A Companhia de Teatro de Braga (CTB) regressa a Coimbra no próximo sábado, desta vez com “Oratória do Vento”, um grandioso espectáculo que junta em palco um elenco de oito actores e um coro de 30 vozes, a partir de um texto do escritor Vergílio Alberto Ferreira, inspirado na lenda de Santa Maria Egipcíaca. Também conhecida como Santa Maria Egípcia ou Santa Maria do Egipto, é celebrada por católicos, coptas e ortodoxos.
“Oratória do Vento”, pela CTB
A sua história é a de uma mulher que vivia em Alexandria, no Egipto, entre os séculos IV e V. De acordo com as biografias religiosas, aí se dedicava à prostituição (ou, pelo menos, a uma vida “dominada pela luxúria”). Numa viagem a Jerusalém, que aparentemente não tinha uma motivação espiritual, acaba por sentir uma “força irresistível” e tomar consciência “dos seus pecados”. De lá parte para o deserto, onde terá vivido perto de 50 anos, como uma eremita. Um dia, foi encontrada por um monge chamado Zósimo, a quem conta a sua história e a quem pede a Santa Comunhão. Como haviam combinado, o monge regressa ao mesmo local um ano depois e encontra-a morta, junto a uma mensagem, escrita na areia, em que ela lhe pedia para que ele mesmo enterrasse o corpo. O monge acede, com a milagrosa colaboração de um leão, que o ajuda a abrir a cova. A história de Santa Maria Egípcia tem inspirado diversas obras de arte da cultura ocidental e oriental, do folclore à literatura, passando pela música e pela pintura.
Sobre este espectáculo agora apresentado pela CTB o encenador Rui Madeira afirma que se trata de uma leitura da lenda “através dos tempos, num cruzamento dialéctico com as vivências, os sofrimentos, as angústias, os espantos e os irracionalismos fundamentalistas na Europa e no Mundo Árabe”. Num registo com algo de provocatório, escreve na nota de encenação: “Nas mitologias da fé (de que hoje somos todos vítimas?) o Homem e o seu Filho ‘estão sempre cercados’ por imagens femininas que abrem o caminho, o sedimentam e parecem fortalecer as ‘novas ideologias da redenção’ que nos conduziram à ‘guerra das religiões’ a que uns assistem e outros, barbaramente morrem. Deus (ou alguém por ele) vale-se do artifício da Palavra e da sensualidade da mulher como arma poderosa contra os inimigos”. Assumindo, como sempre no trabalho da CTB, a marca política do seu trabalho artístico, Rui Madeira conclui: “trata-se de uma criação sobre nós e a incapacidade de nos reconhecermos no outro. Um espectáculo de pessoas em trânsito, contra muros e fronteiras, à procura da terra onde possam expiar o sofrimento.”
“Oratória do Vento” é apresentado em Coimbra numa única sessão, no dia 9 de Abril, às 21h30.
Faça-nos companhia!
Oratória do vento
de Vergílio Alberto Vieira
Companhia de Teatro de Braga
Coimbra – TCSB
9 de Abril
sábado, 21:30
M/12 > 100′
Preços: bilhete normal – 10 Euros; estudante, jovem, > 65 anos e profissionais e amadores de teatro – 6 Euros; entidades protocoladas e funcionários da CMC – 5 Euros; assinaturas TCSB – 5 entradas, 30 Euros / 10+1 entradas, 50 Euros
informações e reservas:
239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt
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