Rir por último

Setembro 8th, 2014
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Igor Lebreaud, Miguel Magalhães e Sofia Lobo, ensaio de “Auto dos Físicos” (foto: Pedro Rodrigues)

Começam hoje as comemorações do 35º aniversário do Serviço Nacional de Saúde, organizadas pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

A Escola da Noite, que integra a programação com a ante-estreia de “Auto dos Físicos”, tem orgulho em viver num país que soube inventar o SNS. E não aceita que o destruam.

 

"Auto dos Físicos" (ensaio; foto: Pedro Rodrigues)

Miguel Magalhães e Filipe Eusébio, ensaio de “Auto dos Físicos” (foto: Pedro Rodrigues)

RIR POR ÚLTIMO

Um século antes de Molière escrever “O doente imaginário”, Gil Vicente resolveu brincar com os médicos da Corte, caricaturando quatro dos mais conhecidos “físicos” da sua época.

Na senda do que é uma irresistível tentação dos artistas desde a Antiguidade e dentro do espírito bem humorado com que nos deixou retratado o Portugal de Quinhentos, Vicente não podia ignorar uma “classe” que, pela matéria com que trabalha e pelo estatuto que adquire, sempre suscita entre os comuns mortais uma mistura de sentimentos: admiração, respeito, idolatria, desconfiança, suspeita, inveja, inquietação. Não por acaso, eles são aqui colocados “a par” dos padres – uma “razão a mais – escreveu Alberto da Rocha Brito em 1936 – para estarmos nós, os médicos, gratos a Gil Vicente pela amável companhia dada aos nossos quatro remotíssimos colegas”.

Vem mais do que nunca a propósito o velho ditado: “rir é o melhor remédio”. Se é certo que os contraditórios diagnósticos que os quatro médicos trazem à cena terão divertido a plateia da época, é hoje um desafio perceber se o humor de Vicente sobreviveu ao passar dos séculos. Tal como é motivador avaliar até que ponto mantemos – não obstante os avanços da ciência e da técnica, as alterações nas hierarquias sociais e as dificuldades com que nos confrontamos no dia-a-dia – a capacidade de nos rirmos, sobretudo das coisas sérias e incluindo de nós próprios.

Assim como Gil Vicente e os seus espectadores se divertiram com estes “físicos”, também vários médicos se divertiram, ao longo dos anos, a escalpelizar a peça e os “actos médicos” nela enunciados. Ricardo Jorge, Egas Moniz, Maximiano Lemos e Rocha Brito são apenas alguns exemplos do interesse que o texto tem suscitado entre a classe.
Muitos destacam a fidelidade das prescrições ao conhecimento médico-científico que existia na altura, o que não deixa de ser assinalável e contém um inegável interesse histórico. Mas é ainda mais relevante o diálogo construído pelo autor entre o conhecimento científico, a sabedoria popular e uma miríade de crendices e superstições, muitas das quais perduram até aos nossos dias. É frequentemente assinalado o génio de Gil Vicente, materializado na capacidade de ver além do seu tempo e de transformar essa visão em objectos artísticos. Eis, na forma desassombrada e sem preconceitos com que nos apresenta estas diferentes formas de conhecimento, uma prova mais da contemporaneidade de um homem que viveu e escreveu há 500 anos.
Numa outra perspectiva, não obrigatoriamente contraditória com este registo, há quem não tenha dúvidas em afirmar que o verdadeiro alvo da sátira não são os médicos em si (e muito menos os quatro escolhidos como personagens), mas a própria medicina que em Portugal se praticava na altura – “estagnada, enquistada, cristalizada nos velhos moldes da escolástica” (Alberto da Rocha Brito). A par da moralidade cristã que nunca escondeu, Gil Vicente integra na sua obra marcas de inconformismo e preocupações com um mundo mais livre e mais humano que ainda hoje nos interpelam.

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Filipe Eusébio e Maria João Robalo, ensaio de “Auto dos Físicos” (foto: Pedro Rodrigues)

Não é necessário recuar 500 anos nem sair de Portugal para perceber que o mundo e as condições de vida podem melhorar. Porque tratam da vida e da morte, as questões da saúde são aquelas a que somos mais sensíveis e não há regime ou governo que ouse desvalorizá-las publicamente.
A experiência, contudo, obriga-nos a estar atentos. Se não o sentíssemos nos nossos corpos e nos corpos dos nossos pais e dos nossos avós, as estatísticas seriam suficientes para o provar: o Serviço Nacional de Saúde, criado em 1979, é uma das principais conquistas da democracia portuguesa. Tão justo e ajustado à dignidade humana que facilmente é dado como natural, até por quem sabe o que foi viver sem ele – como se sempre tivesse existido, como se existisse em todo o lado e como se não precisássemos de fazer nada para que continue a existir.
Talvez seja por isso que demoramos a acreditar e a perceber que está a ser destruído, em nome de um liberalismo selvagem que atropela a humanidade e a solidariedade em nome do dinheiro e da ganância.
Festejar os 35 anos do SNS na terra de um dos seus principais criadores – o Dr. António Arnaut – é pois mais do que um acto de justiça e de memória. É a demonstração de que instituições e cidadãos, profissionais e utentes, não se resignam nem se conformam com supostas inevitabilidades.
Entre outras formas, demonstramo-lo rindo, tirando o maior partido dessa capacidade humana que sobrevive até às maiores adversidades.
Rimos por princípio e havemos de rir por último.

A Escola da Noite
Setembro de 2014

Auto dos Físicos
de Gil Vicente
pel’A Escola da Noite
encenação António Augusto Barros interpretação Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Maria João Robalo, Miguel Magalhães, Sofia Lobo elemento cénico João Mendes Ribeiro figurinos e adereços Ana Rosa Assunção co-produção A Escola da Noite / Ordem dos Médicos

ANTE-ESTREIA
14 de Setembro
domingo, 17h00
Pavilhão Centro de Portugal
entrada livre
no âmbito das comemorações do 35º aniversário do Serviço Nacional de Saúde

ESTREIA E TEMPORADA PARA O PÚBLICO EM GERAL
25 a 28 de Setembro
quinta a sábado, 21h30; domingo, 16h00
Teatro da Cerca de São Bernardo
5 a 10 Euros
entrada gratuita para professores

SESSÕES PARA ESCOLAS
30 de Setembro a 13 de Novembro
terça a quinta-feira, 11h00 ou 15h00
Teatro da Cerca de São Bernardo
3 Euros / aluno; entrada gratuita para professores acompanhantes e alunos abrangidos pelo escalão A da ASE

informações e reservas: 239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

Sixth Sense [sexto sentido]

Setembro 6th, 2014

Deixe-se surpreender:

 

MAGIA
Sixth Sense
por Luke Jermay
17 de Setembro
quarta-feira, 21h30
10 Euros
espectáculo falado em inglês
apresentado no âmbito da 18.ª edição dos Encontros Mágicos – Festival Internacional de Magia de Coimbra

http://sixthsenseshow.com

Estão de volta as “Flores de Livro”

Setembro 5th, 2014

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O prometido é devido!

A Cláudia Sousa foi de férias em Agosto mas regressa já no próximo dia 27 para dar início a mais uma temporada de “Flores de Livro”, sempre no último sábado de cada mês (em Dezembro é, excepcionalmente, no dia 20).

Em cada sessão, traz novos livros com novas histórias para ler para às crianças, que são convidadas também a manusear os livros e, no final, a fazerem elas próprias os seus desenhos, com materiais fornecidos pela companhia. É ainda possível levarem para casa um livro à sua escolha e devolvê-lo na sessão seguinte. A interacção com os mais novos valoriza o contacto directo com os livros, estimulando a curiosidade e a criatividade das crianças e contribuindo assim para a criação de hábitos de leitura desde a mais tenra idade.

Dadas as características das sessões e para salvaguardar o seu carácter intimista, a lotação está limitada a 25 pessoas. É por isso aconselhável fazer reserva antecipada pelos contactos habituais do TCSB. Os bilhetes custam 3 Euros (entrada individual) ou 5 Euros (criança + acompanhante).

As sessões decorrem no bar do Teatro e os pais e outros acompanhantes podem igualmente desfrutar da leitura, enquanto bebem um café ou provam um dos bolos caseiros a que o bar do TCSB já habituou o seu público.

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Cláudia Sousa

Formada pela Escola Superior de Educação de Coimbra, Cláudia Sousa (Viseu, 1975) tem uma larga experiência em actividades de animação para diferentes públicos, no âmbito da leitura e narração oral, expressão plástica, ilusionismo, entre outras. Entre 2003 e 2006, foi responsável pelo Serviço Educativo da Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro, em Vila Nova de Paiva, e dinamizou a Biblioteca Móvel Itinerante EMA (Espaço Móvel de Animação). Ainda em Vila Nova de Paiva, desenvolveu actividades de animação no Auditório Municipal Carlos Paredes e colaborou na organização do I e do II Encontro Nacional de Serviço Educativo “Diferentes Leituras”. Desde Janeiro de 2013, é responsável pela dinamização do ciclo “Flores de Livro”, no TCSB.

LEITURA DE CONTOS PARA A INFÂNCIA
Flores de Livro
Cláudia Sousa
27 de Setembro
sábado, 11h00
50′ > M/4 > 3 Euros (bilhete individual) e 5 Euros (criança + acompanhante)

informações e reservas: 239 718 238 / 966 302 488 /geral@aescoladanoite.pt

 

 

 

celebrar (e defender) o SNS

Setembro 4th, 2014

Vamos organizar diversas atividades culturais, mas vamos também colocar a sociedade a pensar, através de debates e tertúlias. Vamos sair à rua, ao encontro dos cidadãos, para lhes mostrar que o SNS está vivo e que está nas mãos de todos nós lutar pela defesa da sua saúde.
Apesar das medidas que têm vindo a ser tomadas e que o têm enfraquecido, mantemos orgulho no SNS. Aquele SNS que tem servido de exemplo a muitos países por todo o mundo. Aquele SNS que permitiu ganhos significativos em saúde. Aquele SNS que tem a pessoa no seu centro e que continua a ser condição indispensável para uma sociedade que se quer democrática, livre e justa.

P’la Comissão Organizadora,
Inês Morgadinho Barros de Mesquita

 

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A Escola da Noite associa-se às comemorações do 35º aniversário do Serviço Nacional de Saúde, promovidas pela Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, com a ante-estreia da sua nova produção: o “Auto dos Físicos”, de Gil Vicente.

Terá lugar no próximo dia 14 de Setembro, domingo, pelas 17h00, no Pavilhão Centro de Portugal, no âmbito de um vasto programa que decorre ao longo de toda a semana em várias cidades da Região Centro.

 

“Sixth Sense”, de Luke Jermay

Setembro 3rd, 2014

LUKE JERMAY - Mind Reader/Intuition Artist. Seen here: 30th April 2013.

Setembro começa no Teatro da Cerca de São Bernardo com um surpreendente espectáculo trazido pelos Encontros Mágicos – 18º Festival Internacional de Magia de Coimbra.

Luke Jermay, o mágico inglês que é consultor da série “O Mentalista”, promete ler a mente dos espectadores:

 

Luke Jermay é o homem mais incrível de quem provavelmente nunca ouviu falar. Ele consegue ler a sua mente. A sério, ele consegue ler a sua mente. Não utiliza jogos mentais ou truques psicológicos. Vai ficar espantado com os incríveis poderes de Jermay: ele sabe o passado, o presente e o futuro de cada espectador, às vezes melhor do que o próprio. O seu professor favorito, o animal de estimação que teve na infância e até a cor da sua roupa anterior – Jermay sabe tudo, vê tudo e diz (quase) tudo, numa habilidosa demonstração de telepatia e previsões, desenvolvida com uma incrível precisão, afiada como uma navalha.

As suas impressionantes capacidades intuitivas têm sido aclamadas pela crítica:

“Fiquei de queixo caído… Jermay coloca-nos num estado em que nos perguntamos se a vida terá mais possibilidades do que pensávamos uma hora antes.”
The Times

“Jermay é diferente… para alcançar poderes como os que tem, ele deve ter uma aliança com o Diabo. Absolutamente espantoso.”
Edinburgh Evening News

“Jermay é o Diabo, pura e simplesmente… é sinistramente preciso, o que nos deixa indecisos entre aplaudir e fugir a gritar de terror… todos os que se interessam por leitura da mente, por misticismo ou simplesmente por um pouco de teatro bem divertido devem ver ‘Sixth Sense’ imediatamente.”
The Void

LUKE JERMAY - Mind Reader/Intuition Artist. Seen here: 30th April 2013.

MAGIA
Sixth Sense
por Luke Jermay
17 de Setembro
quarta-feira, 21h30
10 Euros
espectáculo falado em inglês
apresentado no âmbito da 18.ª edição dos Encontros Mágicos – Festival Internacional de Magia de Coimbra

http://sixthsenseshow.com