Posts Tagged ‘Plínio Marcos’

Dilma

Quarta-feira, Abril 11th, 2012

Rosário Gonzaga em "O Abajur Lilás" (foto de ensaio)

Eu não gemi no parto pra largar cria solta nesse mundo de coisa ruim. Eu me dano. Me lasco. Me entralho. Mas faço do meu nenê um homem.

Giro

Terça-feira, Abril 10th, 2012

José Russo em "O Abajur Lilás" (foto de ensaio)

Essa é que deve ser a tua jogada. Faturar. Faturar. Faturar.

um cristo da humanidade

Sábado, Abril 7th, 2012

o ator tem que se conscientizar de que é um cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade, e sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de seus personagens, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.

Plínio Marcos, o autor de O Abajur Lilás

in Canções e Reflexões de um Palhaço, 1987

Boa Páscoa!

o mocó

Sexta-feira, Abril 6th, 2012

João Mendes Ribeiro e Luisa Bebiano imaginaram assim o mocó de Giro, Dilma, Célia, Leninha e Osvaldo.

Já só falta o abajur…

Obra censurada de Plínio Marcos estreia em Évora

Quinta-feira, Abril 5th, 2012

A Escola da Noite e o Centro Dramático de Évora (Cendrev) estreiam no próximo dia 19 de Abril, no Teatro Garcia de Resende, “O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos. Escrito num português amplo, o texto é uma poderosa metáfora das diferentes formas de reagir em contextos de opressão.

Dilma, Célia e Leninha são três prostitutas que partilham o quarto onde vivem e trabalham. Giro, o proprietário, acha que elas são pouco produtivas e exerce sobre elas as formas de pressão e de motivação que conhece, com a ajuda de Osvaldo, uma espécie de secretário musculado. As relações entre as cinco personagens evoluem tragicamente a partir do momento em que se quebra o abajur que iluminava o quarto. A linguagem utilizada (o calão da cidade de Santos, São Paulo, de onde Plínio é natural) e a alegada obscenidade do texto foram os argumentos avançados pela censura brasileira para, por duas vezes, proibir a estreia do espectáculo. Em 1975, a proibição gerou fortes reacções por parte da comunidade artística, que se solidarizou com Plínio: “o calão das suas personagens e a crueza das situações que denuncia são tão chocantes quanto a realidade que elas espelham. É mister não proibir obras como a deste autor, mas ter a coragem de encená-las como remédio amargo que deve tomar um organismo para manter-se sadio”, dizia-se num comunicado da Associação dos Críticos de Arte de São Paulo.

Plínio Marcos (1935-1999) ironizava com a situação e com o facto de ter vários textos seus proibidos: “foi sempre por merecimento, eu nunca fiz nada para agradar às pessoas”. O desafio aos censores e ao poder instituído é bem mais profundo, no entanto, do que a mera utilização de uma linguagem popular ou a apresentação de situações de miséria material e humana. Em “O Abajur Lilás”, dentro das paredes apertadas de um quarto de prostíbulo, encontramos a história intemporal da opressão entre indivíduos e das diferentes formas, sempre complexas e multifacetadas, que estes encontram para lidar com ela – individualismo, pragmatismo, revolta, negação, esperança, desespero.

Numa sociedade em que a violência física e verbal está difundida e banalizada até ao ponto da indiferença, é essa profundidade da obra de Plínio que mais toca, quase 40 anos depois da sua escrita. Nenhuma censura consegue pôr cobro a essa reflexão; nenhuma forma de opressão – política, social ou económica, mais assumida ou mais nebulosa – lhe escapa.

O Cendrev e A Escola da Noite

Dirigido por António Augusto Barros, o espectáculo é a primeira co-produção entre o Centro Dramático de Évora (Cendrev) e A Escola da Noite – Grupo de Teatro de Coimbra, duas companhias com idades e percursos diferenciados, mas que há muito colaboram e mantêm relações de intercâmbio. Em comum, para além da aposta na descentralização e da missão de serviço público que assumem como sua nas cidades que escolheram como sede, os dois grupos apresentam reportórios eclécticos e demonstram, pela sua prática continuada, a importância da existência de estruturas de criação artística com um mínimo de sustentabilidade espalhadas pelo território nacional.

O elenco e a restante equipa técnica e criativa integram elementos das duas companhias, num processo que tira o melhor partido das valências e dos recursos de cada uma delas. “O Abajur Lilás” está a ser preparado e estreará na histórica sala do Teatro Garcia de Resende, em Évora, que cumpre, em 2012, 120 anos de existência. Parte depois para o Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, e para outros prostíbulos – perdão, teatros – portugueses na segunda quinzena de Maio.

O Abajur Lilás

de Plínio Marcos

encenação António Augusto Barros interpretação Ana Meira, José Russo e Rosário Gonzaga (Cendrev) e Maria João Robalo e Miguel Lança (A Escola da Noite) cenografia João Mendes Ribeiro e Luísa Bebiano figurinos Ana Rosa Assunção desenho de luz António Rebocho

Évora, Teatro Garcia de Resende

19 a 28 de Abril

quarta a sábado, 21h30; domingo, 16h00

Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo

16 a 27 de Maio

terça a sábado, 21h30; domingos, 16h00

21 de Junho a 1 de Julho

quinta a sábado, 21h30; domingos, 16h00