Começa esta segunda-feira em Coimbra, no Teatro da Cerca de São Bernardo, o Périplo Cinematográfico Romeno. Ao longo de quatro semanas, o público da cidade pode ver e debater algumas das mais marcantes longas metragens da nova geração de realizadores da Roménia. A iniciativa, que inclui também um workshop, é uma parceria entre o Instituto Cultural Romeno, A Escola da Noite / TCSB e o FilaK Cineclube.

O primeiro dos filmes a ser apresentado é “4 meses, 3 semanas e 2 dias”, de Cristian Mungiu. Premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes e considerado o melhor filme estrangeiro do mesmo ano por várias publicações especializadas norte-americanas (para além de várias outras distinções), o filme oferece um retrato impiedoso de um país amordaçado, a partir de uma experiência de vida pessoal. Nos últimos anos do regime de Ceausescu, uma estudante universitária engravida e pretende fazer um aborto. Por ser ilegal, é obrigada a fazê-lo na clandestinidade e a manter as aparências numa sociedade em que a vontade individual, em particular a das mulheres, não é valorizada.
Após a sessão, o filme será comentado por Laurentiu Damian (cineasta e professor universitário romeno que dirige o workshop no dia 13 de Setembro) e por Adriana Bebiano, investigadora do Centro de Estudos Sociais e co-coordenadora dos programas de Mestrado e de Doutoramento  em Estudos Feministas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A entrada é livre, como em todas as sessões do ciclo.
Para as três semanas seguintes estão agendados os filmes “Como é que passei o fim do mundo”, de Catalin Mitulescu (legendado em inglês), “12:08 a Este de Bucareste”, de Corneliu Porumboiu, e “Histórias da Idade de Ouro”, um filme colectivo em seis episódios, realizados por Cristian Mungiu, Ioana Uricaru, Hanno Hofer, Razvan Marculescu e Constantin Popescu. Em comum, têm o facto de abordarem as principais tendências da sociedade romena durante a ditadura de Nicolai Ceausescu (1965-1989): a construção do “homem-novo”, o partido-Estado numa nova sociedade igualitária, marcada pela desvalorização, a subalternidade e a “não-existência”. O encontro com o aparelho repressivo do Estado, o controle da sexualidade feminina, a imaginação como fuga, a responsabilidade individual assumida nos momentos cruciais da revolução e a formação de uma memória colectiva sobre “o que foi” são apenas algumas das reflexões propostas por esta selecção, feita pelas investigadoras radicadas em Coimbra Iolanda Vasile e Mihaela Mihai.

Périplo Cinematográfico Romeno
Coimbra, 12 de Setembro a 3 de Outubro de 2011
PROGRAMA COMPLETO

FILMES
4 meses, 3 semanas e 2 dias
(2007, Cristian Mungiu)
comentadores: Laurentiu Damian e Adriana Bebiano
12 de Setembro, segunda-feira, 21h30
TCSB, entrada livre

Como é que passei o fim do mundo
(2006, Catalin Mitulescu)
[legendado em inglês]
comentadores: Laurentiu Damian e Júlia Garraio
19 de Setembro, segunda-feira, 21h30
TCSB, entrada livre

12:08 A Este de Bucareste
(2006, Corneliu Porumboiu)
comentadores: Miguel Cardina e Maria Paula Meneses
26 de Setembro, segunda-feira, 21h30
TCSB, entrada livre

Histórias da Idade de Ouro
(2009, colectivo)
comentador: Bruno Sena Martins
3 de Outubro, segunda-feira, 21h30
TCSB, entrada livre

WORKSHOP
O Conceito do Jovem Cinema Romeno
Prof. Dr. Laurentiu Damian
Interlocutores: Virgil Mihaiu & Angelo Mitchievici
13 de Setembro, terça-feira, 17h30
Casa das Artes da Fundação Bissaya Barreto, 83, Coimbra (Fila K)

informações e reservas
239 718 238 > 966 302 488 > geral@aescoladanoite.pt