013
sábado, 21h30
M/16 > 6 a 10 Euros
A ESCOLA DA NOITE EM DIGRESSÃO
Nunca estive em Bagdad
de Abel Neves
encenação Sofia Lobo elenco Maria João Robalo e Miguel Magalhães espaço cénico Ana Rosa Assunção e Sofia Lobo figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção luz Danilo Pinto som Zé Diogo
1h40 > M/12 > 7 Euros
Theatro Circo, Braga
17 e 17 de Maio de 2013
quinta e sexta-feira, 21h30
informações e reservas: 253 203 800 / reservas@theatrocirco.com
