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Novas diretrizes em tempos de paz: ante-estreias

Segunda-feira, Novembro 5th, 2012

A Escola da Noite prossegue em Novembro o ciclo de ante-estreias da sua próxima produção: “Novas diretrizes em tempos de paz”, do dramaturgo brasileiro Bosco Brasil. Na agenda estão a Covilhã (no âmbito do Festival do Teatro das Beiras) e várias localidades do concelho de Montemor-o-Velho.

Igor Lebreaud, "Novas diretrizes em tempos de paz" (ensaio, foto de Eduardo Pinto)

“Novas diretrizes em tempos de paz” passa-se em Abril de 1945. Quase no fim da II Guerra Mundial, Clausewitz, um emigrante polaco, desembarca no porto do Rio de Janeiro, em busca de uma nova vida como agricultor. O oficial da alfândega, Segismundo, desconfia das intenções de Clausewitz e dificulta-lhe a emissão do salvo-conduto. A acção desenvolve-se a partir do desafio que o funcionário lança ao estrangeiro e do intenso e comovente diálogo entre as duas personagens, que confrontam memórias: de um lado um actor que perdeu familiares e amigos, do outro um ex-torturador que sempre cumpriu ordens.
A peça é considerada um dos melhores textos da dramaturgia brasileira contemporânea, tendo sido distinguida com os Prémios Shell e APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor autor em 2002. Bosco Brasil (São Paulo, 1960) é dramaturgo, encenador e guionista. Foi fundador do Teatro de Câmara de São Paulo e escreveu peças como “Atos e Omissões”, “O Acidente”, “Os Coveiros” ou “Cheiro de Chuva”.
“Novas diretrizes em tempos de paz” foi escrita em 2001 e garantiu-lhe o reconhecimento da crítica e do público. Desde então, tem sido várias vezes apresentada no Brasil e no estrangeiro e deu origem ao filme “Tempos de Paz”, de Daniel Filho (estreado em 2009, com Tony Ramos e Dan Stulbach no elenco). Por vontade expressa do dramaturgo, que assume o “engajamento” político do texto, os direitos de autor deste espectáculo revertem sempre para Organizações Não Governamentais que operem no apoio a refugiados, em articulação com os gabinetes locais do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

ante-estreias em diferentes espaços
Esta será a 59.ª produção d’A Escola da Noite e estreará em Coimbra em Janeiro de 2013. Até lá, e como parte do processo de construção do espectáculo, a companhia apresenta um conjunto de ante-estreias em diferentes espaços e localidades, confrontando o texto e o trabalho dos actores com públicos muito diversos. Depois de, no início de Outubro, ter sido apresentado na Figueira da Foz, o espectáculo inicia agora um novo ciclo de apresentações, que começa no auditório do Teatro das Beiras, na Covilhã, e percorrerá depois uma boa parte do concelho de Montemor-o-Velho, com a cumplicidade de vários dos grupos de amadores de teatro com os quais A Escola da Noite vem colaborando: Verride, Abrunheira e Pereira, entre outros.
“Novas diretrizes em tempos de paz” é encenado por António Augusto Barros e conta com as interpretações de Igor Lebreaud e Miguel Lança e os figurinos de Ana Rosa Assunção.

 

NOVAS DIRETRIZES EM TEMPOS DE PAZ
de Bosco Brasil

encenação António Augusto Barros elenco Igor Lebreaud e Miguel Lança figurinos e imagem gráfica Ana Rosa Assunção

50′ > M/16

ANTE-ESTREIAS

Covilhã, Auditório do Teatro das Beiras
[no âmbito do Festival de Teatro da Covilhã]
9/11, sexta-feira, 21h30

Verride (Montemor-o-Velho), Auditório da AFUV
[no âmbito do Festival de Outono do Centro Cultural de Verride]
10/11, sábado, 21h30

Abrunheira (Montemor-o-Velho), Casa do Povo
17/11, sábado, 21h30

Pereira (Montemor-o-Velho), Celeiro dos Duques de Aveiro
01/12, sábado, 21h30

Santíssima Apunhalada e O Abajur Lilás regressam à Cerca de São Bernardo

Domingo, Junho 17th, 2012

Miguel Magalhães e Igor Lebreaud, "Santíssima Apunhalada" (foto: Eduardo Pinto)

Ana Meira e Miguel Lança, "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

A Escola da Noite volta a apresentar no TCSB, entre 21 de Junho e 1 de Julho, os espectáculos “Santíssima Apunhalada”, de Antonio Onetti, e “O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos. São as últimas oportunidades para assistir, em Coimbra às mais recentes produções da companhia.

Aproveitando o horário alternativo de “Santíssima Apunhalada”, o público volta também a poder usufruir da campanha “Jantar + Teatro”, no Pátio da Inquisição.

 

A história de “Santíssima Apunhalada” passa-se na Sevilha dos nossos dias. Desenvolve-se a partir do roubo das jóias de uma virgem de muita devoção na Andaluzia – “La Puñalá” – em plena Semana Santa. O Caramá, “ladrão mal encarado”, e Winston, travesti que vende bugigangas com um carrinho ambulante, são as duas personagens desta tragicomédia escrita num “realismo sujo”, como o próprio autor a define.

Antonio Onetti é o mais conhecido dramaturgo contemporâneo da Andaluzia e foi um dos autores participantes nas Jornadas de Dramaturgia Espanhola Contemporânea, que A Escola da Noite organizou entre Dezembro de 2010 e Novembro de 2011. Nascido em Sevilha em 1962, estudou na Escola Superior de Arte Dramática de Madrid e no Centro Nacional de Novas Tendências Cénicas e iniciou a sua carreira teatral pela interpretação, numa companhia de Sevilha. Também professor, leccionou Literatura Dramática e Dramaturgia na Escola Superior de Arte Dramática de Sevilha e orienta regularmente oficinas e seminários de escrita teatral e de guiões para televisão e cinema. Tem mais de 20 peças publicadas, numa obra ecléctica, que abarca diversas categorias de literatura dramática.

O espectáculo d’A Escola da Noite estreou no final de Maio e conta com direcção e interpretação dos actores Miguel Magalhães e Igor Lebreaud. É apresentado sempre ao final da tarde (19h00) e os bilhetes têm um preço único, de apenas 5 Euros.

O Abajur Lilás”

Também entre 21 de Junho e 1 de Julho, regressa a Coimbra “O Abajur Lilás”, de Plínio Marcos – a co-produção d’A Escola da Noite com o Centro Dramático de Évora, depois da sua participação no V Festival das Companhias e da digressão a Braga.

Três prostitutas partilham o quarto onde vivem e trabalham. Giro, o proprietário do prostíbulo exerce pressão sobre elas para que aumentem a produtividade, socorrendo-se sempre que necessário de Osvaldo, o seu capanga.

Considerada como a mais incisiva das peças que analisaram a situação brasileira durante a ditadura que se seguiu ao golpe de Estado de 1964, “O Abajur Lilás” foi escrita (e proibida pela primeira vez) em 1969. Em 1975, depois de uma segunda proibição, viria mesmo a tornar-se uma bandeira em defesa da liberdade de expressão e contra as diferentes formas de opressão e exploração. Ela servia, nas palavras do crítico brasileiro Sábato Magaldi, “de desnudamento de um período de terror”. O mesmo autor salienta, no entanto, a intemporalidade do tema que, metaforicamente, percorre toda a obra: é “um contundente veredicto contra o poder ilegítimo”.

Com um elenco composto por actores das duas companhias e dirigido por António Augusto Barros, o espectáculo é falado no português em que originalmente foi escrito, carregado da gíria específica de Santos (São Paulo, Brasil), de onde Plínio era natural. Ele tira partido da riqueza da língua portuguesa, oferecendo ao espectador a oportunidade para descobrir palavras e expressões que não fazem parte da sua linguagem quotidiana mas que integram o português amplo que une milhões de pessoas em todo o mundo.

O cenário de “O Abajur Lilás”, concebido por João Mendes Ribeiro e Luisa Bebiano, é outro dos motivos de atracção do espectáculo. Fugindo ao naturalismo sugerido pela peça, ele reforça o carácter opressivo das relações humanas retratadas no texto e acentua a sua universalidade.

Nesta sua segunda e última temporada em Coimbra, “O Abajur Lilás” está em cena de quinta a sábado às 21h30 e aos domingos às 19h00, com bilhetes entre os 5 e os 10 Euros.

De quinta a sábado, os espectadores voltam a poder usufruir da campanha “Jantar+Teatro”, uma iniciativa d’A Escola da Noite e do Restaurante O Pátio. Por 13 ou 18 Euros, é possível jantar e assistir a um ou aos dois espectáculos, respectivamente.

teatro

Santíssima Apunhalada

de Antonio Onetti

A Escola da Noite

21 de junho a 1 de Julho

quinta a domingo, 19h00

M/12 > 30′ > 5 Euros

teatro

O Abajur Lilás

de Plínio Marcos

A Escola da Noite / CENDREV

21 de Junho a 1 de Julho

quinta a sábado, 21h30 > domingos, 16h00

M/16 > 1h40 com intervalo > 5 a 10,00

informações e reservas:

239 718 238 / 966 302 488 / geral@aescoladanoite.pt

O abajur que a revolta partiu

Quinta-feira, Maio 24th, 2012

Maria João Robalo em "O Abajur Lilás" (foto: Paulo Nuno Silva)

Três prostitutas e um proprietário que abusa do poder. A tentativa de revolta e um abajur partido. Sobem ao palco do Teatro da Cerca de São Bernardo os poderes ilegítimos que Plínio Marcos descreveu em 1969 e de que a sociedade actual parece não conseguir livrar-se.

 

O artigo de Carolina Varela para a Via Latina, com depoimentos de António Augusto Barros, José Russo e de alguns espectadores pode ser lido na íntegra aqui.

O espectáculo pode ser visto até domingo, no TCSB.

 

Barros sobre Plínio Marcos: “veio trazer a voz a quem não a tinha”

Sexta-feira, Maio 11th, 2012

“A denúncia cruel que a arte pode fazer é importante nos tempos que correm… [O facto] de as pessoas serem chutadas fora, serem trocadas, serem convertidas em objectos (…) é bem uma marca dos nossos tempos.”

António Augusto Barros, encenador de “O Abajur Lilás”.

Coimbra, TCSB, 16 a 27 de Maio.

Não perca!

uma pequenina verdade

Sexta-feira, Maio 11th, 2012

Antonio Onetti, com Fernando Matos Oliveira e António Augusto Barros, na V Jornada de Dramaturgia Espanhola Contemporânea (FLUC, Setembro de 2011)

O realismo não é uma questão de forma. Tem a ver com contar os sentimentos e a verdade de seres humanos e com tentar passar para o palco o teu discurso sobre a realidade. E com seres capazes de colocar perante os espectadores qualquer coisa verdadeiramente reveladora para eles. Dás-lhes essa pequena verdade (…). Eu acredito nisso, acho que de facto o teatro é isso; mesmo que só consigas apanhar uma pequenina verdade e a ponhas em cena, eu com isso já tenho que chegue. Porque não vais ter a verdade do mundo; mas o facto de ofereceres ao espectador uma pequena verdade que é a tua, e de ele se poder confrontar com isso, já o faz crescer.

Antonio Onetti, entrevista à revista Artistas Unidos, 14, Novembro de 2005

 

“Santíssima Apunhalada” estreia no dia 22 e será apresentado em horário alternativo (sempre às 19h00) até 27 de Maio.