mayorga: que extraordinária invenção nos deixaram os gregos

 

Juan Mayorga (foto: www.cinemavvenire.it)

O teatro é uma arte política e é-o, pelo menos, num triplo sentido. Por um lado, é uma arte política porque convoca a polis, faz assembleia. Hoje em dia não há muitas razões para nos reunirmos e o teatro é uma das melhores, já que permite uma recepção colectiva do espectáculo. Que extraordinária invenção nos deixaram os gregos: uma arte na qual os cidadãos põem de pé umas ficções que permitem a outros reflectir sobre as suas próprias vidas, sobre o que vivem ou sobre o que gostariam de viver. Segundo: o teatro é uma arte política porque é uma arte de autoria colectiva. Isso implica que as ilusões e as desilusões que representa sejam partilhadas e isso parece-me também formidável. E em terceiro lugar: é uma arte política porque é, por antonomásia, a arte da crítica e da utopia, a arte por excelência para representar o que há e o que poderia haver. Reivindico o carácter político do teatro face a um carácter partidarista que não me interessa, porque creio que o partidarismo tende ao maniqueísmo, à simplificação, e a nossa missão é precisamente a de apresentar o complexo como complexo.

 

Juan Mayorga (aqui em entrevista à revista Pausa) é o convidado da VI Jornada de Dramaturgia Espanhola Contemporânea.

Terça-feira às 14h00 na FLUC e quarta-feira às 18h00 no TCSB. Não perca!

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