danças sem chão*

 

© Peter Perazio | "Un Imprudent Bonheur", L'Esquisse

© Peter Perazio | "Un Imprudent Bonheur", L'Esquisse

Primeira Fábula

Coelhos brancos nas pontas dos cabelos.

Ar, caminhar sem chão, domir no ar, escrever arcos com o corpo

Expirar, transportar uma espiral, dar marradinhas no espaço, levitar os braços

Nascer dos sinos das saias.

 

 

Fábula coreográfica para dançar (agora)

Antigamente, todos tínhamos mais ar dentro de nós do que agora.

Esse ar dava origem a que no espaço interior dos corpos pudesse haver mais vida. E havia. Havia coelhos que nasciam, cresciam dentro do corpo e faziam todos os homens saltar mais. Saltos muitos e pequenos, saltos em arco, grandes saltos e reviravoltas que levavam os corpos dos homens a saltar. Porque os coelhos dentro de si não paravam de saltar, os homens mantinham-se no ar com muita facilidade. Um dia, os coelhos quiseram fugir e saíram pelas pontas dos cabelos dos homens.

A partir daí, tudo se tornou mais complicado. Os homens, para saltar, tiveram de inventar a dança, ou então donhar bastante para poderem por vezes dormir no ar.

Experimente o coelho que poderá ter habitado dentro de si.

Dê saltos, muitos e pequenos, saltos em arco, grandes saltos e reviravoltas, respire e volte ao princípio.

Salte como quiser até ao próximo painel.

 

 

* A Escola da Noite publica algumas das fotografias que integram a exposição “uma carta coreográfica“, bem como os segredos e as fábulas que compõem cada um dos seus 18 painéis. Com “danças sem chão” se inicia a “segunda estação” – “A dança como fábula”. A exposição pode ser visitada no TCSB, até ao final de Maio, de segunda a sexta (10h00-13h00 e 14h00-19h00) e aos sábados (14h30-19h00). Nos dias de espectáculo, mntém-se aberta até às 24h00.

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