“A mulher como campo de batalha” estreia a 29 de Outubro

“A mulher como campo de batalha” – foto de ensaio (© Eduardo Pinto)

A Escola da Noite estreia a 29 de Outubro a sua 70.ª criação. “A mulher como campo de batalha”, de Matéi Visniec, tem encenação de Sofia Lobo e cumprirá uma temporada de 16 sessões, até ao início de Dezembro.

Com o título alternativo, proposto pelo próprio autor, de “Do sexo da mulher como campo de batalha na guerra da Bósnia”, a peça foi escrita em 1996 e constitui um pujante retrato da guerra e da forma particular como as mulheres são vítimas directas e indirectas da barbárie, nesta e em outras guerras.
Dorra, vítima de violação durante a guerra da Bósnia, conhece Kate, psicanalista norte-americana, já fora do território em que as atrocidades foram cometidas. A relação que se estabelece entre as duas personagens e as memórias de cada uma convocam-nos para uma reflexão sobre os nacionalismos, a xenofobia e a violência extrema, mas também sobre os clichês e os lugares-comuns que demasiadas vezes condicionam as relações entre as pessoas e os povos.
O espectáculo conta com as interpretações de Ana Teresa Santos e Paula Garcia. A temporada de quatro semanas, intercalada com outra programação do Teatro da Cerca de São Bernardo, estende-se até 6 de Dezembro. Os bilhetes custam entre 5 e 10 Euros e já podem ser reservados pelos contactos habituais do TCSB ou comprados na internet, através da Ticketline.

“A mulher como campo de batalha” – foto de ensaio (© Eduardo Pinto)

Matéi Visniec: “decidi que seriam as mulheres a ter a palavra”
Sobre as razões que o levaram a escrever esta peça, o escritor romeno Matéi Visniec, também jornalista da Radio France Internationale, reconhece que ficou muito impressionado com as notícias que chegavam da guerra dos Balcãs, em particular com a existência de violações em massa. “Tive acesso a informações muito perturbadoras, muito a pouco e pouco, porque de início estas mulheres não queriam dar testemunho daquilo por que tinham passado, devido à humilhação, à vergonha. Decidi que seriam as mulheres a ter a palavra e escolhi como personagens uma mulher da Europa de Leste e outra com um ponto de vista ocidental” – esclareceu o dramaturgo, num debate realizado no Festival de Avignon, França, em 2016.
A propósito da sua dupla condição de jornalista e escritor, Matéi Visniec acrescenta: “felizmente que há em mim duas pessoas: a que observa e a que pode, enquanto escritor, ir um pouco mais longe. Escrever esta peça foi de algum modo exorcizar a incapacidade que o jornalista tinha de fazer alguma coisa. É esse o contexto”. Mais de 20 anos depois de ter sido escrita, “A mulher como campo de batalha” continua a ser representada em vários países. “Apercebi-me, infelizmente, que a minha peça continua actual, descobrimos que a História se repete de uma maneira atroz, como observámos em África, no Ruanda, no Congo, no extremo Oriente. A mulher continua a ser, de certo modo, a primeira vítima da guerra. Dar-lhe a palavra era uma questão de urgência. Claro que também o era compreender o mecanismo da barbárie e pensei que a literatura e o teatro podem quase sempre ajudar-nos a compreender as coisas de uma maneira mais matizada, ajudar-nos a ir mais longe na compreensão das coisas complicadas, porque muitas vezes o jornalista não pode explicar tudo. O historiador não pode explicar tudo, o sociólogo, o filósofo, o especialista não podem explicar tudo. Por vezes, apenas a literatura ou o teatro podem captar as nuances e fornecer-nos esclarecimentos ou mesmo revelações” – conclui o autor.
“A mulher como campo de batalha” é o terceiro espectáculo d’A Escola da Noite a partir da obra de Matéi Visniec, depois de “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres” (2014) e de “Palhaço velho, precisa-se” (2020).

Coimbra
Teatro da Cerca de São Bernardo

TEATRO
A mulher como campo de batalha
de Matéi Visniec
A Escola da Noite

encenação e espaço cénico Sofia Lobo
interpretação Ana Teresa Santos e Paula Garcia

tradução Ana Teresa Santos e Sofia Lobo
figurinos e adereços Ana Rosa Assunção desenho de luz Danilo Pinto
sonoplastia Zé Diogo fotografia e vídeo Eduardo Pinto

29 de Outubro a 1 de Novembro de 2020
12 a 15 e 26 a 29 de Novembro de 2020
3 a 6 de Dezembro de 2020

quintas, 19h00; sextas e sábados, 21h30; domingos, 16h00
M/14

Bilhete normal: 10 €
Estudantes, jovens, M/65 anos, profissionais
e amadores/as de teatro: 6 €
Entidades protocoladas TCSB, Funcionários/as da CMC: 5 €
Quintas-feiras (“Quintas no Teatro”): 5 €
Assinaturas TCSB: 5 entradas – 30 €; 10+1 entradas – 50 €

informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt
bilhetes à venda no TCSB e na Ticketline e nos locais habituais

Covid-19 – Plano de Prevenção e Contingência do TCSB
De acordo com a Orientação da DGS 28/2020, de 28 de Maio, e o Plano de prevenção e contingência do TCSB, a lotação e a ocupação da sala estão condicionadas: os lugares são marcados e é respeitada a distância de uma cadeira entre cada lugar ocupado. É obrigatória a utilização de máscara no interior do Teatro e o cumprimento das demais condições de segurança indicadas à entrada do edifício.

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