Posts Tagged ‘Teatro Garcia de Resende’

hoje e amanhã, em Évora

Sexta-feira, Março 8th, 2013

Nunca estive em Bagdad
de Abel Neves

encenação Sofia Lobo elenco Maria João Robalo e Miguel Magalhães espaço cénico Ana Rosa Assunção e Sofia Lobo figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção luz Danilo Pinto som Zé Diogo
1h40 > M/12 > 4 Euros

Teatro Garcia de Resende, Évora
8 e 9 de Março de 2013
sexta e sábado, 21h30
informações e reservas: 266 703 112 / geral@cendrev.com

 

Bagdad em Évora

Quarta-feira, Março 6th, 2013

A Escola da Noite parte hoje para Évora, onde apresenta, na sexta e no sábado, duas sessões de “Nunca estive em Bagdad”, de Abel Neves.

É sempre uma alegria voltar à cidade do Cendrev e do Teatro Garcia de Resende. Faça-nos companhia!

Miguel Magalhães e Maria João Robalo, "Nunca estive em Bagdad" (foto: Augusto Baptista)

Definida pelo autor como “uma história de amor em tempo de guerra”, a peça mostra-nos um jovem casal português (Glória e Rogério) em mudança de casa, ao mesmo tempo em que está a acontecer a invasão do Iraque pelas tropas aliadas, em 2003. Os acontecimentos do outro lado do mundo entram-lhes literalmente na sala de estar, através das transmissões em directo na televisão. Entre o problema de Glória, que vai sendo revelado ao longo do espectáculo, e a tragédia global de que Rogério não consegue descolar, vive-se um confronto de escalas que amplia o efeito de ambos na vida quotidiana e íntima do casal.
O espectáculo é a 58.ª produção d’A Escola da Noite e foi uma das produções escolhidas para assinalar o 20º aniversário da companhia, que se comemorou em 2012. Estreou em Outubro e foi em digressão a Campo Benfeito (Castro Daire), Faro e Santiago de Compostela.
Encenado por Sofia Lobo – actriz fundadora da companhia, que dirigiu “Play Beckett” (2006) e “Noite de Amores Efémeros”, de Paloma Pedrero (2010) – “Nunca estive em Bagdad” conta com as interpretações de Maria João Robalo e Miguel Magalhães, os figurinos de Ana Rosa Assunção, o desenho de luz de Danilo Pinto e o som de Zé Diogo.
Abel Neves é um dramaturgo e romancista português com mais de 25 peças teatrais publicadas e encenadas, entre as quais “Jardim Suspenso”, contemplada em 2009 com o Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia António José da Silva. Para além do teatro, é autor ainda de sete romances, ao que junta a edição de poesia e ensaios. É o autor contemporâneo mais vezes trabalhado pel’A Escola da Noite, que apresentou “Além as estrelas são a nossa casa” (2000), “Além do infinito” (2004) e “Este Oeste Éden” (2009).

Nunca estive em Bagdad
de Abel Neves

encenação Sofia Lobo elenco Maria João Robalo e Miguel Magalhães espaço cénico Ana Rosa Assunção e Sofia Lobo figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção luz Danilo Pinto som Zé Diogo
1h40 > M/12 > 4 Euros

Teatro Garcia de Resende, Évora
8 e 9 de Março de 2013
sexta e sábado, 21h30
informações e reservas: 266 703 112 / geral@cendrev.com

“Remendos” no Teatro Garcia de Resende

Quarta-feira, Outubro 31st, 2012

Depois de “O Gigante”, o Teatro do Montemuro volta ao palco do Teatro Garcia de Resende em Évora, com “Remendos” de Thérèse Collins, um espectáculo no âmbito da rede CULTURBE – Braga, Coimbra e Évora.

(foto: Lionel Balteiro)

Inês é uma jovem irreverente, cheia de vida e energia. A jovem mais bonita da aldeia. Assim, não é estranho que os olhos do filho da família mais abastada das redondezas se tenham fixado nela. O coração de Inês, esse, já tem dono. Terá ela força para impedir o casamento, o seu casamento, arranjado pelos pais de ambos?

Como poderá esta jovem sobreviver e vingar no mundo para o qual sente que está a ser arrastada? Manipulada e presa por aqueles que a rodeiam, conseguirá ela erguer-se com sucesso das suas humildes raízes e lutar para que a sua filha tenha uma vida diferente, livre das regras da família, onde possa escolher que rumo seguir, quem amar?

Quem dá as cartas neste jogo e qual a melhor altura para se fazer a jogada? Uma coisa é certa: alguém vai perder e quando isso acontecer o mais certo é que perca tudo. A vida de Inês está sob o olhar atento de uma comunidade que julga e leva as suas presas ao seu limite, empurrando-as para o abismo.

Haverá esperança para ela? Mas onde se esconde um segredo do qual não se pode falar? Até onde se pode passar por cima de tabus sociais para manter a paz? Onde se guardam pensamentos que não queremos que mais ninguém ouça? A música e as emoções levam-nos numa viagem comovente e divertida, mas dolorosa emocionalmente que nos transporta para a mente conturbada de uma mulher. A sua vida apresentada dentro e fora de uma realidade bamboleante, entre o real e surreal.

 

Remendos

de Thérèse Collins

Teatro Garcia de Resende

domingo, 4 de Novembro, 21h30

M/12 > 1h45m > 4 a 8 €

texto Thérèse Collins encenação Paulo Duarte direcção musical Ricardo Rocha e Carlos Adolfo interpretação Abel Duarte, Eduardo Correia, Isabel Pinto, Paulo Freitas e Rebeca Cunha cenografia e figurinos Ana Limpinho costureiras Capuchinhas CRL e Maria do Carmo Félix construção de cenários Carlos Cal assistência à construção de cenários e cenografia Maria da Conceição Almeida desenho de luz Paulo Duarte  operação técnica Carlos Cal e Paulo Duarte direcção de produção Paula Teixeira assistência à produção Susana Duarte assessorai de imprensa Paula Teixeira e Susana Duarte tradução José Miguel Moura cartaz Helen Ainsworth

informações 266 703 112 / geral@cendrev.com

Vera Mantero completa ciclo Culturbe

Segunda-feira, Agosto 27th, 2012

“Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos”, o espectáculo de Vera Mantero que abriu a programação da Culturbe em 2010, completa agora o ciclo de apresentações no âmbito desta rede: no Teatro Garcia de Resende, em Évora, a 8 de Setembro e no Theatro Circo de Braga a 15 de Setembro.

Não perca!

Agiotas e bastardinhos

Domingo, Junho 10th, 2012

Abel Neves

Isso queriam eles! Os agiotas e os bastardinhos até podem ser personagens no teatro, mas nunca serão património da humanidade como Édipo, Hamlet, D. Quixote, Woyzeck ou as almas d’ A gaivota.

Isto vai escuro. Alguém terá, uma vez mais, de iluminar e restaurar as paisagens – a humana e as outras, que outros andam a desgraçar – e refazer a  caminhada. E para isso também cá estamos nós, os das artes do espectáculo, os teatreiros, apesar de tudo convencidos de que numa ou noutra hora mais expedita seremos capazes de esclarecer os imbróglios e dar alento à possibilidade de um qualquer milagre – que sabemos poder acontecer no teatro – que dê ânimo à ideia de uma comunidade mais disponível para os diálogos em volta das éticas e das belezas que há por aí, mas que alguns teimam em querer obscurecer.

Os agiotas têm poder. Gostam de esconder-se nas suas cavernas de troglodita vendo por controle remoto a evolução das suas usuras e até que as suas cabeças rolem, terão poder. Eles e os bastardinhos. É lindo de se ver: os agiotas atiram as bolinhas e os bastardinhos correm a buscá-las.

Os bastardinhos são uma espécie de quadrúmanos que praticam a sabujice nuns degraus abaixo do patamar onde os agiotas acumulam os seus metais brilhantes. São os organizadores da desdita mais recente que nos coube em sorte e sempre cumprindo zelosamente as ordens dos crápulas do luxo. Agiotas e bastardinhos convivem neste mundo como nós, e do teatro querem saber muito pouco, ou melhor, querem lá saber do teatro! Ou melhor ainda: o teatro que s’ afunde! O teatro e o resto. Que falta fazem os outros, os artistas e a cultura? Houve tempo em que se pensava, e defendia, que as acções humanas concorriam para a cultura, mesmo em plena guerra. Era simultaneamente um meio e um fim. Hoje, na teia de neurónios ressequidos dos agiotas ainda existirá uma ideia de cultura, mas dominada por um aparato arbóreo: a árvore das patacas. Os camaradas usurários, também quadrúmanos, têm evoluído atrás do cheiro do dinheiro, é com ele que estrumam a vida e certamente esperam que um dia, na falta das couves e batatas, possam trincar e mastigar notas e moedinhas. Bom alimento será.

Socorro-me, ainda e sempre, de um fragmento de Heraclito, o antigo filósofo pré-socrático: “o burro prefere a palha ao ouro”.

Dantes, as crises eram crises, pronto, e mostravam-se no teatro como lugar de eterno retorno. As obras teatrais anunciavam a consumação de honras e vergonhas, esclarecendo e aliviando a humanidade sedenta de deuses e heróis. A novidade da crise actual é que se trata de terrorismo financeiro. Tem um perfume acentuado a extermínio, procurando disciplinar e domesticar a vida das pessoas e, se possível, exterminar os indesejáveis.  Ora, nós, no teatro, até gostamos de afirmar a austeridade, mas auto-imposta, igualzinha à autoridade, e que a poesia afirma como liberdade. Assim, podemos compreender porque gostam os agiotas-dos-neurónios-mirrados de ver o teatro como um retiro para entreter a banalidade ou uma ruína exótica para estimular algum turismo.

Como é que nós no teatro podemos lidar com essa gente que executa o terror financeiro? É simples: já que não temos, não teremos nem queremos o poder que eles têm é -com todas as letras- mandá-los à merda. Nenhuma palavrinha deselegante é mais incómoda do que a desgraça que fazem viver a tanta gente. É mandá-los à merda, sabendo que eles já nos mandaram a essa parte há muito tempo. Ficamos quites, mas nós com a graça iluminada das personagens que nos cumpre fazer viver nos teatros e eles pintalgados de esterco nas conferências executivas da finança. Como diria o Mestre Salas da família dos Bonecos de Santo Aleixo… uns filhos da púcara!

Para mal dos pecados de agiotas e de bastardinhos, o teatro irá continuar. Por muito que lhes custe, iremos manter aceso o lume teatral. Os gregos – sempre os gregos! – inventaram esta coisa duradoura de estarmos num lugar escolhido por todos, uns diante dos outros contando e recontando as narrativas da alma e por isso seguiremos adiante. Continuaremos a herança de Epidauro e certo é que outros, mais tarde, irão fazê-lo também. Os encontros no teatro têm mistério suficiente para essa fé que acrescenta humanidade ao humano, e que nem precisa de ser crença religiosa: basta-nos aceitar as imperfeições de que somos capazes e procurar que se ajustem a uma imperfeição maior e mais acima onde imaginamos que, pouco a pouco, se incendeiem e regressem à perfeição original. Aí estaremos no lugar-que-não-é-lugar, paradoxalmente, o lugar de todas as utopias: o teatro.

Acreditemos então que esta crise é apenas mais uma, das muitas que têm vindo a fazer a geografia humana, umas mais sombrias do que outras, todas fazendo parte da dificuldade que é compor a vida. Sabemos quem são os autores desta barbaridade contemporânea, embora queiram insinuar-se sem rosto, e isso já é muito. Poderemos sempre apontar-lhes o dedo e acusá-los de crimes contra a humanidade. No teatro serão, obviamente, condenados. Fora do teatro, não sabemos.

Escutem… não ouvem o eco festivo das antigas vozes de Epidauro?

V Festival das Companhias, Évora, Junho de 2012

Abel Neves

(intervenção de abertura no debate “O Teatro em tempo de crise”,

no V Festival das Companhias da Descentralização, 9/06/2012)