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O corte de 10% nos contratos do Ministério da Cultura

Segunda-feira, Junho 28th, 2010

PLATAFORMA DAS COMPANHIAS

A Escola da Noite (Coimbra) . ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve . CENDREV – Centro Dramático de Évora . Companhia de Teatro de Braga . Teatro das Beiras . Teatro do Montemuro

O corte de 10% nos contratos do Ministério da Cultura


O Governo decidiu cortar em 10%, para o ano de 2010, todos os financiamentos à criação artística que resultam dos contratos assinados entre o Ministério da Cultura e os agentes culturais.

Trata-se, nas palavras da própria Ministra, que o aceita e justifica, de um “corte cego”, indiferente à altura do ano em que é anunciado, ao grau de execução das actividades a que os criadores se haviam comprometido com o Governo, e às diferentes realidades – estruturais, organizativas, em matéria de responsabilidades e encargos assumidos – que o Ministério da Cultura teria obrigação de conhecer e de distinguir entre aquilo que designa por “artistas independentes”. A notícia deste corte veio encontrar reunidas em Coimbra, no Festival que anualmente organizam, as seis companhias de teatro profissional que integram a Plataforma das Companhias, uma estrutura informal de intercâmbio, debate e reflexão.

No seu conjunto, estas seis companhias empregam nos seus quadros, em permanência, mais de uma centena de pessoas – têm, em média, 17 colaboradores permanentes. Todas são financiadas pelo Ministério da Cultura, ao abrigo de contratos pluri-anuais que resultam de candidaturas aprovadas por júris nomeados pela Direcção-Geral das Artes, com valores que variam entre os 200 e os 320 mil Euros/ano. Este corte significará uma perda entre os 20 e os 32 mil Euros nas receitas previstas até ao final do ano, que inevitavelmente se reflectirá em perda de postos de trabalho, em cancelamento de produções e em paralisação da actividade. Falamos de estruturas profissionais organizadas, com custos permanentes e responsabilidade social: salários, segurança social, contratos com fornecedores já celebrados, etc.

Perante tão sérias consequências e após rasgar os contratos que connosco assinara, a Ministra pede-nos, num e-mail enviado no passado sábado, “solidariedade” com o “esforço nacional”. Reconhece as “dificuldades endémicas associadas a esta área”, “lamenta” a situação e manifesta-nos a sua própria “solidariedade”.

No âmbito da Plataforma das Companhias e noutros foruns de discussão, estas seis companhias vêm desde há muito chamando a atenção dos sucessivos Governos, Ministros da Cultura e Directores-Gerais para as tais “dificuldades endémicas” do sector. A primeira das quais – a falta de financiamento público – foi aliás reconhecida pelo Primeiro- Ministro José Sócrates. Em campanha eleitoral, é certo. Em campanha eleitoral, ainda por cima – naquela altura em que é suposto os governantes assumirem compromissos com os eleitores e clarificarem o que se propõem fazer.

Em vários documentos publicados e enviados aos titulares de cargos com responsabilidades na definição e na concretização de políticas culturais, temos apresentado propostas concretas para a definição de uma estratégia nacional neste domínio, capaz de dotar o sector de uma sustentabilidade mínima, que lhe permitisse funcionar devidamente em alturas normais e sobreviver a uma situação de crise, como a que actualmente atravessamos. Propostas que visavam a racionalidade na distribuição dos dinheiros públicos, a consolidação das estruturas de criação existentes, a criação de condições para uma circulação regular dos espectáculos financiados pelo Estado, a existência de apoios mínimos para a internacionalização, a regulamentação do estatuto profissional dos artistas, um real incentivo ao mecenato cultural, a complementaridade entre o investimento público nacional e os fundos comunitários, a definição de um quadro que regulasse a articulação entre Estado Central e autarquias, entre outros.

Todos estes contributos foram sendo ignorados e continuamos até hoje com a mais perversa das formas de política cultural: a que promove uma espécie de assistencialismo aos tais “artistas independentes” com os quais a Ministra agora se solidariza. Uma “política cultural” que convive de forma acrítica, resignada e cúmplice com o mais feroz ataque feito pelo Estado à criação artística nacional nas últimas décadas.

Nas “explicações” que procura dar aos agentes culturais, a Ministra deixa claro a forma como pensa o sector: um conjunto de projectos avulsos, que se fazem ou não se fazem consoante haja dinheiro, ou que podem dimensionar-se e redimensionar-se, de um momento para o outro, ao sabor da disponibilidade orçamental que o Governo decide ter. É a permanência desta maneira de encarar a criação artística, que o Ministério da Cultura tem estimulado em vez de contrariar, que permite a um Ministro das Finanças tomar decisões tão danosas e arbitrárias como esta.

Recusamo-nos a aceitar a desculpa da crise. Todos sabemos que as verbas que agora nos pretendem retirar – aquelas de que depende a nossa sobrevivência – são, no conjunto do défice, verbas irrisórias que nada resolvem. Além disso, ao longo dos últimos anos, o orçamento dedicado à cultura vem sofrendo sucessivos cortes, ao arrepio dos discursos e dos anúncios oficiais e dos programas eleitorais e de governo apresentados pelos responsáveis políticos. As referências às “medidas similares” na “maioria dos outros países da Europa dos 27”, com as quais a Ministra tenta atenuar o impacto deste corte, são por isso deslocadas: esquecem que o investimento feito em anos anteriores e a solidez do sector (incluindo a protecção social aos trabalhadores afectados pela crise) são radicalmente diferentes. Não podemos pretender ser europeus nos cortes quando não o somos nos orçamentos.

Assumimos naturalmente as nossas responsabilidades e desejamos contribuir para o combate à crise. Sabemos, até, que temos um papel importante a desempenhar, enquanto criadores, na construção de uma sociedade mais culta, mais esclarecida, mais cosmopolita, mais solidária, mais justa, mais humana. Mas recusamo-nos, por isso mesmo, a servir de pretexto para oportunismos cínicos ou de areia atirada para os olhos da opinião pública por responsáveis políticos que parecem mais interessados em assegurar o seu próprio lugar do que em cumprir as funções para as quais foram nomeados.

As companhias de teatro profissional financiadas pelo Estado ao abrigo de contratos pluri-anuais, entre as quais se encontram estas seis estruturas, representam a esmagadora maioria do teatro que é feito em Portugal. É através delas que o Estado assegura, em complemento ao trabalho feito pelos dois Teatros Nacionais, a prestação do serviço público de criação teatral. Colocar em risco a sua sobrevivência e condená-las a um sufoco ainda maior do que aquele em que já vivem é ameaçar todo o sistema teatral português. Fazê-lo desta forma, quebrando compromissos assumidos em contratos (na base dos quais elas assumiram encargos e responsabilidades com pessoas e entidades terceiras) é mais do que uma irresponsabilidade. É a demonstração evidente de que a actividade de criação artística é, para este Governo, algo que o país pode dispensar.

Não aceitamos esta “inevitabilidade”. E expressamos, apesar do contexto adverso em que o Governo insiste em colocar-nos, a nossa disponibilidade para debater com o Ministério as nossas propostas, tanto no que diz respeito à estruturação do tecido teatral e do sistema de financiamento da criação artística, como na procura de outras soluções para lidar com a crise que não sejam estes cortes “cegos”.

Coimbra, 28 de Junho de 2010.

A Escola da Noite (Coimbra)
ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve
CENDREV – Centro Dramático de Évora
Companhia de Teatro de Braga
Teatro das Beiras (Covilhã)
Teatro do Montemuro (Campo Benfeito, Castro Daire)

Apresentação do IV Festival das Companhias

Quinta-feira, Junho 17th, 2010

Na sequência  da apresentação em conferência de imprensa do IV Festival das Companhias foi criado um blog onde pode consultar toda a programação do festival que decorre entre 22 e 27 de Junho em Coimbra. Poderá também seguir através do mesmo, o diário do festival sempre actualizado.

Para acompanhar o IV Festival das Companhias, clique aqui!

amanhã no TCSB

Terça-feira, Junho 15th, 2010

Nesta nova criação, Vera Mantero mostra-nos objectos do mundo. Coisas arrancadas à vida de todos os dias que, nesta dança, se situam algures entre o material e o etéreo, o factual e o onírico. Dia 16 de Junho, no Teatro da Cerca de São Bernardo (Coimbra).
Um ano depois da sua estreia em Essen e Montpellier, em 2009, Vera Mantero & Guests apresentam finalmente este trabalho em Portugal. “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” é um jogo de associações, por vezes explícito, outras críptico, lúdico ou desconfortável, tangível ou volátil. Desencadeia várias questões, mas quase nenhuma resposta.

Vera Mantero destilou esta parada inusitada após meses de leituras, visionamentos, escutas, reflexões e conversas, em conjunto com Christophe Ives, Marcela Levi, Miguel Pereira, Rita Natálio, Nadia Lauro e Andrea Parkins, com quem partilha a autoria e interpretação deste espectáculo.

in Público

1José amanhã no TCSB

Quarta-feira, Junho 2nd, 2010

Amanhã, dia 3 de Junho às 21:30, o TCSB acolhe “1José”, o primeiro espectáculo da reposição da Trilogia 1José 2Rubem 3Fonseca”.

“Agora você (ou José e os seus irmãos)”“Passeio Noturno I”“O Cobrador”“Raimundinha”“O Outro”“A Escolha”“Passeio Noturno II”“Hildete” são os textos apresentados amanhã e sexta-feira no Teatro da Cerca de São Bernardo sempre às 21:30.

Esta é a segunda co-produção entre a A Escola da Noite e a Companhia de Teatro de Braga.

Espectáculos para maiores de 16 anos.
Informações e reservas por telefone 239 718 238, telemóvel 966 302 488 ou e-mail geral@aescoladanoite.pt

M/16   textos  Rubem Fonseca encenação António Augusto Barros elenco Allex Miranda | António Jorge | Carlos Feio | Igor Lebreaud | Lina Nóbrega | Maria João Robalo | Mário Montenegro | Miguel Magalhães | Rogério Boane | Sílvia Brito | Solange Sá figurinos Ana Rosa Assunção desenho de luz Jorge Ribeiro som Eduardo Gama

destaques de Junho no TCSB

Quarta-feira, Maio 26th, 2010

Vera Mantero

Depois da primeira temporada em Coimbra e das apresentações em Braga, A Escola da Noite regressa agora ao TCSB com a muito solicitada reposição da TRILOGIA 1José 2Rubem 3Fonseca. Desta vez, os espectáculos são acompanhados por um conjunto de iniciativas paralelas para que o público possa conhecer (ainda) melhor a obra do autor brasileiro.

A meio do mês, voltamos a receber Vera Mantero. Na sequência da residência aqui realizada no ano passado, a coreógrafa traz-nos a sua mais recente produção, “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos”, precisamente o espectáculo que estava a preparar na altura. Apresentado em  Essen e em Montpellier (2009), chega finalmente a Portugal, para apresentações em Lisboa e no Porto (no âmbito do Festival Alkantara) e em Coimbra. Uma excelente oportunidade para que o público da cidade possa continuar a acompanhar de perto o percurso criativo de uma das mais importantes coreógrafas e intérpretes da dança portuguesa contemporânea.

O mês encerra em festa, com o IV Festival das Companhias, com a participação das seis estruturas profissionais de criação teatral que constituem a Plataforma das Companhias. Seis espectáculos (incluindo dois ao ar livre, no Pátio da Inquisição) em seis dias de intensa actividade, que incluem ainda debates, mesas-redondas e conversas com o público no final de cada sessão. Um momento de festa (que queremos partilhar com a cidade) e de reflexão sobre o papel da criação artística no desenvolvimento das cidades médias do nosso país. Apoiado pela Direcção Regional de Cultura do Centro, o Festival marca ainda o arranque da rede Culturbe – Braga, Coimbra e Évora, integrada pelo Theatro Circo, o Teatro da Cerca de São Bernardo e o Teatro Garcia de Resende, cujo projecto foi objecto de candidatura ao QREN, no âmbito da “programação cultural em rede”. Para além de oferecer a oportunidade para rever Sabina Freire (A Escola da Noite/CTB), o programa inclui O Fim, de António Patrício (CENDREV) , Georges Dandin, de Molière (ACTA), e dois espectáculos no Pátio da Inquisição: Cirineu, de Fernando Paulouro Neves (Teatro das Beiras), e Presos por uma corrente de ar, de José Carretas (Teatro de Montemuro).

Para que não perca nenhuma destas actividades, temos condições especiais de acesso aos espectáculos da trilogia Rubem Fonseca e no Festival das Companhias. Contacte-nos.

Para mais informações consulte a nossa agenda.

(fotografia de João Tuna)