Frágua de Amor, de Gil Vicente
Em Tordesilhas assina-se um contrato de casamento entre D. João III e D. Catarina, irmã do poderosíssimo Carlos V, de Espanha. Para comemorar a união, é encomendado teatro a Gil Vicente. Apresenta em Évora a “Tragicomédia da Frágua de Amor”, festa sobre amor e mudança. Peregrinos e romeiros ouvem falar da fama dos reis e de como o amor os juntou. Cupido fugira da mãe Vénus para ajudar D. João III a conquistar o castelo maravilhoso, metáfora de Catarina. Vénus, deusa da música, com lágrimas transformadas em canções, procura o filho. Este inventou uma forja especial (a tal frágua) que prepara Portugal para um novo tempo. É uma máquina movida com a música dos planetas e dos gozos de amor, que transforma quem quiser em algo melhor. Refundir a portuguesa gente, diz-se. Vários se apresentam para a refundição: escravos negros, parvos, pagens, frades. Até a justiça quer ser reformada na frágua. Gil Vicente, pelo teatro, mostra como a justiça tem de ser reformada “para o resto não se perder”. Em 1524, talvez tenha entrado Gil Vicente e um grupo experimentado de companheiros. Aqui, em 2024, uma nova companhia se juntou, entre os actores d’A Escola da Noite e os músicos d’O Bando de Surunyo, para a festa que tudo transforma em nome do amor.
TEATRO | ESTREIA
“Frágua de Amor”, de Gil Vicente
A ESCOLA DA NOITE / O BANDO DE SURUNYO
14, 15 e 16 de Novembro de 2014
quinta e sexta, 21h30, sábado 18h30
> Teatro Académico de Gil Vicente, Coimbra
> M/14 > 75 min > 5 a 7€
Bilheteira TAGV
segunda a sexta, 14h – 20h
239 855 630 | teatro@tagv.uc.pt
bilheteira online
texto Gil Vicente
tradução dos versos em castelhano José Bento
encenação António Augusto Barros
direcção musical Hugo Sanches
interpretação Ana Teresa Santos, Carlos Meireles, Igor Lebreaud, Maria Quintelas, Miguel Magalhães, Mónica Camaño, Nuno Meireles, Ricardo Kalash e Sérgio Ramos
música Eunice Aguiar (soprano), Irene Brigitte (soprano), Patrícia Silveira (alto), Carlos Meireles (tenor), Sérgio Ramos (baixo), Hugo Sanches (alaúde e guitarra), Xurxo Varela (viola da gamba), Carlos Sánchez (corneta e flauta) e Rita Rógar (flauta)
cenografia João Mendes Ribeiro e Luisa Bebiano
figurinos e adereços Ana Rosa Assunção
desenho de luz Danilo Pinto
assistência de encenação Ana Teresa Santos, Igor Lebreaud, Miguel Magalhães
assistência de direcção musical Carlos Meireles
assistência dramatúrgica Nuno Meireles
cabelos Carlos Gago
maquilhagem Raquel Ralha
co-produção
A Escola da Noite , O Bando de Surunyo, Artway, Centro Dramático de Évora, Centro Dramático Galego, Teatro Académico de Gil Vicente, Teatro Nacional São João no âmbito da Rede de Teatros e Cine-Teatros Portugueses
Parceria com o LIPA – Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas da Universidade de Coimbra
A Escola da Noite e a Artway são estruturas financiadas pela Direcção-Geral das Artes do Ministério da Cultura. A Escola da Noite conta com o apoio do Município de Coimbra.
A ESCOLA DA NOITE
Fundada em 1992, estreou 75 espectáculos e apresentou cerca de duas mil e quinhentas sessões, em Coimbra e em digressão, nacional e internacional (Angola, Bélgica, Brasil, Espanha, Guiné-Bissau e Moçambique). Na escolha do repertório, procura um equilíbrio entre autores clássicos e contemporâneos, com dois especiais pontos de interesse: a obra de Gil Vicente e a dramaturgia em língua portuguesa. Ésquilo, Eurípides, Tchékhov, Lorca, Beckett, Heiner Müller, José Sanchis Sinisterra, Nelson Rodrigues, Plínio Marcos e Abel Neves são alguns autores que já trabalhou. Nos últimos anos, tem aprofundado uma nova frente de trabalho – a adaptação cénica de textos não dramáticos a partir, por exemplo, das obras de Ruy Duarte de Carvalho, Rubem Fonseca e Franz Kafka e, na poesia, de Adélia Prado e Manoel de Barros.
Desde Setembro de 2008, é a companhia residente e a responsável pela gestão e programação do Teatro da Cerca de São Bernardo, equipamento municipal construído para a albergar e que integra a Rede de Teatros e Cine-Teatros Portugueses.
O BANDO DE SURUNYO
Ensemble especializado na interpretação de música dos séculos XVI e XVII. O nome é retirado de um vilancico seiscentista português e significa “bando de estorninhos”. O ensemble é a frente interpretativa e laboratorial de um projecto multidisciplinar que incide particularmente sobre repertório inédito albergado por fontes portuguesas, apresentando em quase todos os seus concertos obras inéditas em primeira audição moderna. O projecto abrange, porém, música tanto de aquém como de além-fronteiras, tendo como objectivo proporcionar ao público, através da música e da poesia, o contacto com a pluralidade, ecletismo e riqueza do pensamento e imaginário do renascimento e barroco europeus.
Os concertos são preparados sobre uma rigorosa base de investigação musicológica e no estudo aprofundado do contexto histórico e cultural da música que interpretam. Todas as obras são preparadas directamente a partir dos manuscritos ou impressos originais e interpretadas utilizando instrumentos e práticas interpretativas historicamente informadas
A íntima relação entre som e palavra que emerge na música europeia na transição do Quinhentos para o Seiscentos é o eixo central da abordagem ao estudo e interpretação do repertório pel’O Bando do Surunyo. A música colocava-se então ao serviço do texto, veiculando, ilustrando e potenciando o seu conteúdo poético e afectivo.