A Escola da Noite apresenta este sábado em Arganil “Auto dos Físicos”, de Gil Vicente. O espectáculo é promovido pela Câmara Municipal, no âmbito da Rota das Aldeias do Xisto, e terá lugar no Auditório da Cerâmica Arganilense, com entrada livre.
Paralelamente à temporada para o público escolar que realiza em Coimbra, A Escola da Noite prossegue com a digressão nacional da sua mais recente produção. Depois de Campo Benfeito (Castro Daire), o “Auto dos Físicos” chega esta semana a Arganil, integrado no Ciclo de Teatro Aldeias do Xisto.
O “Auto dos Físicos” foi escrito e representado pela primeira vez entre 1519 e 1524. Um padre “morre” de um amor não correspondido e quatro médicos (os “físicos”) visitam-no à vez, sugerindo estranhos remédios. Brásia Dias, a comadre que primeiro o tenta ajudar, um moço transformado em (fraco) alcoviteiro e um padre confessor que compreende “bem demais” o sofrimento do seu colega completam o leque de personagens desta divertida farsa, que termina com uma “ensalada” poética e musical, com referências a outras peças do autor e a elementos do cancioneiro tradicional.
A peça apresenta caricaturas de pessoas concretas – os quatro “físicos” correspondem a pessoas que realmente existiam e que o público facilmente reconhecia – mas é também, como quase toda a obra de Vicente, um retrato da corte, da Igreja e da sociedade portuguesas do século XVI em Portugal.
Gil Vicente, A Escola da Noite e a Ordem dos Médicos
Como sempre faz nas suas incursões vicentinas, A Escola da Noite conjuga uma abordagem cénica contemporânea com o respeito incondicional pelo texto original, sem concessões nem actualizações forçadas. Cabe às restantes linguagens postas em cena (a gestualidade, a cenografia, os figurinos, os adereços, a música) o papel de ajudar a esclarecer os sentidos de algumas palavras que, ao longo dos 500 anos que nos separam de Gil Vicente, foram caindo em desuso. Para os casos mais dificeis, existe um glossário, distribuído gratuitamente aos espectadores, que inclui também, neste caso, algumas notas sobre o contexto histórico em que o texto foi escrito e sobre as pessoas reais que Vicente imortalizou. Esta opção acrescenta um atractivo adicional ao espectáculo: uma prazerosa descoberta ou redescoberta de palavras “estranhas” mas que fazem parte da vida e da riqueza da língua portuguesa.
O espectáculo estreou no passado dia 25 de Setembro e é uma co-produção com a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, a propósito das comemorações do 35º aniversário do Serviço Nacional de Saúde. Dirigido por António Augusto Barros, conta com as interpretações de Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Maria João Robalo, Miguel Magalhães e Sofia Lobo. O cenário recupera um objecto carismático da história da companhia – a caixa desenhada por João Mendes Ribeiro que tem acompanhado boa parte do percurso vicentino d’A Escola da Noite.
A Escola da Noite em digressão
“Auto dos Físicos”
de Gil Vicente
encenação António Augusto Barros interpretação Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Maria João Robalo, Miguel Magalhães, Sofia Lobo cenografia João Mendes Ribeiro figurinos e adereços Ana Rosa Assunção luz Rui Valente som Zé Diogo apoio vocal Sofia Portugal vídeo Eduardo Pinto co-produção A Escola da Noite / Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos
M/12 > 50′ (aprox.)
8 de Novembro
sábado, 21h30
Arganil
Auditório da Cerâmica Arganilense
informações e reservas: 235 200 150 / geral@cm-arganil.pt